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Do individualismo

A propósito do texto anterior, algumas pessoas falaram do facto de a felicidade não passar obrigatoriamente por ter um parceiro e criar filhos. Há gente que não tem essa ambição de vida... Ou até tem, mas nunca acontece... E a felicidade encontra-se noutros caminhos.

Isto leva-me a partilhar que cada vez mais estou mais convicta de que sou Mãe de um filho só. Nunca senti particular apelo pela maternidade. No entanto, vivi uma relação estável durante uma década e, a dada altura, fez todo o sentido lutarmos para ser pais. Para nós, foi realmente uma luta, com tratamentos de fertilidade pelo meio. Passei a querer muito ser mãe e, hoje em dia, o meu/nosso filho é obviamente a prioridade de todas as prioridades. No entanto, continuo a sentir que seria igualmente feliz se a vida me levasse noutras direcções e não tivesse filhos. Não quero ter mais nenhum filho e até já dei por mim a pensar "não posso arranjar alguém sem filhos, pois não gostaria de privar a outra pessoa de filhos, se essa fosse a sua vontade... mesmo não sendo a minha"

À minha maneira, talvez seja também individualista. Gosto muito de trabalhar e não consigo achar qualquer graça ao teletrabalho porque sinto muito a minha falta, do meu espaço, do meu tempo, dos meus companheiros de gabinete. Sou mãe e amo sê-lo, mas não me sentiria na disposição de voltar a passar pelas noites sem dormir e pelas "limitações" inerentes a ter um bebé em casa. Também gosto da ideia de voltar a ter uma relação séria, mas sinto que, cada vez mais, tem de ser "à minha maneira".

E está tudo bem. É tudo válido. Cada pessoa deveria lutar por encontrar a sua própria felicidade, sem julgamentos ou sem apontar o dedo ao outros.  

Comentários

  1. As melhores mães são as que não resumem a vida à maternidade...

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    1. Eu admiro essas mulheres que mesmo sendo mães não se esquecem que continuam sendo mulheres.
      Muitas delas a partir do momento que são mães esquecem-se delas e o ÚNICO foco é o filho.
      Até entendo que os primeiros tempos são complicados, mas… nem tanto ao mar nem tanto a terra!

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  2. Fui uma das pessoas que comentou o post anterior.
    Concordo contigo, a felicidade existe de várias maneiras, cada qual com as suas ambições/sonhos.
    Está tudo certo.
    Aliás, acredito que há pessoas que vem ao Mundo com o firme propósito de procriar, assim como há quem venha com o propósito de não passar pela maternidade/paternidade.

    Eu nunca quis ser mãe, nunca senti esse apelo e o relógio biológico nunca “tocou”.
    O facto de eu não pensar em ter filhos não significa que não goste de crianças e não significa que seja contra quem quer, por exemplo, casar e ter filhos.
    Vive e deixa viver!

    Só chateia o facto de muitas pessoas colocarem rótulos em tudo e todos.
    Se uma mulher/homem não querem ter filhos porque acham que essas pessoas são menos mulheres/homens por isso?
    Tenho menos valor enquanto ser humano por decidir a minha vida de modo a vivê-la da forma que faz sentido para mim?!
    Infelizmente este é o pensamento retrógrado de muita gente.
    Se não tens filhos “ah e tal solidão, insatisfação, já está na hora, blablablá”…

    Se quem opta por não casar e ter filhos respeita quem quer ter.
    Porque motivo o inverso não acontece?!

    Eu realmente não me vejo a passar por noites mal dormidas, a não puder decidir os meus dias sem preocupação com filhos.
    Não me vejo a querer viajar e ter de marcar tudo com antecedência ou não puder pegar na mochila e “bora lá”.
    Não me vejo a ir todos os dias levar os miúdos à escola e ao fim do dia ainda ter estofo para brincadeiras, banhos, birras, etc. e deixar parte dos meus verdadeiros sonhos e desejos.

