“Os Cínicos não Servem para Este Ofício” é um livro do escritor e jornalista polaco Ryszard Kapuscinski. Tive de ler esta obra para a realização de um trabalho universitário mas o que encontrei, ao longo de cada página, de cada história, foi muito mais do que um livro: é um guia indispensável para quem gosta de jornalismo.
Este é um daqueles livros que faz os estudantes universitários suspirar pela profissão, que faz os mais cépticos tornarem-se apaixonados pelo ofício do jornalismo. É um livro que nos inspira, que nos dá alento numa época em que o jornalismo é tantas vezes desconsiderado.
Kapuscinski consegue captar a nossa atenção com cada história, com cada palavra e pormenor. Com o passar das páginas vamo-nos entusiasmando, querendo saber mais sobre a vida deste mestre do jornalismo.
No livro, Kapuscinski enuncia três requisitos para o exercício do jornalismo. O primeiro é o sacrifício e a dedicação que esta profissão exige dos seus trabalhadores. Este é um trabalho sem tempo nem espaço. Exige dedicação em lugares absurdos e a horas impensáveis. É por isso que o amor e a dedicação a este ofício são tão importantes. O outro requisito é ter paciência pois é preciso um jornalista dar o tempo necessário para mostrar (ao público) o valor do seu trabalho. O terceiro é a formação contínua.
Durante a sua longa carreira, Kapuscinski este presente um 27 revoluções e viveu em 12 frentes de guerra. Foi o único jornalista a cobrir a tomada da capital angolana pelo MPLA. Esta vasta experiência de vida (e de jornalista) está bem explícita neste livro. Cada entrevista revela um poço sem fundo de sabedoria e a maneira como se expressa mostra uma enorme cultura.
“Os Cínicos Não Servem para Este Ofício” é um livro em jeito de conversa sobre o trabalho dos jornalistas, as suas dificuldades e exigências, as regras e as responsabilidades da profissão. Ryszard Kapuscinski põe a tónica na responsabilidade de quem se dedica à informação nos dias que correm. A informação pode mudar o mundo e por isso é necessária que esta seja envolta em cautela.
Além de uma entrevista com Maria Nadotti, o livro inclui uma conversa com Andrea Semplici sobre os acontecimentos que levaram à emancipação africana do domínio colonial e um diálogo com o crítico de arte John Berger. As três conversas juntas revelam-nos um admirável mundo do jornalismo, com vários encantos mas muitas mais maçãs podres. Sem dúvida um livro recomendável a todos aqueles que se interessam por jornalismo.
Parece mesmo interessante, ou nao!!
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