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Memórias da Infertilidade

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e closeup

Hoje lembrei-me desta imagem.

Esta fotografia foi tirada numa das (muitas) viagens que fizemos ao Porto, durante os nossos tratamentos de fertilidade. Era uma luta muito nossa, mas nunca solitária. Ia à clínica com o (agora) marido, com a minha mãe ou com a minha tia. 

Não conversava muito sobre o assunto, porque detestava ouvir o típico "quando menos esperares, acontece". Não acontece nada, meus amigos. Há casos em que isto não vai lá com pensamentos positivos ou fins-de-semana românticos sem pressões. É das frases mais recorrentes e mais incómodas de se ouvir, porque apetece entrar logo numa conversa intimista sobre os motivos pelos quais "não acontece", mas ao mesmo tempo não queres desvendar mais nada e só queres parar com os sorrisinhos solidários e as palmadinhas nas costas.

As horas de espera eram intermináveis. Às vezes tínhamos viagens de uma hora para lá, outra hora para cá, duas horas na sala de espera, para cinco minutos de ecografia. Depois tínhamos de vir a correr para casa, para colocar as injecções no frigorífico. O esforço financeiro era uma loucura. Daí a dois dias, repetíamos tudo outra vez.

Encarei sempre esta fase com atitude positiva. Nunca pensei que não iríamos conseguir. Mas há mágoas que vão estar sempre lá. Apanhei profissionais idiotas e ouvi comentários insensíveis, levei com auxiliares que não podiam demonstrar maior frieza. Hoje em dia, fico nervosa se tenho de fazer exames ginecológicos e nem o DIU consegui aceitar. Fazia-me uma impressão danada a nível psicológico.

A ver se escrevo mais sobre esta fase. Faz-me bem. E sei que faz bem a quem passa pelo mesmo.


Comentários

  1. Faz mesmo muito bem! Passei pelo mesmo da Mini mais velha. Penso que só quem passa por isto percebe que é mesmo uma coisa muito nossa...Foi a nossa segunda luta a dois...e tantas outras se seguiram...mas acho que todas nos tornam mais fortes! Concordas?

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  2. Acredito que tenha sido uma fase mais stressante ou complicada, mas se te faz bem escrever, fá-lo.
    Arranja forma de mandar cá para fora os sentimentos menos positivos e as mágoas.
    Contudo, lembra-te que já passou e hoje tens um menino bonito e saudável cá fora.
    Por muito que te tenha marcado, tenta recordar que correu bem e no fundo tiveste a sorte que muitos pais não conseguem mesmo após muita luta.
    Se fores mesmo lá ao fundo limpar toda essa exaustão (mesmo que seja um processo lento) saberás que neste momento essa mágoa já não tem fundamento. Não alimentes mais esse “peso” desnecessário pois ele já não te pertence.

    Correu bem, portanto, aproveita o presente. O presente que a Vida de deu e dá.

    Deixa essa parte do passado, precisamente, no passado.

    Beijinho

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    1. Não me lembro sempre, mas lembro-me. E recordo com uma mistura de mágoa e carinho. Carinho, porque nos fortaleceu.

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  3. olá querida S*. nunca passei por isso, portanto não consigo imaginar o que será, mas sem dúvida que gostava de ler sobre as tuas experiências. eu já trabalhei na área da reprodução assistida e fiquei com um misto de sentimentos agridoce. por um lado são profissionais que estão a trabalhar para criar uma vida. por outro, é uma violência física e psicológica para os casais. e as pessoas são (a maioria, espero) bem intencionadas quando fazem o tipo de comentários que descreveste, mas não percebem que magoa e muitas vezes vale mais ficar em silêncio. fico feliz porque a tua jornada teve um final feliz, e se um dia decidires partilhar a tua história aqui estarei para te ler <3

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    1. Ao longo da nossa vida vamos sempre ouvindo comentários construtivos e outros mal intencionados.
      As pessoas, muitas vezes, acham que podem meter o nariz em tudo o que diz respeito apenas à vida dos outros.
      No entanto, também há aqueles que muitas vezes nos caem mal, sobretudo se já andamos fragilizados, mas nem sempre vêm com má intenção.

