"Em regra, um bom pai e uma boa mãe tratam bem dos seus filhos. Fazem tudo por eles, trabalham, trabalham, trabalham, chegam a casa, cozinham para eles, lavam-lhes a roupa, estendem-lhes a roupa, recolhem-na, passam-na a ferro, fazem-lhes chá quando lhes dói a barriga, fazem-lhes o pequeno almoço se estão doentes (e alguns mesmo quando não estão), abdicam de si por eles. Deixam de ir ao ginásio porque o dinheiro não sobra, mas não tiram os filhos do karaté, natação, música, violino, dança. Deixam de ir ao cabeleireiro com a frequência devida, descuram as madeixas, andam com as brancas à mostra, mas não deixam que o cabelo dos filhos ande espigado.
Passam a comprar roupa barata e só em dias de festa, mas não deixam de comprar Carhart, Nike, Adidas, Levis, Replay, para os meninos. Os mesmos meninos que, apesar de saberem das dificuldades dos pais (e se não as sabem, é falha dos pais, pois deve aprender-se cedo que o mundo é imperfeito e o dinheiro não chove), não se inibem de exigir um par de calças de 100 euros, uns ténis de 150, ou uma mochila de 50, porque é o que os colegas têm. Os pais deixam de sair ao fim-de-semana para algum lado especial, deixam de ir ao restaurante, deixam de viajar, mas os filhos continuam a receber dinheiro para ir para a noite, para se embebedarem, para deitarem tudo num vómito ou dois a seguir, para fumar, para a ganza.
Passam a comprar roupa barata e só em dias de festa, mas não deixam de comprar Carhart, Nike, Adidas, Levis, Replay, para os meninos. Os mesmos meninos que, apesar de saberem das dificuldades dos pais (e se não as sabem, é falha dos pais, pois deve aprender-se cedo que o mundo é imperfeito e o dinheiro não chove), não se inibem de exigir um par de calças de 100 euros, uns ténis de 150, ou uma mochila de 50, porque é o que os colegas têm. Os pais deixam de sair ao fim-de-semana para algum lado especial, deixam de ir ao restaurante, deixam de viajar, mas os filhos continuam a receber dinheiro para ir para a noite, para se embebedarem, para deitarem tudo num vómito ou dois a seguir, para fumar, para a ganza.
Os pais aturam desaforos, filhos mal-educados, acusações, exigências, dedos apontadods. Os filhos não aturam nada, não têm consciência do difícil que está a ser aguentar o barco que é a casa onde vivem.
A recompensa vem uns anos mais tarde. Quando os pais já estão mais velhos e os filhos estão formados pela Católica onde se fartaram de repetir anos e cadeiras - porque nem a decência de umas notas de jeito conseguiram e também não se preocuparam com o facto de sobrecarregarem os pais com mais esse estouro nas finanças da casa -, casam, saem de casa, os pais ainda lhes pagam o casamento, devido a mais um empréstimo que tiveram de fazer para o efeito. Mas os filhos querem quinta alugada, fogo de artifício, centenas de convidados, morangos e champanhe pelos corredores a fora. E os pais dão, porque esse é o dia do menino ou da menina.
Primeiro, visitam-nos todos os domingos, depois já nem por isso, só nas festas ou de mês a mês. Alguns todos os dias, porque comer na casa dos pais dá jeito e menos trabalho.
Primeiro, visitam-nos todos os domingos, depois já nem por isso, só nas festas ou de mês a mês. Alguns todos os dias, porque comer na casa dos pais dá jeito e menos trabalho.
Os pais continuam a viver na casa já velha onde sempre viveram, mas os filhos constroem logo uma casa com jacuzzi, coluna de hidromassagem e piscina, que puderam comprar com o empréstimo que pediram ao banco e tendo os pais como fiadores.
