Desafiaram-me e eu respondi.
Já todos percebemos que Portugal é um país repleto de gente importante, de gente com status. Portugal é um país cheio de doutores e engenheiros e essa gente importante gosta de se fazer notar. Em nenhum outro país há este fervor pelos cargos, pelos títulos.
Já todos percebemos que Portugal é um país repleto de gente importante, de gente com status. Portugal é um país cheio de doutores e engenheiros e essa gente importante gosta de se fazer notar. Em nenhum outro país há este fervor pelos cargos, pelos títulos.
É incrível mas há quem exija que antes do seu nome venha o belo do "Dr." nos cartões de crédito. É que se não estiver lá escrito, o senhor (ou a senhora) pode achar que não tem o mesmo valor. Um direito que lhe assiste, está certo. Uma futilidade bem foleira, digo eu.
Também é comum telefonarmos para determinado sítio e dizermos "Queria falar com o Jorge Nunes". Depois de um tossir bem esclarecedor somos brindados com um "Queria falar com o Doutor Jorge Nunes?". Sim, isso faz toda a diferença. Se não dissermos Doutor, podem eventualmente confundir o nosso médico/banqueiro/advogado/... com o senhor que mora no 3º andar do número 181 da rua de baixo. Uma falta de respeito atroz. O Doutor faz toda a diferença.
Há uma necessidade incrível de exibir os títulos, no nosso país. Fazem-se reservas em hóteis em nome da Doutora X, abre-se uma conta num banco em nome do Engenheiro Y, há uma palestra numa faculdade com a presença do Professor Doutor Z. Se não estivessem lá os títulos, as pessoas podiam pensar que não lhes davam tanto valor. Tsc tsc.
Na Inglaterra toda a gente é tratado por "You". Não há cá "tu" e "você". Todos são tratados da mesma forma, com um jeito informal. Os ingleses preferem um tratamento mais informal, e quem recebe o título de doutor são só os médicos.
Em Portugal qualquer pessoa é doutora. Doutorada em quê? Muitas vezes em nada. Manias. Eu quando me licenciar não vou ter direito a tão importante tratamento. Nunca se ouviu ninguém dizer "A senhora doutora jornalista X". Tenho de reivindicar.
Maniazinha chata dos portugueses, num país a viver de aparências.
Isso já deu azo a muita conversa no meu blog, precisamente por no centro de saude terem frisado que tinha de chamar o meu médico por doutor. Para não me repetir, conto apenas que a minha mãe por exemplo, ficou chateada durante uns anos com uma amiga de infância, quando um dia ao ligar para a empresa dela, chamou a amiga ao telefone, e ela lhe deu um ralhete, que para a próxima tinha que a tratar por "Doutora" quando a chamasse para ir a chamada.
ResponderEliminarEu acho que as pessoas no registo dos filhos deviam colocar como primeiro nome Doutor. Assim já não havia problemas de engano...
ResponderEliminarTristes as mentes tacanhas...
Engraçado! Escrevi há pouco tempo sobre este tema no meu blog :) num post chamado "O País dos Doutores"... Concordo plenamente! É uma coisa tipicamente portuguesa e só exige esse tipo de tratamento quem não tem valor para se afirmar por mais nada... Prefiro, de longe, que me tratem pelo nome...
ResponderEliminarWoody, se nós somos grandes não temos necessidade de ouvir os outros dizer que o somos. Quem sabe o seu valor, não precisa dessas mordomias. ;)
ResponderEliminarum dia li uma entrevista dada pelo jerónimo sousa (JS). sim, esse do PCP, que tem para aí a 4ª classe e que sempre foi operário metalúrgico. ora, o jerónimo foi deputado à constituinte, na assembleia da república, logo após o 25 de abril.
ResponderEliminarum dia, um dos porteiros da assembleia - homem vindo ainda do antigamente - dirigiu-se-lhe assim: "sr. dr. queira vir ao telefone".
ao que JS lhe retorquiu: "não sou dr."
o porteiro ficou atrapalhado e corrigiu: "desculpe, sr. engenheiro".
e o JS torna: "também não sou engenheiro" e o porteiro mata a questão, atrapalhadissimo:
"mil desculpas, sr. arquitecto"
:)
Hum, aí está um homem a que dou muito valor. Posso não concordar muitas vezes com o que ele diz, mas conseguiu vingar na vida, construir carreira política, a partir do nada. :)
ResponderEliminarSabes que no nosso país, para se ser político, parece ser obrigatório ter um curso. Pelos vistos são todos doutorados e mestres na arte da vigarice. :P
gostei, gostei, gostei, e ainda gostei mais um bocadinho.
ResponderEliminarConcordo com tudo :-)
http://www.elediz.blogspot.com/
Fazes-me rir. :]
ResponderEliminarCom o curso que estou a tirar, posso vir a ser conhecida por "Dra"... mas não faço questão disso.. Isso não me identifica..
ResponderEliminarbjnho.
Eu sei bem o que é isso. Verdade que estou a tirar a licenciatura, não farei questão de tirar o doutoramento para ser chamada de Dra, nem nada que se pareca. Gosto do meu nome como ele é, ainda que se pudesse mudava-o para mais curto. :)
ResponderEliminarDecidi comentar este post porque lembrei-me duma história caricata. Dizes que para abrir uma conta num banco ou afins tem que ser tratados por Dr. não vá alguém sabê-lo, pois fica sabendo que até para fazer uma encomenda de pão, é necessário que se saiba que o Doutor X vem buscá-lo. Sim, a minha mãe que trabalha numa padaria (não é nenhuma Dra do pão, não se confunda) já teve de facto, um desses famosos tossir que a alertou que o pão estaria à espera do Dr. X e não do Sr. X. É importante. Por isso, já nada me espanta. Este país vai de mal a pior,sem dúvida.
A Girl, futilidades vindas de gente sem confiança no seu próprio valor. :)
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