Avançar para o conteúdo principal

Eufemismos

"Algumas pessoas têm horror às palavras pénis e vagina. E assim nasceram o "pirilau" e a "pachachinha". Seria altura de uniformizar os nomes dos órgãos sexuais e não andarmos por aí a inventar."

Ao ler esta crónica do Tiago Mesquita, para o Expresso, tive de aceitar a realidade.

As pessoas têm medo das palavras. Andam ali à roda, à roda, a engonhar para não dizerem claramente aquilo que pensam.


E não me refiro só aos nomes que damos aos órgãos sexuais - leiam a crónica, não fiquei tola de repente - refiro-me a tudo. As pessoas têm medo de verbalizar. Têm medo da força das palavras.

Um preto não é um preto, é uma pessoa de cor. Um gordo não é um gordo, é roliço (não gosto da palavra gordo, admito). Uma pessoa burra não é um burro, é um limitado. E um pobre não é um pobre, é alguém que tem dificuldades financeiras.

Em relação aos nomes dos genitais (voltamos à crónica), até entendo que se utilizem outros nomes. Há que assumir que "pénis" e "vagina" são palavras feias. Não soa bem, não é bonito e muito menos é excitante.

Quanto às outras palavras, é tudo uma questão de saber dizer as coisas. Não é preciso ir de A a Z para dizer B. Não são precisos eufemismos. Se as palavras forem ditas sem maldade, as outras pessoas vão entendê-las como sem maldade. Tudo se pode dizer, desde que se saiba como dizer. Se algumas coisas magoam? Claro que magoam! A vida não é um mar de rosas. Sem eufemismos, a vida é lixada.


Comentários

  1. Pois, é verdade...

    Olha, o teu blogue está lindo! "Cheira" a Verão!

    ResponderEliminar
  2. Falaste bem e disseste tudo, os portugueses tem uma cabeça, danada para a maldade, é por isso que não tratam as coisas pelos nomes!!
    Cada dia adoro mais este blog.
    Abraço enorme
    Com muita doçura
    Sairaf

    ResponderEliminar
  3. Tens toda a razão. Temos muito medo das palavras, muitas vezes sem razão.
    E algumas das expressões que usamos para substituir nem fazem sentido. Por exemplo no preto, até posso admitir que se diga negro, agora pessoa de cor?! A um branco até podíamos chamar pessoa de cor, mas a um preto isso não faz sentido nenhum, porque, tecnicamente, o preto é a ausência de cor. O branco é que é a junção de todas as cores, portanto, são os brancos as "pessoas de cor".
    kiss

    ResponderEliminar
  4. Hummm...temos catfight com a Buttaflyflyfly :)
    Como Homem, aprecio bastante mamas grandes e catfight, sendo a ordem indiscriminada.Nada que uma mente liberal nao ultrapasse.

    Yours truly

    ResponderEliminar
  5. Eu acho piada ao eufemismo, embora tal como o vinho, faça sentido usá-lo com moderação.

    Mas também, eu próprio sou uma figura de estilo.

    ResponderEliminar
  6. Esclarecer ...nao, ha que atacar e proporcionar uma catfight de qualidade blogesferiana como nunca se viu :)
    Pois pelo teu comment, nao sei se insultas os pais dela se ela, mas que da uma boa catfight isso da, pois nao te contenhas, nao te retraias e deixa-te de eufemismos :)

    Yours truly

    ResponderEliminar
  7. Pois eu acho pachachinha a palavra mais horrenda que se pode inventar! Possa! Kórror! ;)

    ResponderEliminar
  8. H, lamento desiludi-lo mas nunca na minha vida blogosférica insultei alguém. Não era agora que ia começar. Se ler o texto que a Buttafly publicou percebe que o meu comentário se referia aos autores dos tais erros ortográficos. Se gosta de peixeirada, vá ao mercado.