      Então quando casas?
      Então para quando filhos? Já está na altura, não? 🙄
      É pá, vê lá se não vais para tia?!
      Não vês os outros da tua idade?! 😤🙄
      Enfim, são tantas e tantas que ouvimos quando chegámos a determinada idade.
      Como se houvesse um roteiro a seguir.
      Como se houvesse uma lei que obrigasse todos a seguir o mesmo percurso.
      Como se as nossas vontades, desejos, prioridades ou preocupações não tivessem voz.
      Chega!

      Por vezes, surgem todo o tipo de questões, contudo, a mais importante às vezes fica na gaveta.
      Custa muito perguntar “como estás?” ou “está tudo bem contigo”.
      Perguntar genuinamente.
      Tão simples e tão complexo.

      Todos querem saber quando casamos, se já terminamos o curso X ou Y, para quando o filho, para quando o segundo e que tal o terceiro!!!

      E que tal perguntar se realmente estamos bem, se estamos felizes...

      👊🏻❤️

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    2. Anónimo6 de março de 2020 às 14:00 é mesmo isso! Cada um sabe de si e vive a vida à sua maneira, a única coisa que interessa é que estejam bem e felizes!

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  4. O teu problema eram ovários poliquísticos? Responde só se quiseres.

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    1. Também tenho. Mas era desequilíbrio hormonal que não me permitia ovular com qualidade. E outro probleminha do marido. Era uma junção de problemas que não eram grandes, mas que juntos se tornavam grandiosos.

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  5. Tenho um desequilíbrio hormonal e já pensei que posso vir a ter problemas quando quiser engravidar.
    Juntando tudo à ansiedade e o sofrer por antecipação.

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    1. Tenho síndrome de ovários poliquísticos e provavelmente vou ter problemas para engravidar. Tento não me preocupar muito até querer engravidar porque, até lá, não há muito que se possa fazer.

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    2. Se querem, aconselho apenas a não adiarem até à situação perfeita, porque não vai acontecer...

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  6. Não sei o que é desejar ser mãe, por isso não vou fingir que sei o passa uma mulher que o deseja e se depara com a infertilidade. Mas fico sempre feliz quando vejo pessoas a alcançar algo que querem muito. Que bom que conseguiste :)

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  7. No meu caso, gostaria de ser mãe mas sei que não quero, mesmo, ter filhos agora e nos próximos anos.
    Gostaria de ter filhos a partir dos 38/39 anos, no entanto, já dei por mim a pensar que posso vir a ter dificuldades nessa altura e se não conseguir engravidar...pode ser tarde.
    Ainda assim, como disse, não me vejo de todo a ser mãe para já.
    Nunca quis ser mãe cedo e mesmo já com 35 anos para mim é cedo.

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    1. Depois da minha experiência, fico sempre apreensiva quando leio dizer que só querem ser mães pelos 38 ou 39 anos... é tarde... a verdade é que o corpo já não é o mesmo. Toda a sorte. <3

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    2. S* obrigada pelo teu comentário minha querida. Eu sei que a intenção é boa, mas por favor não me digas que é tarde porque para mim não é.
      Ter uma criança agora não seria para mim motivo de alegria. Não quero!
      Há quem tenha filhos até mesmo já nos 40 e corre tudo bem, assim como há casos em que corre tudo pessimamente.
      A partir dos 35 o corpo já não é o mesmo mas ter um filho para mim é uma decisão séria e ponderada e não vou engravidar só porque me dizem que é tarde quando para mim não é.
      Obrigada

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    3. Entendo-te, mas o meu "é tarde" é científico, não tem nada a ver com a percepção emocional. Não há idade certa para se ser mãe... aos 20, aos 30 ou aos 40 anos é igualmente bonito e certo. No entanto, fisicamente falando, depois dos 35 começa a ser tarde...

