O dia em que ia perdendo o meu mais pequeno

O dia em que o meu Fred ia indo desta para melhor. Não me apetecia estar a escrever sobre isto - ainda estamos meios em choque - mas escrevo sobre tanta merd* sem importância que não podia deixar de escrever sobre isto.

12 horas, mãe pendura roupa na varanda. Figo, Tobias e Fred saem de casa um pedacinho. Vou até lá dentro, arrumo umas coisas e quando volto... "Mãe, onde está o Fred?".

Tobias e Figo estavam na varanda, a apanhar sol. O Fred, de dez meses - o meu príncipe - tinha desaparecido. Salto a varanda, vou para o terraço e ponho-me a espreitar. A minha mãe traz a bola favorita dele e começa a abanar.

Olho para o quintal das casas em frente. Aquele quintal tem um cão branco de porte grande que detesta gatos. Já matou um gato vadio amarelo.

Espreito, espreito e vejo o meu Fred a andar no quintal. Cai-me tudo ao chão. Continuo a olhar para o meu gato e uns metros à frente vejo o cão branco. Entro em pânico. Chamo, chamo e ele nada. Nem para mim olha.

Ele continua na sua investigação no quintal alheio... a aproximar-se cada vez mais do cão. Desato a chorar e de repente o cão começa a correr atrás dele. A um metro de distância do meu menino. Desaparecem do meu campo de visão e entro em histeria.

Silêncio. Uns segundos de silêncio. Já foi, já o matou, penso.

A minha mãe começa a gritar pelo nome da dona do cão e uns segundos depois a senhora aparece. Eu continuava a chorar, histérica. A minha mãe grita comigo e manda-me para casa. Corri para casa. Não conseguia ver aquilo.

A minha irmã salta para o terraço dos vizinhos e pede permissão para saltar para o quintal. O cão vem a correr atrás dela mas felizmente não a morde. Avista o nosso Fred. O gato desata a correr, e ela lá consegue chegar a ele. Ela no meio do cão e do gato. O cão tenta ferrar o meu gato e o meu Fred, a lutar pela vida, desata a arranhar o focinho do cão.

Entretanto eu a chorar histérica na sala. A minha mãe pede-me uma toalha e atira-a à minha irmã. Lá consegue pegar no gato e atira-o - literalmente - para fora do quintal.

Ao ouvir falar na toalha só penso "oh meu deus que o meu gatinho está morto e elas querem cobri-lo com uma toalha".

Ando e desando de um lado para o outro. Volto à varanda e ouço a minha irmã gritar "onde é que ele está??". Olho para a frente. Ali está ele.

Em choque, todo sujo, com sangue nas patinhas mas vivo... E bem. Pego nele e abraço-o. Levo-o comigo. O coração dele bate a mil à hora e está obviamente em estado de choque.

Duas horas depois, já brinca com a bola dele. Já brinca com os caramelos - como ele adora roubar caramelos!

O meu menino sobreviveu. Duas feridas pequeninas. O focinho do cão ficou em pior estado.