A recompensa vem em palavras como as que ouvi de um rapaz num programa da tv outro dia, que devia ter uns 18 anos, a propósito de a mãe se ir sujeitar a uma operação à barriga porque tinha muitos complexos pois a mesma barriga tinha ficado muito estragada depois de ter os filhos: "O que é que eu acho? Eu não acho nada... Tudo bem, só acho que ela podia gastar antes o dinheiro em coisas para o nosso barco ou para nós". Ora toma e embrulha...
Uns anos mais tarde, quando os pais já estão ainda mais velhos, débeis, doentes, alguns acamados, a precisar deles, das duas uma: ou os põem num lar, ou simplesmente abandonam-nos.
Ter trabalho? Para quê? O que é que os meus pais fizeram por mim? Não fizeram mais que a sua obrigação."
Caixa Poeirenta. AKA, minha gémea. Vê-se logo que a inteligência é de família. :P
Caixa Poeirenta. AKA, minha gémea. Vê-se logo que a inteligência é de família. :P
Belo texto...
ResponderEliminarBjx
ora toma lá....
ResponderEliminarEu qdo tiver idade para isso e uma vida estável quero ter um filho meu e um adoptado :)
ResponderEliminarBeijinhos
E este é o mundo que temos...resta-nos esperar que os nossos sejam melhores do que os outros e não nos abandonem :S
ResponderEliminarBeijo*
Já tinha lido este texto.
ResponderEliminarÉ da tua gémea?
Triste realidade, fruto desta sociedade desumanizada e egoísta.
Aplaudo de pé!
ResponderEliminaros meus pais não são nada assim , e sinceramente, ainda bem!
ResponderEliminarPois, mas os pais sujeitam-se a isso. Vai na educação de cada um!
ResponderEliminarQuanta realidade! Infelizmente é assim que acontece!!
ResponderEliminarGostei do texto!
Kisses
costumo pensar que sou um rejeitado da sociedade... quando era puto nunca tive nenhuma actividade extra-curricular. é que nem à catequese me obrigaram a ir como todos os meus amigos (hoje penso que foi a decisão mais acertada).
ResponderEliminarenfim, sempre andei de cabelo grande (e espigado em maior parte das vezes), nunca usei roupa de marca (a não uns ténis ou outras peças quaisquer de vez em quando).
Agora também penso que até fui um bom filho porque nunca pedinchei nada... talvez porque nunca liguei a isso ou talvez porque sabia que não dava para ter o que queria.
ah... é exactamente sobre isto que a minha avó diz "vale mesmo a pena criar corvos para depois nos picarem nos olhos"... =D
Adorei essa da avó! :P
EliminarGostei dessa da avó! :-P
EliminarCromo, é sim. :)
ResponderEliminarÉ a recompensa pelo esforço de uma vida...
ResponderEliminarQuem sai aos seus...
ResponderEliminarBelo texto, e é por isto e outras coisas que quando penso em ter filhos pondero tanto, se vale mesmo a pena ...
ResponderEliminarBjs*
Meninos e meninas mais novinhos: Vale a pena ter filhos! Não é fácil educá-los mas podemos ajudá-los a manter os valores que achamos fundamentais e fazer deles homens e mulheres como muitos e muitas que aqui escrevem, a S* e a mana, por exemplo! :))
ResponderEliminarMuito,muito bom,mesmo =)
ResponderEliminarAinda há pessoas assim? Brrr... só de pensar nisso.
ResponderEliminarEu já ando a pensar na forma de pagar o erasmus aos meus pais. E até já sei como o vou fazer. Claro que eles nunca aceitariam dinheiro, mas eu já tenho um plano x)
Isso é que são verdadeiros parasitas da sociedade. Odeio pessoas assim. Apetece-me leva-las debaixo do braço durante um dia e dizer-lhes "é assim que tens de ser com os teus pais". É uma falta de respeito.
Mas também uma falta de educação. A verdade é que se eles estão nessa posição grande parte da culpa é dos pais que querem dar tudo aos filhos. Não há nada como um não.