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    4. Enviei sem terminar. Um beijinho, que corra tudo pelo melhor!! <3

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    5. Quem quer ser Mãe tarde, para garantir, deve congelar óvulos cedo.

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    6. Bem, os estudos científicos mais recentes contrariam um pouco essa teoria da idade vs. fertilidade.

      Mas o que devemos ter cada vez em mente é a relação idade vs. cancro. E aí é que, quem decide ser mãe mais tarde, pode ver as suas expectativas goradas caso surja algum tipo de cancro. Porque depois dos tratamentos é recomendado um período de espera antes de se engravidar ou em alguns casos, nem sequer é recomendado voltar a engravidar (ex. alguns tipos de cancro da mama). Por isso é que adiar para ser mãe pela primeira vez depois dos 40 pode ser arriscado. Mas não havendo esta infelicidade corre tudo bem. Aliás, conheço alguns casos recentes que foram mães pela primeira vez depois dos 40 e correu tudo bem.

      E malta dos ovários policísticos, não se sintam pressionadas, a minha irmã também tem e já vai na 4.ª criança sem qualquer tipo de tratamento e todos seguidinhos (tipo 1 a 1,5 anos de diferença entre eles) e já está a rondar os 40 ;).

      Por isso, meninas, sigam o vosso instinto. Não tenham crianças só porque vos mandam e sim porque as desejam e sentem que é o momento!

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    7. Sim, entendi. Obrigada, beijinho

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    8. Queria apenas partilhar que engravidei pela primeira vez aos 35 anos, dois meses depois de terminar a pílula. Antes fiz todos os exames normais para quem quer engravidar. E o meu parto foi muito rápido, em quatro horas desde as primeiras contracções a minha filha tinha nascido.

      Eu penso que a questão de engravidar com determinada idade tem muito haver com a nossa genética e as nossas características hormonais. Ou seja, se sempre fomos saudáveis e nunca tivemos problemas de saúde que interfiram com a gravidez então não há assim tanta diferença entre engravidar com 30 ou com 40.

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    9. Anónimo das 18:09, faz bem em tranquilizar a "malta dos ovários policísticos", porque realmente pode não ser uma condição que sentencia uma gravidez espontânea. Contudo, há malta desse lote para quem é mesmo uma limitação. Estou nesse pacote, com muita pena minha. Os meus ovários são ecograficamente uma aberração, funcionalmente uns verdadeiros inúteis quando se trata de trabalho autónomo e o meu corpinho só foi capaz de menstruar de livre e espontânea vontade uma vez, na adolescência. Os dois estupores que são os meus ovários deram-me muitas noites em claro por serem tão mandriões. Trouxeram-me um enorme sofrimento físico em tratamentos que realizei pelas complicações associadas a quem sofre deste problema. Engravidei, quatro vezes até. Continuo sem filhos... O caso da sua irmã é dos felizes, não se pode é desvalorizar a condição. Ela pode ser realmente limitadora mas só se sabe realmente quando chega a hora de tentar. Faltavam 2 meses para fazer 32 anos quando entrei na dimensão da infertilidade, entrei nos 40 há dois meses. Tenho dois ovários espantosos que fascinam sempre quem me faz ecografias. Um orgulho...

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    10. PL um abraço do tamanho do mundo ♥️

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    11. PL, toda a sorte do mundo. Muita força. Não consigo imaginar.

      Ovários policísticos não são um drama em todas as situações. Mas podem sê-lo. Há que alertar, não vale a pena negar factos. Assim como é inegável que a idade, nas mulheres, importa muito. Se querem dizer que não... Bom, falem com os profissionais primeiro. Eu ouvi um dos mais conceituados do país a dizer que a partir dos 30 era sempre a dificultar. Vou acreditar nele.