    ResponderEliminar
  9. Nós é que gostamos de dar certo poder a certas palavras.. E nesse caso as palavras substitutas são bem pior do que as originais x)

    Beijo*

    ResponderEliminar
  10. Tens de admitir que apos esse coment, este post pouco eufemista era delicioso demais para nao usar :)

    Yours truly

    ResponderEliminar
  11. H, a maldade está na tua cabeça, não na minha.

    ResponderEliminar
  12. Pois confesso, vinha imbuido de um espirito menos nobre, talvez mesmo popular, mas que aprecio bastante, e nem sou grande apreciador de peixarada. Em minha defesa interpretei tal como a autora Butta o fez, e sendo assim somos culpados os dois, de nao ter apreendido o espirito do seu comment.
    O mal esta feito, e saimos todos a perder uma catfight blogesferiana.

    ResponderEliminar
  13. Engraçado, da autora do blogue não tive nenhuma reacção desse género. Só sua. :) De qualquer forma, já tentei esclarecer a situação.

    ResponderEliminar
  14. Nos os homens temos uma mente montada de forma diferente, e convenhamos a Buttafly usa bastantes eufemismos, coisa que a menina nao usa e eu tambem nao, pelo que nao sera nem mau nem bom, e o que e.
    Paninhos quentes e bom para quando queremos paz, mas tem de admitir que sabe bem deixar-mo-nos de eufemismos :) e dizer as coisas pelos nomes...ja sei que nao era caso.
    Ja agora a titulo de curiosidade, uma boa catfight, e apreciadora, foge sempre que pode, entrevem e toma partido, mesmo que implique agarrar cabelos, tirar a roupa...fica o repto :)

    ResponderEliminar
  15. H, estás a querer meter achas para uma fogueira que eu não pretendi acender. Quem me conhece minimamente sabe que a minha postura na blogosfera é muito Peace and Love. Não tenho pachorra para gente maldosa - e tu estás a ser maldoso. Não tenho nada contra a Buttafly, faz parte da minha lista de blogues favoritos e se o comentário soou mal, é a ela que devo uma explicação.

    Acabou a conversa por comentário. E já agora, devias ir ler um texto que publiquei há uns dias... sobre homens cuscos e maldosos. Assenta-te bem.

    ResponderEliminar
  16. H, não te vou permitir esse tipo de comentários. ;)

    ResponderEliminar
  17. Não conheço esse tipo mas que ele tem razão lá isso tem. Ainda ontem na minha última crónica usei o termo Preto e o termo Pobre, vai daí que me orgulho q.b. de chamar os burros pelos nomes ;)

    ResponderEliminar
  18. Sentido de humor...nunca devemos perde-lo, mesmo que seja duro :) Ha que sabermos rir de nos proprios, mas acredito que com o tempo atinjas o nirvana...afinal de contas nao e qualquer uma que cita Sir Tomas Taveira :)

    Yours truly

    ResponderEliminar
  19. Tenho muito sentido de humor, apenas dispenso confusões.

    Já reparei que ficaste fascinado com essa de citar o Tomás Taveira... foi interessante, de facto. Não sei o que mais me encanta, o facto de isso te fascinar (I wonder why) se o "Yours truly". ;)

    ResponderEliminar
  20. O eter tem muitas virtudes e certamente muitos defeitos. O confronto de mentes liberais, por ideias com valor e uma delas, e ai tenho de admitir um certo carinho pelo prazer carnal.
    Ironia ou nao, aprecio mentes liberais e reconheço esses ideais em ti :)

    Yours sincerely

    ResponderEliminar
  21. S, para que não haja confusões quando disse "não conhecço esse tipo mas que ele tem razão lá isso tem" referia-me obviamente ao autor do texto do Expresso :)

    ResponderEliminar
  22. Eu sei Martini. Nunca pensaria de outro modo. :)

    ResponderEliminar
  23. Tens toda a razão. De facto, as pessoas têm muito medo da força e poder das palavras... Beijinhos

    ResponderEliminar
  24. Cada um chama o que quiser aos seus apendices mijatorios, porra! Penis e vagina é para os medicos, para mim é nabo e maria caxuxa , mai nada . . .

