Este post é uma crítica. Uma crítica à sociedade, à frieza do ser humano. Uma crítica a mim mesma.
Ouvimos todos os dias falar de morte. Dez mortos ali, cinquenta mortos acolá. Quanto mais longe acontecem essas mortes, menos nos afectam. A morte tornou-se banal. Tornou-se normal ouvir falar em centenas de mortos na Síria, no Iraque, em países que atravessam crises. Se fosse aqui em lado, em Espanha ou em França, mexia mais connosco. Mas lá longe, parece que nem aconteceu. Isto é um facto, estuda-se em comunicação, aquilo que acontece mais próximo de nós, mexe mais connosco. É natural, não vale a pena ser negado.
Dou por mim a pensar nos 100 mortos na Ucrânia e a sentir-me mal por não conseguir dar-lhes mais valor. Ou melhor dizendo, valor dou, tento saber, procuro, investigo. Mas depois acabo por não pensar muito nisso. Se fosse aqui ao lado, se morressem duas pessoas, ficaria chocada. Mas lá longe, na Ucrânia, parece tão distante, tão longe, tão afastado de mim... Sinto-me mal. A sociedade a isto nos conduziu. Uma espécie de passividade em relação às coisas que não nos afectam tão directamente. Não deveria ser assim. Um ser humano é um ser humano, um bem precioso, que deve ser sempre defendido, protegido, acarinhado. Seja aqui, na Ucrânia ou na China.
Por isso, façamos um esforço. Vamos fazer um esforço para perceber que a luta daquelas pessoas também é a nossa luta. Porque é. No fundo, no final das contas, é uma luta comum a todos. Queremos direitos. Queremos respeito. Queremos que o Governo nos proteja. Queremos uma vida boa, calma, com emprego. Queremos a nossa família feliz. As preocupações acabam por ser comuns a todos.
Vamos ser mais Humanos.
Infelizmente o mundo caminha para pior! Cada vez fico mais triste pelo que vemos todos os dias na tv, na net nos jornais, prefiro não ver .. Não por não querer saber, mas porque desde que fui mae me custa profundamente pensar nisto! Chego ate a chorar com certas coisas que vejo! Quero um mundo melhor para nós, um mundo melhor para a minha Clarinha!
ResponderEliminarJá havia pensado sobre o mesmo, ainda por cima tenho uma comunidade Ucraniana por perto, dá para perceber bem o sofrimento pelo qual passam
ResponderEliminarTens toda a razão. E eu tomo essa crítica para mim também! Como se as fronteiras desenhadas entre os países ou os quilómetros que os distanciam nos tornassem menos irmãos...
ResponderEliminarPor acaso para mim a Ucrânia é aqui ao lado, afinal de contas é na Europa, é um país que considero civilizado e com uma cultura não tão diferente, conheço varias pessoas de lá e talvez por isso o considere mais próximo, e confesso que não ainda não percebi bem como é que um protesto se tornou numa batalha campal em tão pouco tempo mesmo aqui ao lado, bem perceber até percebo só não vejo é a necessidade de ser preciso chegar a centenas de mortos para quem pode mexer finalmente o rabo e tentar evitar que pior ainda mais...
ResponderEliminarÉ tão verdade! Muitas vezes a culpa é dos MEDIA que levam ao extremo as coisas ao exagero que fazem com que as pessoas se "habituem" e cada vez se choquem menos com as coisas, cada vez sintam menos, cada vez sejam menos Humanos. É triste, mas é real.
ResponderEliminarNunca tinha visto as coisas nesta perspectiva, mas pensando bem, ainda ontem esse foi o meu pensamento, quando ouvi a noticia da violência na Ucrânia, 'se fosse cá era bem pior', foi o que me ocorreu naquele momento... Agora, ao ler o teu texto, tenho vergonha do que pensei...
ResponderEliminarAcho que tens toda a razão. Chegou um momento em que a morte ficou banal e, por mais que tentemos, não conseguimos valorá-la mais.
ResponderEliminarVamos todos esforçar-nos por tentar vestir a pele do outro e lutar no seu lugar :D
Beijinhos*
É simplesmente assustador o cenário na Ucrânia...
ResponderEliminarBom conselho.
ResponderEliminarwww.prontaevestida.com
Estou contigo.
ResponderEliminarQuando ouço estas noticias até me arrepio, e penso...estamos tão longe.