      Beijinhos e força para todas e todos os que estão na luta. <3

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    12. Anónimo6 de março de 2020 às 23:51

      Isso é uma lotaria. É como eu dizer que nunca tive dificuldade em encontrar emprego e com isso assumir que todas as pessoas em Portugal nunca vao ter dificuldade em encontrar emprego, é generalizar. Lá porque no seu caso correu bem nao quer dizer que seja sempre assim. Eu por acaso sei de 2 casos em que a mulher engravidou do primeiro filho sem problemas, super rapido e do segundo esteve muito mais tempo a tempo. Por ex, uma colega de engravidou na lua de mel aos 20 anos e aos 27 quando quiserem ter o segundo filho demoraram alguns anos a tentar. Outro caso que engravidou 1 mês após se casar da primeira filha (tinha 28 anos) , e na segunda estiveram a tentar 6 meses (tinha 32 anos). E tambem há o exemplo publico da coco na fralda que engravidou facil dos primeiros 3 filhos e agora o ultimo, segundo ela comentou estiveram quase 2 anos a tentar.

      As pessoas devem ter filhos quando querem, ninguem deve ser obrigado ou ter filhos so porque sim. Mas pronto, têm de ter consciencia que ao adiarem estao a diminuir as probabilidades sendo que a idade não é o unico factor mas obvio que influencia.

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    13. Habitualmente depois de um cancro pede-se um período de espera de 2 anos, pelo menos. Isto a contar após o fim dos tratamentos, que podem durar alguns anos também.
      Claro que o médico oncologista especialista que acompanha cada pessoa saberá orirntar estas questões melhor do que ninguém.
      Também podem solicitar que se congelem óvulos antes dos tratamentos para garantir que depois os têm disponíveis.

      No entanto tenho que concordar que é arriscado adiar. O cancro pode surgir independentemente da idade mas há um msior risco com o avançar da idade. Isso aliado a uma idade mais avançada e à recusa de alguns médicos fazerem inseminação ( mesmo no privado) a partir de algumas idades... Pode ser difícil. Além que bem todos os casais têm cerca de 5000/6000€ para pagar tratamentos no privado.

      Através do SNS a idade limite são os 40 anos da mulher...

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    14. Eu engravidei de forma natural aos 30 anos, não tinha nenhum problema de saúde, período sempre regular, marido também sem problemas e demorámos 8 meses. Já estava a ficar preocupada e na altura li imensa coisa que só me stressava mais (a partir dos 30 anos é mesmo sempre a "piorar"). Acho que as pessoas não devem ter filhos só quando é biologicamente mais adequado (senão tínhamos de os ter aos 18), se acham que só aos 30 e tal faz sentido, então devem esperar. Os meus pais tiveram-me aos 38 e 39 e nunca senti que tivesse uns país "velhos" (apesar de nos anos 80 isso não ser muito comum e todos os meus amigos terem pais mais novos, mas agora é super normal), sempre fizeram tudo comigo e proporcionaram-me imensas viagens, experiências, atenção e companhia. Sofro mais com isso agora por eles já terem mais de 70 e doenças crónicas, eu ser filha única e vê-los a envelhecer tão cedo para mim (e com uma neta bebé ainda). Nem imagino perdê-los e gostava de os ter comigo ainda muitos mais anos...

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    15. Quando uma mulher sabe que quer mesmo ter filhos, começar a tentar só aos 38/39 anos é muito arriscado em termos biológicos. Até pode já ter uma reserva ovárica muito baixa e não o saber, mas agora ser possível engravidar e daqui a 1 ano já não. Quase com 35 anos percebi que queria ser mãe, mas não só não tinha parceiro, como em termos de carreira não me fazia sentido ser mãe naquele momento. Contudo, não quis deixar as coisas ao acaso e queria ao menos garantir que esperar mais uns anos não me ia impedir de ser mãe se ainda o desejasse. Recolher óvulos era um possibilidade e decidi ir a uma clinica de fertilidade para me aconselhar, fiz os testes de fertilidade que permitiram ao médico dizer-me que poderia provavelmente esperar sem problemas até aos 36 anos até me decidir, ou não, pela recolha dos óvulos. Esperei, mas ao menos com o conforto de que, à partida, ainda podia ter filhos (se já não pudesse, de que valia a pena continuar a preocupar-me com isso?). Nesse ano de espera, apareceu aquele que veio a ser o pai da minha filha. Engravidei no primeiro mês a tentar, já com 36 anos, e a gravidez foi saudável, mas podia não ter sido fácil e eu tinha muita consciência disso. Se a anónima quer ser mãe, o meu conselho é que não deixe à sorte, se quer apenas engravidar a partir dos 38/39 anos.