Espectaculo este post... adorei... se bem que obviamente exagerado, acho que há de facto muito menino e menina que pensa assim... Deus me livre e guarde dos meus filhos serem assim... se bem que eu acho que tudo isto é culpa dos proprios pais que deixaram chegar a este ponto.. agora vou só comentar uma coisa... os meus filhos ainda nem têm 3 anos mas revejo-me completamente em metade do post... as coisas que deixamos de fazer por eles não tem explicação....
ResponderEliminarBeijos
Rita
com um :) para o texto. eu como mamã tento dar quase tudo mas insisto para que falte a parte que estraga. em 7 anos tenho conseguido um bocadinho e todos os dias faço por isso.
ResponderEliminarAdorei o que disseste, realmente dá que pensar e pôr a mão na consciência, pois todos já fomos filhos e já passamos por um vez ou outra, ser maus com os nossos pais que abdicam de tudo por nós.
ResponderEliminarbj
eu gosto especialmente da parte cíclica deste problema. É que depois os netos fazem o mesmo aos filhos, and so on.
ResponderEliminarMuito acerto este post e não acho nada q seja exagerado. uma vez, a mãe de uma amiga minha disse-me que ela vestia-se de roupa da feira para comprar à filha roupa das melhores lojas aqui da terra. Verdade. Essa minha amiga tinha de tudo, se alguém tivesse ela tinha de ter. Como ela há montes de crianças que são assim e se o são é pq os pais os educaram a sê-lo. E permitem que tal aconteça.
ResponderEliminarAndarem na Católica, diz logo muito sobre eles e as suas famílias.. --'
ResponderEliminarFelizmente, não tive essa educação (já postei sobre isso), se calhar pertenço a "outra" geração. Não tenho filhos por opção(biológicos, só tenho de 4 patas), portanto, não costumo pronunciar-me sobre a EDUCAÇÃO dos que têm...Enfim, só para dizer que "as manas" são, apenas, brilhantes :) Beijo
ResponderEliminarnão percebi bem se o texto critica mais os filhos por serem uns mimados ou os pais por mimarem-nos demais. mas estou mais pelos pais mimarem-nos demais.
ResponderEliminaro segredo está na educação que lhes é dada.
ResponderEliminarcom os valores que lhes são transmitidos a quando do seu crescimento e desenvolvimento. H q nao esquecer q os pais os criaram assim....
Fazendo deles monstrinhos fúteis......
Isto das generalizações tem muito que se lhe diga....
ResponderEliminarBEIJOOOOOO
Fico a torcer para que haja bons filhos a quem os pais tenham pago os estudos na católica, assim como haverá bons filhos a quem os pais nunca pagaram quase coisa alguma. Gosto de achar que pertenço a um desses grupos. Na verdade, o último. E isto, apesar de ter nascido já nos tempos novos, os da liberdade! :P
ResponderEliminarNão pagaram, mas aturaram-me em casa durante bem tarde, enquanto eu tratava de tentar estudar, com imensas dificuldades e já com um percurso mal orientado de raiz, que lá em casa todos se estavam nas tintas para a prossecução dos meus estudos, nem a mãe alguma vez pensou em arranjar trabalho para ajudar nisso, nem algum deles sabe o nome de alguma disciplina que eu tenha feito em algum dos meus cursos e nem um pouco de silêncio se fazia em casa em alturas de exames ou teses. Eu lá dormia, lá jantava de quando em quando (era trabalhadora estudante) ou ceava, e todos os artigos pessoais cedo fui eu a pagá-los também. Não a água, a luz ou o gás; mas o telefone, esse sempre esteve sob vigilância rigorosa. Lembro-me de precisar da internet como de pão para a boca, e saber que se acedesse (ao início era por ligação telefónica) teria sermão e missa cantada depois. Mas como sempre tive bons amigos de gerações um pouco mais maduras e que ainda chegaram a estudar sem ter luz eléctrica, fui relativizando um pouco as coisas. Ainda não o fiz bem, mas...
Na verdade, tudo é relativo, mesmo. Sobretudo, subjectivo. Nós controlamos! :)
Gostei do post!
Deixo um abraço,
APC