A humanidade tem tanto para dar mas ao mesmo tempo é tão destrutiva. É de lamentar.
Mas nunca foi assim e nunca vai ser assim, infelizmente. Há quem tenha fé em Deus, outros na Humanidade, eu não tenho fé nem numa coisa nem noutra. É muito triste, mas o mundo nunca esteve e nunca estará feito em moldes de justiça e igualdade para todos; o mundo pertence a alguns poucos, os outros são meros peões de brega, mera carne para canhão.
ResponderEliminarCabe a cada um de nós fazer o que pode para atenuar este estado de coisas.
xx
Será que começamos a viver o fenômeno da desumanizacao? Quero pensar que não.
ResponderEliminarnas notícias quase nunca são boas! mortes aqui e acolá, fulano matou cicrano, etc... Chegamos ao ponto de ouvir a palavra 'Morte' que já não nos afecta...
ResponderEliminarTemos a noção do quanto "ligamos pouco" até pela forma como a comunicação social dá as noticias. Se dizem que morreram 300 pessoas no Turquistão não ligamos muito, mas basta dizer que morreram 300 turquistanezes e um luso-turquistanez que já é importante. Tem a ver com a proximidade. Só "ouvimos" o que nos é próximo e isso é perigoso. Mas sim somos assim, e eu contra mim falo... Está lá longe, não nos afeta! E isso é aquilo que deveriamos combater! Está longe, mas amanha pode estar entre portas!
ResponderEliminarCompreendo o que dizes mas não penso que a sociedade nos tenha conduzido a isto. Na verdade, em tempos idos, a vida humana tinha muito menos valor do que tem actualmente. As sociedades modernas atribuem um valor à vida como nunca antes se atribuiu (veja-se o exemplo de há 50 anos ser "normal" uma mulher parir 10 crianças porque já sabia que iriam morrer umas poucas).
ResponderEliminarA verdade é que evoluímos socialmente e, essa evolução, agregada às quantidades enormes de informação que temos, traduz-se num sentimento de alguma impotência perante certas tragédias bem como a um certo alívio por estas estarem longe de nós e dos que nos são queridos.
Sim, claramente. Mas o facto de a morte se ter tornado banal, com tanta guerra, tanta tragédia, terá aumentado esta passividade... penso eu de que.
EliminarSempre foi assim. Nós é que somos uns sortudos porque nascemos em tempo de tréguas (a geração dos anos setenta), porque os meus pais viveram em tempo de guerra (ultramar), os meus avós também (só como exemplo, a guerra civil espanhola). E quanto mais recuamos no tempo, pior é o cenário. Não, nós tivemos a sorte de nascer num período de paz (relativa) e num local com acesso a cuidados de saúde, educação e não sentimos a fome (eu não senti) de que os meus pais sempre me falaram (a tal da sardinha dividida por quatro pessoas). Isto só me leva a concluir que sempre assim será. E o que faz com que as coisas não sejam piores é o atrito (bom atrito) que as organizações humanitárias vai criando e aquilo que cada um de nós vai fazendo, mesmo assim...
EliminarNão poderia concordar mais.
ResponderEliminarUm beijinho grande,
Blooming Flowers in July.
Não acho que o mundo está pior, sempre foi assim, o que acontece é que hoje com os meios de comunicação ficamos sabendo de imediato das barbaridades que sempre existiram. É só dar uma olhadinha na história: inquisição, escravidão, bomba atômica etc, tudo continua igual.
ResponderEliminarAcho natural nos impactarmos mais com o que acontece com as pessoas mais próximas a nós. Mas quando morre muita gente em um determinado lugar eu fico chocada. Os estudantes que morreram em Portugal no mês de Dezembro me entristeceu. Fiquei a imaginar as famílias. Morte em determinadas épocas do ano me parecem mais drásticas, como no mês de Dezembro.
ResponderEliminarTens toda a razão
ResponderEliminarSónia
Taras e Manias
Concordo tanto...
ResponderEliminarFico sempre a pensar e se fosse eu que lá estivesse, compreendo a situação na Ucrânia, não aceito as mortes mas aceito que lutem por direitos tão simples, e não entendo como podem querer parte do povo voltar para a Rússia...não comento mais apenas respeito..