    Se um dia isso mudar… imagina que de repente sentia o apelo de ser mãe (não me parece, mas…) se assim fosse, óptimo, muito bem, desde que seja essa a minha vontade.
    Neste momento não é e sou totalmente
    feliz, Mulher, responsável e realizada.
    Também não entendo a ideia de “tenho que ter filhos porque já estou na idade X”.

    What?!
    Muita gente nem se questiona se tem estabilidade, se tem vida para educar e dar o melhor possível aos filhos, se tem uma relação estável.
    Para muitos, o que importa é cumprir o sonho só porque “já está na idade”!!!
    Obviamente nem toda a gente é assim, mas todos conhecemos quem seja… irresponsável (com filhos).
    Colocar um filho ao mundo sem o mínimo de estabilidade, jamais!

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    1. 👏🏻👏🏻👏🏻

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    2. Houve uma senhora que um dia me disse que eu era egoísta por não querer ter filhos!!!

      Ora, eu disse-lhe que mais egoísta era ela por ter filhos e por se ter colocado na posição
      de alguém que nunca consegue uma vida realmente estável, nem consegue dar a educação cuidada que todos os filhos merecem por igual.

      Portanto, é isto…

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    3. Qualquer coisa que seja opinar sobre a vida alheia, não faz qualquer sentido. Cada um é que sabe se lhe faz sentido ter marido/mulher, filhos, etc. Ninguém é egoísta por ter "só" um ou por não ter nenhum.

      A questão da idade tem algum peso apenas na questão de a pessoa poder ter alguma dificuldade em engravidar e se deixar "para tarde" as hipóteses de isso acontecer vão diminuindo, bem como se quiser ponderar ter mais que um filho e depois o já se ter alguma idade quando os filhos forem mais velhos. Falo por mim, sou filha única, estou nos 30s e os meus pais tiveram-me quando já tinham quase 40 anos, por isso agora já estão nos 70s. Nunca senti esse peso da idade quando era mais nova, sempre fizeram tudo comigo, sempre me levaram com eles a viajar, etc. Mas agora já têm idade, maleitas de saúde sérias, algumas limitações, idade de risco para covid, etc... sei que posso já não os ter por muitos mais anos e ainda sou bastante nova (e tenho uma filha de 3 anos, adorava que eles vissem a neta crescer). Fui mãe aos 31 e penso que foi uma boa decisão porque dá-me alguma margem agora para ponderar se teremos um 2o filho e se envelhecer bem ainda a posso acompanhar muitos anos. Agora que já passei por aqueles primeiros anos mais difíceis (dormir mal, ter de estar 100% disponível, birras, etc) percebo que não há motivo para adiar e esperar o momento "ideal". Não há momento "ideal", esse impacto inicial vai custar imenso a todos, se o queremos fazer temos de avançar e pronto. Reunidas as condições emocionais e financeiras para tal, claro.

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    4. Entendo o que diz, mas recuso-me a viver tão preocupada com a questão das idades dos pais, dos filhos, dos avós.

      Tenho uma avó com 92 que está óptima, independente, mora sozinha, faz tudo.

      Uma mãe nos 60 e um pai a caminho dos 70.
      Não vou ter segundos filhos só porque eles tem as idades que referi. Todos eles fazem tudo com os netos.

      Conheço quem tenha sido mãe cedo assim como mais tarde nos 30 e muitos ou já 40.
      Cada vez é mais comum mais tarde, aliás.

      Concluindo, somos mesmo muitos e cada cabeça sua sentença.
      Tento viver o presente porque viver no futuro excessivamente, não me parece muito saudável.

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    5. Não é uma questão de futuro, é já o meu presente os meus pais terem 70 e poucos e vários problemas de saúde/incapacidades. Os meus sogros têm 10 anos a menos e às vezes penso "se os meus me tivessem tido nessa idade, eu só passaria por isto já nos 40s, já com uma filha mais velha", etc.

      Claro que também já tive uma familiar que foi mãe nova e faleceu com cancro com 40 anos. nunca podemos prever essas coisas e se vamos envelhecer e bem.

