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Restauração e competência


Chega-se a esta altura do ano e começam a circular notícias sobre os cafés/restaurantes/bares que aumentam de forma extrema os preços durante o mês de Agosto. Também ouvimos falar de espaços de restauração com preços diferentes para portugueses e para estrangeiros. 

O mês de Agosto em Viana do Castelo é uma loucura. É uma terra de emigrantes, a população aumenta que é uma loucura durante estes dias. Com a Romaria d'Agonia (de 17 a 20 de Agosto) recebemos mais de 1 milhão de visitantes.

É por isso comum deparar-me com situações deste género...

- À sexta-feira costumava almoçar com a minha família num restaurante e comia (quase) sempre panados com arroz de feijão, que adoro de paixão. Neste mês, deixavam de vender este prato. Tudo bem, até entendia. Mais vale deixarem de vender o prato do que aumentarem o preço do mesmo prato a clientes habituais. Parece-me bem mais honesto;

- Por outro lado, num dos restaurantes mais frequentados da cidade (tipo snack-bar), numa semana pagou-se 5 ou 6 euros por filetes de pescada... e na semana seguinte o mesmo prato, exactamente igual, já custava mais de 10 euros. Os turistas e visitantes podiam não notar... Mas os clientes habituais notaram e obviamente não gostaram;

- Quartos de banho nojentos. Eu bem sei que a restauração está cheia de trabalho, mas parece-me impensável entrar num quarto de banho e ver caixotes de lixo de um metro de altura completamente cheios, com papéis espalhados por todo o lado. Urina no chão, um cheiro nauseabundo... Não se pode admitir semelhante;

- A restauração continua a insistir nos contratos de Verão a jovens sem experiência. Contratam jovens (ou nem contrato fazem...) sem qualquer experiência na época mais difícil do ano. Resultado? Uma desorganização absoluta. Serviço atrasado. És capaz de esperar meia-hora para virem à tua mesa saber o que pretendes consumir e pelo menos mais dez ou quinze minutos até trazerem o pedido.

A verdade é que, com a vontade que têm de atender e "despachar" os turistas e clientes de ocasião, acabam por perder os clientes habituais (que estão lá o ano inteiro) com tamanha falta de competência. Quando criam preços diferentes para portugueses e estrangeiros, é muito mais grave. É ser-se ladrão - e isso não tem desculpa.

Comentários

  1. Nós no Porto sentimos isso frequentemente.
    Agora o turismo dura o ano tod. É muito bom claro, mas depois tem-se este lado que não é tão bom.
    Até comprar uma simples garrafa de água é uma loucura.

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    1. E não só.. Já me aconteceu sentar-me numa esplanada e virem-me atender em inglês. E eu "boa tarde, ainda estou em Portugal?"

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    2. Há pessoas que adoram este boom do turismo, porque é fashion, é cosmopolita, etc.
      Eu tenho lidado de perto com o lado mais negativo da realidade, desde pessoas com lojas de comércio tradicional a ter de abandonar os seus negócios de uma vida para abrir mais um hostel, mais um restaurante fancy...
      E a nível de transportes, sim, temos uma rede de metro com boas frequências, mas hoje em dia é uma tarefa muito difícil conseguir entrar num metro à hora de ponta na trindade, por exemplo.

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  2. De muito mau tom, sem dúvida, mas quem gere um negócio esquece-se de pontos fulcrais, exatamente como os clientes habituais!

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  3. Olá,
    Por acaso, hoje passou-me uma notícia do género pela frente (facebook), que relatava um caso desses num restaurante de Lisboa. Tinha até o papel com a conta que o cliente pagou e eu ainda pensei que estivesse a ver mal ou fosse engano... É que um prato de peixe por mais de 140 euros é dose! (recomendação do funcionário e sem o cliente ter visto no menu). Enfim...há sempre quem seja menos honesto nestas coisas, infelizmente.

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  4. O aumentar os preços é inadmissível mas quanto aos contratos de jovens sem experiência, não sei como será em Viana, mas aqui na zona do Porto, é muito difícil arranjar trabalhadores para esta área mesmo pagando bem acima da média.
    ou ficam uns tempos e vão embora, depois é preciso ensinar tudo outra vez e facilmente se cansam porque é uma área fisicamente exigente e a nivel de horários também. Por isso nem sempre é opção do patrão contratar gente sem experiência... é o que aparece. Ou é isso ou ter de fechar as portas.
    São épocas de afluxo de gente, às vezes com o mesmo pessoal ou pessoal reduzido... é preciso perceber e relevar um pouco.

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    1. Será que não há mesmo gente competente para trabalhar??
      Eu não sei se assim é.
      Talvez estejam a procurar na faixa etária errada.
      Aqui no UK dão emprego aos jovens com 17 anos inclusive.

      E eles não fazem PUTO.
      Nada. Nadita. Faz até impressão. Muita impressão, vê-los a molengar, a arrastar os pés no chão, a reclamar, a olhar para o relógio o tempo inteiro e a quantidade de PAUSAS que conseguem fazer durante o expediente?? Só para beber... em meia hora, serve-se de uns goles 20 vezes. Agora multiplique por 8 horas...