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    16. Anónimo das 11h54

      É exactamente por isso que eu hesito em ter um segundo filho aos 37 ou 38 anos (não terei vida para isso antes desta idade), embora gostasse muito de dar um irmão ao meu filho (que tive aos 31). Porque sei que quando ele tiver a minha idade, eu terei quase a idade que os meus avós têm agora, o que significará que serão outras preocupações, outros cuidados...Sei que para muita gente isto não faz sentido mas venho de uma família onde os idosos são responsabilidade dos filhos e netos por isso há esta preocupação.

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    17. Anónimo das 14h03, mas no seu caso já tem um primeiro filho, só o segundo é que teria mais "tarde" e assim seriam dois a poder apoiá-la na velhice e a apoiarem-se mutuamente nessa assistência aos pais. De qualquer forma, não acho que haja uma solução perfeita para estas escolhas. Acho que se as pessoas se precipitarem a ter filhos antes de estarem preparadas só por uma questão de idade, não vão ser felizes nem ter a disponibilidade que esses filhos precisam. Acho que quem tem filhos mais tarde, quem opta por viver primeiro certas coisas, estabilizar uma carreira e uma relação, será depois mais disponível e paciente com os filhos e não estará tanto a pensar no que está a perder. Há depois a questão de serem mais velhos quando os filhos ainda são novos, mas pais novos também podem ter acidentes ou doenças graves. Não há uma opção ideal!

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    18. Eu acho que depende muito das situações. A minha mãe foi mãe aos 20 de mim e aos 30 do meu irmão, e agora tem 52 e nós estamos criados e ela anda a curtir a vida. Eu adorei ter uma mãe 'nova' (literalmente um dia o meu pai levou-me à escola quando eu tinha dezoito anos e uma professora minha achou que ele era meu namorado, de tão novos que os meus pais parecem!) e sempre quis ser mãe cedo. Fui mãe pela primeira vez aos 27 anos e pela segunda aos 30 e gostava sinceramente de ter sido mãe mais cedo, mas foi o que conseguimos e se tudo correr bem não pretendo ficar por aqui :) Não tenho pena nenhuma das coisas que não vivi, vivo-as na mesma com os miúdos e vou continuar a vivê-las quando eles estiverem criados :) Mas no nosso caso foi tudo 'tranquilo', namoramos desde os dezoito e vivemos juntos desde os dezanove, casámos aos 25... Tivemos tempo para fazer as coisas 'com calma'. Para nós sermos pais novos sempre fez sentido, e aliás não planeio de todo engravidar depois dos 35 precisamente pelo aumento do risco de variadas patologias (e também porque eu própria tenho uma patologia cardíaca e tenho gravidezes péssimas, não me apetece lá muito andar a parir até aos 40).

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  8. A infertilidade, essa palavra que entrou na minha vida há 25 ou 26 anos e ainda me está a dar que fazer... Mudou-me, levou-me a criar muitos filtros, tornou-me mais sensível para umas coisas e insensível para outras. Fez-me perder infinitamente mais do que aquilo que ganhei. Traduzo tudo o que aguentei numa só palavra: desilusão. Felizmente a Ciência consegue dar suporte a inúmeros casos mas haverá sempre uma fração que nem com os meios que ela oferece vão atingir o objetivo.