ResponderEliminarBeijinhos
S*, isso é o normal e diria mesmo o mais saudável. Há coisas que mexem mais connosco e outras menos, só isso nos permite aligeirar a coisa e viver a nossa própria vida. Todos os dias há mortes (não de causa natural) no mundo. Mortes trágicas, inesperadas, injustas, violentas, brutais, mortes de homens, mulheres, grávidas, crianças, idosos, de todas as formas possiveis e imaginaveis (ou inimaginaveis). Se passarmos o dia em sofrimento profundo pela desgraca alheia, o que vai ser de nós? Mais valia cortar ja os pulsos!
ResponderEliminarConcordo absolutamente. Mas sinto-me mal por não ficar triste... :/
EliminarPor acaso não concordo contigo. O caso particular do Ucrânia assusta-me e não é pouco, e não o me parece tão distante quanto isso.
ResponderEliminarMas acho que a nossa felicidade depende de sermos um bocadinho egoístas. Não egoístas no sentido e não ajudar quando e como podemos, nunca, mas egoístas na medida em que todos os dias, em todo o mundo, há gente a sofrer com os mais variados problemas. Se tu os viveres a todos como se fossem teus, também tu não vais conseguir ser feliz. É um discurso um pouco frio, eu sei, e é mais fácil falar do que agir em conformidade mas, racionalmente, é mesmo o que penso.
É bem verdade, por acaso estou a escrever um post sobre isso exactamente, mas com um contorno mais sobre RI, não dá para fugir :)
ResponderEliminarUma pena a civilização humana está tão perdida, tão entregue a instintos animais.
Não me choco com mortes com assassinatos. Mas estas mortes, que são mortes de desgraçados que querem aquilo que lhes é devido, (raio dos extremistas que têm atiçado feiamente as manifestações que eram pacíficas) fico chocada e triste. Felizmente que não é cá, mas toda a morte em prol de um direito tão básico e humano deixa-me profundamente chocada (seja onde longe ou perto)
ResponderEliminarMesmo. Mata-se e morre-se por "dá cá aquela palha". É notícia, temos pena mas não ligamos muito. Torna-se banal...
ResponderEliminarConcordo que há muita passividade e muita desgraça à nossa volta que às vezes não valorizamos. No entanto discordo que seja necessariamente errado. Se formos valorizar toda a desgraça alheia vamos ter uma vida miserável. Por isso, temos que nos abstrair um pouco das desgraças que nos rodeiam, sob pena de andarmos todos os dias cabisbaixos com os mal alheio. Sim, ser um pouco egoísta. Mas isto, é a minha opinião, não pretendo mudar perspectivas. Acho que devemos ser solidários e ser bons para com os que nos rodeiam, mudar a parte do mundo que nos cabe mudar, sem "pessoalizar" excessivamente o mal alheio.
ResponderEliminarAcho que o problema é que a mediatização deste tipo de notícias, involuntariamente, acabam por ter o efeito perverso de as banalizar. Todos os dias entram pelo novo televisor notícias de mortes, acidentes, confrontos... Não sei se será suficiente para justificar o que queres dizer, mas acho que acabamos por ganhar uma certa "imunidade", sentimento de afastamento. Digo isto porque partilho desse sentimento. De qualquer forma, as imagens que nos têm chegado da Ucrânia são mais do que suficiente para nos humanizar. Um verdadeiro terror!
ResponderEliminarA Ucrania lutou pela democracia, tal como Portugal já o fez há 40 anos atrás. Morreu unicamente quem teve a audácia de ir à praça manifestar-se. Na periferia e no restante país, viveu-se a vida normal.
ResponderEliminarJá em África morrem diáriamente crianças subnutridas. Na China, Tailandia, India... milhares de crianças fazem sapatos, bolas de futubol, sapatilhas, roupas variadas, brinquedos, etc. tudo de grandes marcas reconhecidas e com fortes spots publicitários nos media e a malta só se lembra destas crianças pelo natal, quando hipermercados ganham milhões à custa do peso da consciência de muita que, durante o resto do ano mete toneladas de comida ao lixo, vive concentrado no próprio umbigo, a criticar o vizinho do lado, a fazer de conta que não vê o sem abrigo que deambula na rua, a calar os filhos com os ultimos gadegts do mercado para poderem ler o jornal ou verem a novela em paz.
Já agora, sabe quantas crianças Sirias estão neste momento refugiadas em campos de concentração, privadas de medicamentos e de irem à escola? - Destes pouco ou nada se fala... porque será?!