      E o que acontece com quem realmente trabalha? Trabalha o dobro. Por vezes o triplo. Porque tem de fazer o seu trabalho e também o trabalho dos que fingem trabalhar. Ganhando o mesmo no final do mês, mas prejudicando mais a sua saúde - física e mental.

      Quando estou de folga só consigo dormir. Quero fazer mais coisas mas adormeço. É o cansaço das semanas...

      E ao ver aquilo - a quantidade de jovens que contratam que vão ali com uma manicure perfeita, unhas postiças e não fazem NADA... Mesmo os rapazes, enormes em altura, preguiçosos em igualdade. Só fazem é andar de um lado para o outro. O trabalho pesado e sujo deixam-no para os outros...

      Ontem uma rapariga nova foi mandada para casa. Assim que ela saiu o trabalho que lhe competia entrou nos eixos. Ela dizia que estava com dor de cabeça e o chefe aproveitou para a dispensar e assim poupar o dinheiro que lhe estava a custar. (não trabalha, não recebe. Ganha-se à hora e não ao mês). Mas a verdade é que, com ou sem doença, a rapariga trabalha sempre ao mesmo ritmo: camera lenta, assim como muitos outros jovens. Sente-se atraídos pelo ordenado, mas depois não dão ao litro e só sabem lamuriar-se. Em vez de trabalhar, conversam. Queixam-se que não há muito para fazer... E eu olho à volta e aponto logo umas coisinhas com que podem «distrair-se»... Enfim. Preferia que contratassem um SENIOR que se mexesse (porque também há os parados que nada fazem) ou uma pessoa de idade a jovens imberbes que sabem que não estão a fazer nada e não se importam.

      É que pessoas como eu vêm-se forçadas a trabalhar o dobro. E nas folgas ficam de rastos enquanto os jovenzinhos vão para festas, praias e sabe-se lá o quê.

      Não é justo.

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    2. Esqueci de um apontamento: a minha área não é restauração. Embora enquanto estudante tenha tido as minhas experiências. Ainda assim, quando em Portugal à procura de emprego, candidatei-me a alguns. É RARO encontrar um anúncio que não tenha como requisito JOVENS até 25 anos, por exemplo. Ora, se o anúncio já especifica JOVENS é porque, se calhar, quer pagar pouco. Mas mesmo os que indicam o ordenado e este é bom, especificam que a pessoa tem de ser «dinâmica», ter «boa apresentação» e ser JOVEM até 25 anos.
      Candidatei-me à mesma, nunca obtive respostas.
      Preferem os jovens bonitos. É um fato.

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    3. Portuguesinha, triste realidade. É incrível ver os tais jovens que estão nitidamente em empregos de Verão a trabalharem com o maior ar de frete, a olharem para o telemóvel a cada segundo que passa. Acima dos 30 anos já toda a gente é considerada velha para trabalhar, o que me deixa realmente incomodada. Eu tenho 28 anos e, hoje em dia, se precisasse de trabalhar numa loja de roupa, seria "ultrapassada" por jovens jeitosas de 18 anos. Só que eu já tenho experiência de outras lojas. Tenho educação, seja académica seja "apenas" educação da vida. Sei estar, sei falar. Mas que importa isso, se podem escolher miúdas que ficam bem em tops e calças justas? Triste.

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    4. Também soube de um filho de um amigo que está a trabalhar numa esplanada do porto a 2,50/hora. O que é isto?

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    5. Trabalhei num restaurante bastante famoso (e caro) em viana. entrava as 9 da manha, saía as 15/16 quando o serviço terminava, voltava as 19 até as 24/1/2 da manha quando o serviço terminava... fui insultada de coisas que nem aos meus pais admitiria, estive lá exatos 8 dias, pagaram-me 60€. isto há 7 anos atrás. estou emigrada e nao tenho horas para tanto trabalho que me aparece, fui de ferias para portugal em maio/junho/julho para poder tirar a carta de conduçao e surgiu-me uma oportunidade na limpeza do centro comercial, aceitei com gosto e gostei bastante daquilo, mas o desrespeito pelo trabalhador (insultar e afins) e os salários mantem-se vergonhosos como há anos atras. e é por coisas assim que prefiro continuar emigrada, trabalhar em portugal? não obrigada

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    6. Ana, que horror. Lamento mesmo muito. Mas quem é que insulta os funcionários? Fico chocada.

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    7. no restaurante era toda a gente principalmente os patroes, no centro comercial era entre colegas

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    8. A minha resposta é dirigida à portuguesinha: deparei com um anúncio partilhado por uma amiga no Facebook "precisa-se empregada para hotel camareira/faxina etc. Até 35 anos" ?!@#$ Como!? Fiquei doente e respondi "Aos 42 não limpa tão bem?" É revoltante, ilegal,e desrespeitador dos direitos mais básicos.