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    1. Há casos que a ciência ainda não consegue mesmo ultrapassar. Lamento muito.

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  9. Partilha se te deixa mais leve. <3 Porque sim, vai ajudar muita gente. Eu passei por algo diferente, mas acho que a dor podera ter algumas parecencas (perdi varios bebes e ainda hoje nao sou mae). A mim nunca me deixou mais leve partilhar, sinto-me sempre muito pior depois de o fazer. Acredito que nao seja facil dizer algo perante uma situacao destas, mas as pessoas conseguem ser muito inconvenientes, mesmo que nao seja por mal. As vezes o silencio ajuda muito mais. E o estar la, claro, nao nos sentirmos sozinhas. :)

    (teclado estrangeiro)

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    1. Não se culpe. Um beijinho

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    2. Pode não ter os seus filhos consigo mas é mãe. O luto, a dor, a perda... É sua e é real.
      Merece todo o respeito por tudo o que passou e por tudo o que sente.

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    3. Toda a força do mundo. Um abraço.

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    4. Obrigada. <3 Já não me culpo e a dor continua cá mas agora está muito mais fácil de suportar. :)

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  10. Minha querida um grande beijinho! Conheço quem não consiga e deixou a vida andar, não tem filhos mas dizem que não iam conseguir lidar bem com todo o processo.
    Respeito por todas as opções.
    Beijinhos

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  11. A luz dos meus olhos já tem 2 anos e meio e é tudo para mim e para o pai, mas os 7 anos que passámos a tentar ter um filho ninguém os apaga e principalmente ninguém apaga os sentimentos que não sabia que existiam até então. E não é questão de ter alguma coisa para resolver, é só que não podemos fingir que não existiram e que podemos passar por tudo de novo se quisermos ter mais.
    Muita força a quem ainda está a lutar, não se deixem ir abaixo.

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    1. Nunca se apaga a luta. Mesmo que a recompensa já nos encha o coração.

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  12. É, às vezes não acontece. Recorda-se o bater do coração que parou...

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  13. Eu sou mais uma mulher que sofre com a infertilidade uma dor que só consegue imaginar quem passa por ela seis anos de tratamentos três de um longo processo de adoção. Agora uma nova tentativa no Porto a esperança nunca acaba , arrasou me como pessoal como profissional como elemento de casal como mulher . Gostaria que as pessoas não considera sem a infertilidade um tabu. Parabéns por ter conseguido desejo lhe todas as felicidades do mundo e se não for doloroso escreva sobre isso pois vai ajudar muitas mulheres

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    1. Não fazia ideia de que o desejo de ter um filho pudesse ser tão forte ao ponto de a infertilidade ter tanto impacto sobre a vida das pessoas. Honestamente, não sei o que pensar sobre isso. Não encontra outras alegrias, outro propósito na vida que a levem a aceitar não ser mãe? Não pergunto de forma a hostilizar (a palavra escrita pode dar essa impressão), mas é-me mesmo difícil compreender. =/

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    2. Ter um filho, para muitas pessoas, é a maior ambição da vida. Não para toda a gente, claro. Mas imagine ter de abdicar do seu maior sonho, da concretização que mais deseja. Um filho está muito associado ao conceito de família e de continuidade, por isso custa sempre não poder concretizar esse plano.

      De qualquer forma, só quem passa por elas é que sabe. Eu nunca tive o sonho de ser mãe, não sou mulher que sempre desejasse ter um filho... E sofri muito por demorar a concretizar esse plano. Por mim e pelo meu marido, que realmente tinha esse sonho.