    ResponderEliminar
  25. Lembrei-me agora de uma noite em que estava com uns amigos e de repente começamos a falar de uma rapariga que era namorada dum amigo nosso e a dita rapariga era prostituta ou puta.
    Passamos a noite inteira a chamá-la de dama-da-noite.

    De facto, tinhamos medo das palavras.

    ResponderEliminar
  26. Eu acho que, comparadas com as palavras que se usam pra as substituir (há muito pior do que pachacha :P ) pénis e vagina até são palavras bonitas xD

    ResponderEliminar
  27. é questao de contexto, também.
    Na Damaia não vais dizer "preto" com tanta facilidade como dizes aqui.
    Na cama não vais dizer "pénis" ou "vagina", a bem da vida sexual de ambos.
    E putas, são putas.

    ResponderEliminar
  28. Então não dizes Prezado?

    É como nos livros Harlequin...

    Amor, coloca o teu membro tumefacto no meu centro feminino. Lindo. :P

    ResponderEliminar
  29. Concordo plenamente. Teria até uns bons exemplos para dar, que não vou expor ao publico ;p Aliás, quanta gente há que acredita que dizer as coisas só as potencia, e as trás mais perto de acontecerem?



    PS - @H: "nos os homens", desculpe mas não. Voce não representa de modo algum a raça masculina, basta ler o que escreveu.

    ResponderEliminar
  30. As pessoas criaram uma defesa sem sentido: a do politicamente correcto.
    Quem daí sair pode ser execrado.

    ResponderEliminar
  31. lolol

    Achei muita graça ao comentário do Rui Caldeira...

    Pois eu sinceramente acho os nomes que inventaram piores que os correctos, no entanto confesso que acho graça, talvez um fenómeno cultural até, acho que deviam pesquisar os nomes todos que existem ao longo de pais para pénis e vagina e vão encontrar certamente nomes engraçadíssimos.
    Aqui eu não conhecia pachacha, acho este um pouco bruto até, aqui chamamos "popona" ou "rosinha" com o Ó fechado. Quando ao homem é uma "pompinha" mais para os meninos, já os homens têm uma "blica".

    Bem agora vou ler o artigo...

    ResponderEliminar
  32. lolol
    Agora que fui ler o artigo, sinceramente nesse caso o autor tem razão, eu falo outros nomes diversos no grupo de amigos, no entanto para descrever uma situação dessas, para já num locar publico acho pouco civil, a intimidade da pobre incocente está a ser divulgada quando ela nem ainda tem capacidade para se impor, ainda mais com o termo "pachachinha", aqui em S. Miguel podemos ser considerados uns brutos a falar, mas antes "rosinha" que "pachachinha", lolol, pelo menos cheira melhor!!!

    ResponderEliminar
  33. Que conversa tão "elevada".
    Eufemismo é um gajo do norte ser comandante da PSP de Aveiro e chamar-se Francisco Bagina, quando toda a gente sabe que no norte trocam os "Vês" pelos "Bês".
    E diz o professor José Hermano Saraiva que na época de Cristóvão Colombo o último apelido era o herdado da mãe.
    Não me parece que o Sr. Comandante seja assim tão "antigo" :)

    ResponderEliminar
  34. "Em relação aos nomes dos genitais (voltamos à crónica), até entendo que se utilizem outros nomes. Há que assumir que "pénis" e "vagina" são palavras feias. Não soa bem, não é bonito e muito menos é excitante."

    Pirilau e pachachinha é bem mais horroroso. Odeio dizer esses nomes! LOL prefiro pénis e vagina!

    ResponderEliminar
  35. houve uma altura da minha vida - a nível literário - em que granjeei algumas antipatias pelo uso de palavras que, eram consideradas demasiado fortes, mesmo quando era minha intenção usar da sua força, sem qualquer outra intenção mais torpe que a de ser directo. Há palavras feias que soam bonitas, dependendo dos contextos e que são ofensivas apenas na cabeça das pessoas que as ouvem ou lêem. A palavra não tem de ser uma arma, mas um instrumento, uma ferramenta para chegar a outro alguém. As palavras bonitas ou feias não fazem mal, não ferem, as pessoas, as mentalidades, sim, são perigosas.