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  5. Concordo completamente. Recentemente estávamos com vontade de crepes e lá fomos nós ao sítio do costume. São os melhores crepes da cidade, vamos sempre lá e mandamos toda a gente lá ir porque, além de serem ótimos, são super bem servidos e com preços mesmo mesmo baixos. Tínhamos lá ido uns 2 meses antes, comido os crepes e estava tudo impecável. Pagamos cerca de 6 euros pelos dois crepes. Nem há um mês fomos lá, como disse, e os crepes estavam a mais de 6 euros cada um! Só porque é verão (nunca tinham feito distinção da época do ano até então) e há mais gente na rua, há emigrantes, há mais saída porque tem gelado etc etc. Era o que havia de me faltar. Senti-me roubada e não comi. Não é pelo preço, é pela falta de bom senso e neste querer enganar as pessoas. Até quero ver se, passada a loucura do verão, voltam aos preços de sempre.

    Da minha parte, podem tirar o cavalinho da chuva que lá não vou mais. Não pelo dinheiro (que continua a não ser nada exagerado tendo em conta os outros locais), mas por quererem armar-se em espertos à custa dos clientes habituais. Ganham os turistas, perdem os de sempre. Vidas.

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  6. Eu por aqui, nos sítios que frequento nunca dei por fazerem isso.Este ano está o caos para conseguirem empregados,nunca se viu nada assim, é anúncios em todo o lado, até no modelo e pingo doce precisam de pessoas.Depois é claro que o serviço demora mas como sou uma pessoa com alguma paciência até entendo, não entendo é como algumas pessoas estando de férias (supostamente sem pressa) conseguem ser extremamente mal educadas e quererem as coisas para ontem.
    Beijinhos Xana

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  7. Da acordo, na zona de Lisboa é a mesma coisa, ainda ontem li um artigo no Público, de um restaurante na Rua dos Correeiros que tem queixas brutais, quer de estrangeiros quer de nacionais. E a verdade é que poderiam ganhar € à mesma porque não afugentavam os clientes habituais!

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  8. Sim, arriscam-se a perder clientes, os fieis clientes que frequentam os estabelecimentos o ano inteiro e não apenas durante um mês.
    Hoje passou uma notícia do género na tv, a propósito de um restaurante em Lisboa.

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  9. Há dias entrei num restaurante da baixa onde os turistas fazem fila. Eu fui o segundo a entrar e quando me vieram trazer a ementa, os turistas já estavam nas entradas. Por fim fui confrontado com um papel minúsculo a informar que o MB estava fora de serviço. Acontece que o aviso foi colocado na meia porta da esquerda, quando os dísticos do MB e VISA estavam na meia porta direita.
    Como achei isto uma manobra reles de fugir às taxas dos cartões, depois de ter ido a um MB situado a 100 metros, rebusquei as moedas mais pequeninas para pagar a conta, sem direito a gorjeta e desbronquei-me de tal modo, que "a Maria" saiu do restaurante e não quis ouvir o resto. eheheh
    Filhos da mãe, labregos dum raio que só pensam no lucro imediato...

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  10. Em Portugal normalmente as coisas costumam funcionar assim: Inauguram uma casa, muito bem construída, planeada, com cheirinho a novo e recheada com o bom e o melhor, as coisas começam a funcionar bem, os patrões tornam-se gananciosos e, depois, deixam apodrecer totalmente a casa. No geral, o nosso povo não sabe preservar nada, sabe apenas construir coisas novas e deixar tudo apodrecer. Mas felizmente que há um livro de reclamações para gente poder se divertir um pouco... :)

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  11. É falta de cabeça para o negócio, porque acabam por perder os clientes habituais... e quando os turistas se forem embora, só ficam os outros, que se sentem enganados e já não querem lá voltar. Há gente realmente desonesta...

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  12. É, de facto, uma situação muito pouco agradável. E feio.
    Infelizmente, parece ser uma praga...

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  13. a minha mae nos momentos "de aperto" vai à mercearia perto de casa. aconteceu-me durante estas férias ela pedir-me para ir buscar 10 paes e 2/3 pimentos. eu estava de caminho para a mercearia e dentro da dita cuja a falar com o marido em espanhol (é a minha sina, ele nao aprende portugues e pronto). chego à caixa, e pedem-me 4€, por 10 pães e 3 pimentos, em bom portugues digo "isso tudo? vou querer factura se faz favor", vem a dona e ve la algo no computador e a conta era 1,9€, desculpou-se dizendo que era o estagiário... saímos da mercearia nem chegamos á curva e o gajo diz "Olha acho que vou buscar uma coca cola, voltamos para trás a tempo de ouvirmos a senhora dizer ao moço "tens que ter mais atenção a quem fazes essas coisas porque agora anda por aí muito emigrante que sabe como são os preços aqui"... resta dizer que não pomos lá mais os pés

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    1. Não posso crer em semelhante lata!!!

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    2. podes crer que é verdade. nunca mais, prefiro passar a ponte e ir ao pingo doce

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  14. estive a trabalhar na limpeza do centro comercial em viana no mes de julho sónia, eles fazem contratos de 6 horas no maximo, 4 dias por semana para nao terem que pagar férias nem afins, as casas de banho estão nojentas mas toda a gente maltrata as meninas da limpeza (podia contar umas quantas coisas do tempo que lá estive mas não saio daqui hoje)... é um mal geral

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