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    3. Anónimo das 11h20

      Não tive problemas de infertilidade mas conheço casos de perto. Há quem passe por isso de melhor forma, há quem passe de pior (tal como os abortos ou outros imprevistos da vida). Há quem numa situação destas não se sinta completa, quem se sinta menos mulher, quem sinta que o seu corpo lhe está a faltar, é uma questão de expectativas pessoais mas também das expectativas da pessoa com quem se está (como no caso da S*). É um assunto que fica ali pendente, e muitas pessoas têm dificuldade em levar a vida em frente porque um filho muda muita coisa e por isso há passos que não sabem se querem dar porque “e se eu conseguir engravidar entretanto...?”. Procurar alegria noutras coisas, seguir em frente, é assumir que se está a deixar de lutar, a pensar menos no assunto, e isso também não é fácil. Até porque há os tempos de espera entre tratamentos em que mais uma vez se fica...à espera. E haverá quem consiga viver na mesma, ser feliz na mesma, sem problemas, mas há quem se sinta eternamente à espera de algo. Não vivemos todos da mesma maneira, nem sentimos todos da mesma maneira. Há mulheres quem nem começam tratamentos porque não querem ficar presas a eles e à espera, à desilusão. E há outras que vão com tudo, a todas as lutas, não desistem. Mas estes tratamentos geralmente desgastam, o que não ajuda em tudo o resto.

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    4. Obrigada pelas respostas, ajudaram-me a perceber um bocadinho melhor que está nessa situação. =)

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  14. S* eu realmente nao consigo perceber tanta incoerencia:

    No post: "Não conversava muito sobre o assunto, porque detestava ouvir o típico (...). É das frases mais recorrentes e mais incómodas de se ouvir, porque apetece entrar logo numa conversa intimista sobre os motivos pelos quais "não acontece", mas ao mesmo tempo não queres desvendar mais nada e só queres parar com os sorrisinhos solidários e as palmadinhas nas costas."

    Nos comentarios: "Se querem, aconselho apenas a não adiarem até à situação perfeita, porque não vai acontecer..." "fico sempre apreensiva quando leio dizer que só querem ser mães pelos 38 ou 39 anos... é tarde... " " Não há idade certa para se ser mãe... aos 20, aos 30 ou aos 40 anos é igualmente bonito e certo."

    Eu tenho 34 anos e o marido 41 e ainda nao queremos ser pais. Quem és tu para me vires dizer que nao devo adiar até à situação perfeita, que ficas apreensiva com a minha decisao, que ser mae agora era igualmente bonito e certo? Que sabes tu da minha vida e da minha situação?

    Resumo: Estás a fazer os mesmo comentários incomodos a quem ser mae mais tarde, tal como te fizeram a ti sobre a infertelidade. Nao compreendo mesmo a tua atitude.

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    1. O seu comentário é mesmo de quem quer ver mal em algo. Vê mal até no que não tem mal nenhum.

      Claro que não tenho nada a ver com a sua vida. Pode ser mãe aos 20, 30 ou 40. É - me indiferente a sua escolha. Mas fico apreensiva quando ouço tal coisa porque SEI que será mais difícil depois. Se quer ser mãe, há que ponderar os contras de adiar essa decisão. Só isso. Só alerto para os riscos de adiar, se for sua vontade ser mãe. De resto, a vida é sua e, para mim, é absolutamente indiferente a idade em que pretende ter filhos. Mas não vou fingir que não fico apreensiva porque, hoje em dia, depois de dois anos e meio de tentativas, sei que muitos casos de infertilidade apenas se manifestam porque as mulheres querem ser mães cada vez mais tarde. Um direito pleno... Mas que acarreta riscos e eventuais consequências de não conseguir ter filhos.

      Se acha que isso é querer meter-me na sua vida, o problema está claramente em si, lamento.

      Quanto ao resto, não queria que dissessem as frases cliché. Uma coisa é apoiar, outra coisa é dizer lugares-comuns que não se aplicam. Se também não entendeu, olhe, não há outra forma de lhe explicar.