      Mas, dito isto, se a pessoa sabe que quer ser mãe/pai e tem reunidas as condições necessárias, não vejo vantagem em esperar e sê-lo tarde. Agora que já sou mãe penso que poderia perfeitamente tê-lo sido uns 3 anos antes e assim se calhar até iria a um 2o ou 3o filhos.

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    6. Acho que tudo vem no tempo que, por qualquer razão, tem que vir.
      Ou por sua vez, quando não é para ser não é!
      Como já foi dito, cada caso é um caso.
      Mas entendo a sua perspectiva também, conforme referi anteriormente. :)

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  3. Então foste a Vigo e tiraste uma foto dum carrossel???

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    1. 🙄 Que quer que lhe responda? Tiraram-me a fotografia, gostei dela. Nada a acrescentar.

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  4. O teu último parágrafo disse tudo. Está mesmo tudo bem. Gosto muito de te ler. És genuína. Um beijinho

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  5. somos todos diferentes, há quem sonhe desde pequenino com um vestido de noiva e barrigas de bebés, há quem não sinta esse apelo... e está tudo bem
    também sou mãe de um filho só, de uma relação que não funcionou
    também nunca senti o apelo da maternidade e acredito na felicidade por outros caminhos
    refiz a vida com um homem sem filhos... e continua tudo bem (desde que as coisas sejam conversadas e as vontades respeitadas)

    agora, uma coisa é certa: quanto mais tempo sozinha, mais selectiva irá ficar (mas continua tudo bem)

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    1. ser selectiva nem sempre é mau.. faz-me muito mais confusão quem não tem filtro de seleção natural e tudo o que vem a rede é peixe. 🙄

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    2. Sem dúvida alguma. A selectividade poupa-nos de muita coisa...

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    3. Sem querer ofender, vou lançar uma discussão baseada no termo que a "eu e os rapazes" usou.
      "Refiz a minha vida com um homem sem filhos". Algo que se diz de forma muito recorrente, mesmo sem maldade, e eu acho horrível.
      Muitas vezes me perguntaram isso ao longo dos anos "não refizeste a vida?" só por estar sozinha, como se fosse preciso um homem para ter uma vida refeita e sem ele essa mesma vida está desfeita.
      Houve quem me dissesse mesmo "não tiveste sorte, não refizeste a vida" pormenor, tinha uns 32 anos na altura, ou seja era muito velha... já nem podia arranjar ninguém. E isso era motivo de ter azar e ser coitadinha, porque, lá está, a minha vida estava desfeita.
      Já agora e só para contextualizar, agora tenho 39 anos, continuo sem companheiro, fiquei muito exigente com a má experiência que tive com o pai do meu filho, e, pasme-se, sou muito feliz assim! Não aceito ficar com uma pessoa só para não estar sozinha.

      Ana Maria

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    4. O problema é sempre o mesmo.
      Todos tem que viver de igual modo ou semelhante, isto na cabeça de muita gente.
      Como se tivéssemos que estar sempre numa relação amorosa, caso contrário somos infelizes.
      Depois há ainda aqueles que mantém relações de aparência onde aparentemente são um casal feliz mas na verdade é só fachada para ficar bem na fotografia, para a sociedade.
      Isto para mim é só falta de visão sufocante.
      Bela forma de desperdiçar a vida..
      Passa tão rápido.. temos é que viver felizes sozinhos ou acompanhandos e sem pressões e comentários ocos de quem acha que apenas existe uma fórmula de felicidade, quando na verdade são infinitas as possibilidades.

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    5. Pura verdade. A vida não se repete. Não teremos nova oportunidade de construir a nossa felicidade, pelo que tudo o que não nos acrescente... não nos faz falta.

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  6. Casada, solteira, divorciada...a tua vida e as tuas rotinas são sempre as mesmas

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    1. E então? Cada um com a sua vida. Cuide da sua ao invés de se focar nas rotinas dos outros!

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