Ontem, a imprensa internacional foi muito marcada por duas penas de morte. Um branco que matou um preto e um preto que matou um branco. Crimes alegadamente racistas... apesar de eu achar que lá porque há mistura de raças, não é certo que se trata de racismo.
Mas não é isso que me assusta (apesar de também me assustar a ideia de as pessoas se matarem por causa da raça). Um dos condenados à morte, antes de morrer, reiterou inocência.
"Já deitado na maca onde foi executado, o norte-americano ergueu a cabeça e olhou directamente nos olhos a família do polícia morto em 1989, por cuja morte foi condenado e executado, depois de passar 20 anos no corredor da morte.
'Quero falar com a família MacPhail. Não fui responsável pelo que aconteceu naquela noite. Não tinha uma arma. Não fui eu que tirei a vida ao vosso pai, filho e irmão', disse Troy Davis, dirigindo-se à viúva, filhos do casal e mãe do polícia, todos presentes na execução".
E continua...
"Minutos depois foi-lhe administrada uma injecção letal. Foi pronunciado morto às 23.08 (04.08, hora de Portugal continental). Com a morte de Troy Davis, não morre o caso, eivado de dúvidas (ok, eu traduzo, contaminado por dúvidas*), e ganha novo fôlego, a luta contra a pena de morte nos EUA e no Mundo, que acompanhou o caso de forma intensa."
JN
Apesar do caso estar marcado por dúvidas, mataram-no na mesma. Sou só eu a achar isto totalmente impensável?
* Mas quem raio se lembrou desta palavra? Não se usa em jornalismo.
Mas não é isso que me assusta (apesar de também me assustar a ideia de as pessoas se matarem por causa da raça). Um dos condenados à morte, antes de morrer, reiterou inocência.
"Já deitado na maca onde foi executado, o norte-americano ergueu a cabeça e olhou directamente nos olhos a família do polícia morto em 1989, por cuja morte foi condenado e executado, depois de passar 20 anos no corredor da morte.
'Quero falar com a família MacPhail. Não fui responsável pelo que aconteceu naquela noite. Não tinha uma arma. Não fui eu que tirei a vida ao vosso pai, filho e irmão', disse Troy Davis, dirigindo-se à viúva, filhos do casal e mãe do polícia, todos presentes na execução".
E continua...
"Minutos depois foi-lhe administrada uma injecção letal. Foi pronunciado morto às 23.08 (04.08, hora de Portugal continental). Com a morte de Troy Davis, não morre o caso, eivado de dúvidas (ok, eu traduzo, contaminado por dúvidas*), e ganha novo fôlego, a luta contra a pena de morte nos EUA e no Mundo, que acompanhou o caso de forma intensa."
JN
Apesar do caso estar marcado por dúvidas, mataram-no na mesma. Sou só eu a achar isto totalmente impensável?
* Mas quem raio se lembrou desta palavra? Não se usa em jornalismo.
Eu li há pouco a notícia da execução e fiquei com a mesma sensação estranha.
ResponderEliminarEu não sou nem a favor nem contra a pena de morte com aqueles argumentos tradicionais. Uma pessoa que tira a vida a alguém merecerá um castigo exemplar mas não sei se morrer depois de estar no corredor da morte será pior do que permanecer a vida inteira numa prisão.
Mas o que assusta é mesmo a irreversibilidade da pena. E é certo que uma pessoa que mata alguém poderá ter a pouca honestidade de continuar a mentir, mas também pode não estar a mentir.
É uma questão muito ambígua mesmo. E para quem tem um pingo de saúde emocional é complicado não se deixar influenciar por descrições como esta, dos últimos momentos da vida desta pessoa, pensando que ele poderia estar a falar realmente verdade.
Eu não concordo com a pena de morte. Ninguém tem o direito de tirar a vida a outro ser humano. Neste caso então, acho que é uma injustiça, uma vez que não é certo que o individuo seja culpado.
ResponderEliminaro sistema de justiça amaricano é uma treta.
ResponderEliminarcomeça logo pela forma como todo o processo é conduzido.
cada parte fica com a responsabilidade de trazer para o processo aquilo que dá jeito, logo, começa-se com um inquérito totalmente deturpado, pois a parte que quer acusar vai tentar tudo por tudo para ter lenha para a fogueira.
fica na responsabilidade do arguido arranjar provas que contrariem as outras provas.
o contraditório é feito de forma muito estranha.
depois, são 12 artistas que nada percebem de justiça, que vão decidir se o arguido é culpado ou inocente.
mais do que as provas apresentadas, a forma como se convence aqueles 12 cromos é que de facto interessa, o que nos leva a perceber que facilmente a justiça é influenciada, basta num julgamento de um negro, o júri ser todo branco, para meia decisão estar tomada.
quanto às condenações, é curioso ver que alguns estados que aplicam a pena capital, não mais fazem que se recusar a não aceitar a evolução do direito penal, que antigamente aplicava a lei de Talião (teoria retribuitva) em relação àquilo que hoje internacionalmente se tenta fazer que é a ressociabilização do arguido.
vendo que aquele país é dividido em estados, que cada estado faz e decide como quer e bem apetece as injustiças são mais que muitas.
american way. Eu acho que todos os condenados deveriam trabalhar para o Estado, em obras públicas, etc., enquanto cumprem a pena. Com o avanço técnico (adn, etc.) muitos casos seriam revistos e a verdade reposta.