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    2. Entendo a anónima. Há alturas que são tudo menos certas para se ser mãe, mesmo que haja essa vontade. Ainda assim, a S* apenas disse que ser mãe aos 20, 30, 40 é bonito. Isto é, se a anónima decidir ser mãe apenas aos 40, isso será tão bonito como eu que decidi ser mãe aos 30, ou a S* antes disso. Haja vontade e condições.
      O “é tarde” não é um julgamento para quem adia a maternidade ou às razões porque o faz, é simplesmente um facto. Muita gente não conhece o próprio corpo, acha fantástico passarem-se meses sem menstruar e sem achar que isso seja um problema, não sabe que temos uma reserva ovárica que a cada ano é mais pequena, não têm conhecimento nesta aérea. O “é tarde” significa apenas que há maior probabilidade de vir a ser realmente tarde de mais, se haver mais dificuldades, menos tempo para resolver e entrar em tentativas de tratamentos. Não é “tarde” no sentido maldoso de “vai ser uma mãe velha”, “vai parecer avó”, etc, como já tive o prazer de ouvir por ter decidido ser mãe apenas aos 30. E quando o decidi sabia que mesmo que engravidasse à primeira (que aconteceu) as probabilidades de isso acontecer seriam menores do que se estivesse a tentar com 20 anos.

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    3. Querer ser mãe e não conseguir ou não poder e ter de ouvir “Então, e um filho para quando??” ou “relaxa e vais ver que engravidas já este mês” é diferente de não querer ser mãe (já ou de todo) e ouvir “Então um filho para quando??”. Acredite que é.

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    4. Anónimo das 11:45, obrigada. Isso mesmo.

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    5. S*, achas mesmo que quem decide ter filhos mais tarde NÃO SABE que, fisicamente, PODE ter mais dificuldade em engravidar ou a gravidez pode ser de risco?
      É exactamente como quem te diz que estás gorda e tu respondes "acha que eu não tenho espelhos em casa?". Ou, alguém que, tal como tu, com a melhor das intenções, diz "se queres poupar, com 4 sandálias compradas, estás a poupar menos". Tudo isto não está na esfera de decisão de cada um?
      Todos comentários que te fazem, ainda que constatem factos, são desnecessários ou com "má intenção" ou "sem noção" AINDA que quem comente diga "claro que a decisão é só TUA". Os teus nunca são, até porque ressalvas "a pessoa faz o que quer".
      Acabaste de fazer o mesmo!! Se ficas apreensiva é contigo, não tens de o dizer. Se não é da tua conta, guarda para ti. Achas que a pessoa não sabe que ter filhos aos 40 é potencialmente diferente de ter aos 30? É óbvio. Toda a gente sabe. É totalmente redundante e desnecessário o teu comentário, pois quem o decide, decide de forma consciente e é algo que só a si diz respeito.
      Percebo de alguma forma o que dizes, e às tuas intenções. Porém, é incoerente alegares as tuas (boas) intenções para opinares sobre as opções de alguém, e estares nas tintas para quem alega boa intenção ao comentar as tuas. É igual.
      E a tua experiência difícil não o justifica, lamento.

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    6. Vou tentar explicar outra vez:
      eu sei que o comentário da S* é com boas intenções, nao é maldoso.
      Eu sei que engravidar mais tarde traz em teoria mais dificuldades, é um facto.
      Mas tambem quem diz "quando menos esperares, acontece", também está cheio de boas intenções, e em alguns casos (nao digo em todos obvio), é mesmo verdade. Quantos casais que fizeram tratamentos, nao conseguiam e depois de desistir ela engravida naturalmente, e aqueles que depois vao adoptar e acabam por engravidar ?


      Anónimo9 de março de 2020 às 13:51
      era precisamente isso que eu queria dizer

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    7. Todos estes comentários não são meus - da pessoa que disse que queria ser mãe aos 38/39.

      Eu já agradeci à S* pela opinião dela e não encarei o “é tarde” como algo maldoso.
      Entendi o que ela quis dizer.

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  15. Isso da idade é uma treta. Engravidei com 37 anos e não foi preciso grande coisa... :) é mesmo uma questão de saúde/sorte/whatever...

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