    ResponderEliminar
  36. Hoje um amigo meu deu-me a conhecer a seguinte expressão: "Somos senhores dos nossos pensamentos, mas escravos das nossas palavras..." Lido o post considerei que seria adequada a partilhar aqui.

    ResponderEliminar
  37. Dear H,

    pois que a Buttafly usa eufemismos e muito mais - aliás, usa tudo o que quiser e mais que apeteça, o blog é seu e é isso que interessa. Só não usa outra blogger numa qualquer catfight para satisfazer a curiosidade mórbida de gente que não sabe o que diz, deal?

    ;)

    ResponderEliminar
  38. é isso mesmo! a forma está como as coisas são ditas!

    ResponderEliminar
  39. Este post está fantástico. Tens toda a razão, as pessoas enrolam muito no que dizem, procuram palavras mais bonitinhas que de bonitinhas não têm nada. E então quando explicam aos filhos certas questões relacionadas com a sexualidade vão buscar termos que eu acho que não são os melhores.A usar as palavras então que se faça para transmitir conhecimento.

    ResponderEliminar
  40. Olá! Descobri hoje este blog e nem ía dizer nada porque raramente comento o que quer que seja
    (apesar de ser uma grande cusca e andar sempre a espreitar os blogs das listas dos blogs da minha lista!). Tal como dizes num post mais recente, não gosto cá de andar a fazer propaganda!

    Mas adiante! Este teu texto lembrou-me uma frase que li no Harry Potter e a Pedra filosofal!

    “Always use the proper name for things. Fear of a name increases fear of the thing itself.” (Dumbledore)

    E é tão verdade!!!

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Para dormir - solução, procura-se!

É uma pessoa desesperada que vos escreve, esta manhã. Conhecem soluções naturais para dormir bem de noite? Algo que me faça ferrar o galho e só acordar no dia seguinte? Estou farta de noites mal dormidas. Estou farta de ficar até às 5 ou 6 da manhã sem conseguir dormir. Chego ao desespero, com vontade de chorar. De dia, sinto-me cansada, porque o descanso é uma porcaria. Não sou grande adepta de medicamentos mas, se tem de ser, é. Alguém conhece um remédio, uma erva, o que seja?

Coroas caseiras

Este ano a senhora minha mãe entreteve-se a fazer coroas de Natal. :) Para ela, fez uma coroa mais tradicional, com as peças decorativas em plástico, à moda antiga. Para a minha irmã, fez uma rena.  Para mim, fez a coroa mais espectacular de sempre, com flores artificiais, muitas bolas coloridas e pendentes dos corações. Romântica, como eu.  Contagem decrescente para o dia mais especial do ano... Amanhã inaugura-se o calendário de advento com quadradinhos de chocolate!

Um ano a dois

Como o tempo voa, hoje celebro um ano de um relação calma, que me foi conquistando aos poucos e que, hoje em dia, me dá todas as certezas. Quando nos conhecemos, em Abril do ano passado, viramos amigos. Na verdade, tornou-se meu confidente e aturou-me durante semanas e semanas a "chorar-me" por outra pessoa. Já eu percebi que ele gostou de mim no primeiro café que tomamos, mas como é tão ou mais discreto que eu, nada feito. Ficamos assim, entre avanços e recuos, entre conversas diárias e afastamentos semanais. Ao meu lado quando fui operada e nos dias que se seguiram. Eu ainda sem rumo, à procura de algo que não sabia ainda o que era. Foi no dia 6 de setembro de 2021 que a amizade evoluiu para algo mais.  Desde o primeiro dia que não me deixou dúvidas de que queria estar ao meu lado. Acho que foi exactamente isso que (de forma um pouquinho "umbiguista") me fez apaixonar por ele. Sempre percebi que gostava de mim. Sempre me senti acarinhada, querida e desejada.  Dura