ResponderEliminarOlha, li a mesma noticia no JN hoje de manha. Se não te importas, vou referenciar o teu texto e comentá-lo no meu blog, e vai ser um comentário grandalhão xD
ResponderEliminarFaz-me confusão que se faça a alguém aquilo pelo qual essa pessoa é condenada. É brincar aos deuses.
ResponderEliminarAcho que o sistema que temos não será o melhor. Meter a bandidagem toda junta, não sei até que ponto será muito inteligente e acho até que deveriam ser úteis à sociedade, mas isso são outras cantigas.
Já me argumentaram inúmeras vezes que se a pessoa condenada à morte tivesse assassinado alguém que me era querido, talvez eu pensasse de outra forma. Não acredito, mas talvez, não sei e não pretendo saber.
Mas não me parece uma coisa deste século. Ainda para mais nestes casos em que há dúvidas, não entendo. E, o facto, é que muitas serão as vezes em que não há certezas absolutas.
Faz-me lembrar um filme que adorei ver, que segundo o google se chama "The life of David Gale" e que dá que pensar...
Marta: Ninguém têm o direito de tirar a vida a ninguém? É certo, tens muita razão. Mas se uma pessoa quebra essa "lei" e mata outra porque razão havemos de ter pena dela? Cada caso é um caso, mas eu acho que não se deve por de parte a pena de morte porque "ninguém tem o direito de matar ninguém.
ResponderEliminarS*: este caso em particular deixa dúvidas sim. Muitos portugueses dizem que a justiça em portugal devia ser como a dos EUA, eficaz. Mas o que muita gente não sabe é que aquela justiça rápida e eficaz nem sempre é justa. Uma grande contradição nesta frase porque supostamente não deveria haver justiça injusta, mas a verdade é que isso acontece com alguma frequência por lá. E irreversibilidade da pena é algo que os americanos deviam estudar melhor.
Eu sou a favor da pena de morte apenas e quando não há dúvidas.
ResponderEliminarE acho que em Portugal deviam rever COM URGÊNCIA o sistema penal, porque andamos a brincar à Justiça!
Em relação aos crimes supostamente racistas, deixa-me dizer-te que, ao contrário do que se pensa, a multi-racialidade gera racismo e xenofobia. Uma situação emergente na (velha) Europa...
Isto é tão triste!
ResponderEliminarE mesmo que fosse culpado... Temos o direito de pagar com a mesma moeda?
Eu sou contra a pena de morte. Digam o que disserem.
É triste estarmos no século XXI e ainda assistirmos a cenas dessas, pelo menos nessas coisas o nosso país é melhor, fomos um dos primeiros da Europa (julgo eu) a abolir a pena de morte! E tipo, sem terem a certeza mataram-no, se calhar era mesmo inocente mas enfim não é a primeira nem a última que algúem é condenado (com ou sem pena de morte) sem culpa!
ResponderEliminarObama, obama, muito prometes ao mundo!
ResponderEliminarEu não sou a favor da pena de morte... defendo mais rapidamente a prisão perpétua. Mas também não sou contra porque cada caso é um caso e há animais que não fazem falta ao mundo. No entanto, num caso com dúvidas, parece-me ridículo matarem a pessoa. Deixavam-no na prisão eternamente, mas não o matavam.
ResponderEliminarnão só a favor da pena de morte... ninguem tem o direito de tirar a vida
ResponderEliminarEu ouvi isso ao despertar e até julgava que tinha acordado na Idade Média!!
ResponderEliminarDaí eu ser contra a pena de morte, abrindo excepção somente para os políticos, porque esses, só por serem políticos têm a culpa assegurada!
ResponderEliminarPor se ter dúvida as investigações teriam que continuar até se ter a mais absoluta certeza. Mesmo dentro do critério pena de morte é a banalização da vida, já que não se tinha certeza na condenação. Absurdo.
ResponderEliminarSou totalmente contra a pena de morte. Facilmente coloco-me no lugar da viúva, da mãe, dos filhos daquele que foi assassinado, violado torturado e, como ser humano que sou, cheia de defeitos, compreendo o desejo de vingança e o pedido de morte do suspeito. Mas, e se aquele que se matou para vingar um crime, for inocente? Mata-se um inocente apenas para saciar a sede de vingança? Não me parece correcto! Além disso, mesmo assumindo que a pessoa é culpada, será que não tem direito a uma oportunidade? Quantos cometem crimes horríveis e depois se arrependem e procuram viver as suas vidas na tentativa de compensar a sociedade e os lesados?! Sou contra, completamente contra a pena de morte. Os Estados que a mantêm querem ser mais papistas do que o Papa!
ResponderEliminarTal como já foi dito... cada caso é um caso.
ResponderEliminarFiquei chocada agora. Eu sou grande fã dos Keane e o baterista, o Richard, andava muiytas vezes com t-shirts a dizer "I am Troy Davis" e era um dos grandes ativistas pela causa dele. Não há provas nenhumas de que foi ele a matar o polícia e mesmo assim mataram-no :(
ResponderEliminarLi que SETE, SETE pessoas mudaram o seu testemunho. Que um dia diziam que era culpado, no outro dia já era inocente. Mete-me nojo este tipo de justiça.
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