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Na minha ronda diária por estes blogues fora acabei por embater numa realidade que me chamou a atenção: a falta de esforço.

Hoje em dia as pessoas estão mal habituadas, esforçam-se pouco e esperam que as coisas lhes caiam do céu. São comodistas, conformadas, não lutam a sério pelos seus objectivos. Vejamos:

O povo português queixa-se todo o santo dia dos seus governantes, mas nada faz para alterar a situação. Não se exaltam, não rodam a baiana, não fazem uma revolução (à moda do 25 de Abril, sem armas). Ficam ali parados, cabisbaixos, como quem consente.

E esta mesma falta de esforço verifica-se nas relações. Hoje em dia é tudo muito fácil: casam-se facilmente, por tudo e por nada. Uma paixão fugaz de um mês resulta, imensas vezes, numa casamento ainda mais fugaz. Divorciam-se também com extrema facilidade, como se fosse entrar numa loja e trocar uma peça de roupa que tem defeito.

Também não entendo as relações com prazo de validade. Passado uns anos as relações terminam porque as pessoas preferem um novo brinquedo, mais jovem e engraçado. A novidade é fascinante, claro, mas pouco tempo depois deixa de o ser.

Não há esforço, não há entrega, não há dedicação. Não há o "na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a morte nos separe" (acho que é assim...). Ao primeiro abanão, divórcio. É mais fácil, claro que é. Mas não é o mais correcto.

Até a pessoa mais adorável tem defeitos. Até a pessoa perfeita nos irrita de vez em quando. Até a pessoa perfeita nos enerva ao ponto de nos apetecer "explodir" de raiva. Mas eu sou daquelas pessoas que acreditam no Amor, com maiúscula. Uma relação implica muita vontade, imensa vontade. Vontade essa que nem todas as pessoas têm. Ninguém atura o parceiro 24 horas por dia com facilidade.

Uma relação (que pode implicar ou não o casamento) constrói-se com esforço, com cedências de parte a parte. As discussões, os gritos, fazem parte. Quem nunca se exaltou que atire a primeira pedra. Quem nunca teve vontade de mandar o parceiro à merdinha, que se acuse. Óbvio que as discussões não têm de fazer parte da vida do casal, mas todos acabam por tê-las, umas vez por outra.

Quem está mal, muda. Muda para conseguir que a sua relação resulte. A conversar é que a gente se entende.

As relações só são eternas enquanto duram. Mas acredito que possam existir relações que durem uma vida.

A pessoa perfeita não existe. O que existe é uma pessoa imperfeita que, com esforço e amor, pode encaixar em nós na perfeição.

Comentários

  1. Concordo, na generalidade, contigo. O grande problema é encontrar uma pessoa por quem valha a pena ceder, lutar, trabalhar. Isso é que é o dificil.

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  2. Hmm pois é...concordo com tudo o que escreveste Sanxeri! Mas também concordo com o primeiro comentário do Miguel. Não é fácil encontrar a pessoa adequada, mas quando a encontramos, vale a pena o esforço, isso sim. Sem dúvida! E apesar de ser cada vez mais raro, eu também ainda não deixei de acreditar nas relações que duram uma vida. Espero não estar redondamente enganada...

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  3. Caramba, Sanxeri, acabei de ler o post e fiquei atordoado, sem ter a certeza se estaria a ler um texto de outra pessoa ou se, de repente, eu começara a escrever alguma coisa de jeito e o post era meu, tal o grau de identificação que sinto em relação ao que acabaste de dizer.Um tema caro às gerações menos jovens, visto pelo olhar mais realista de quem melhor conhece os problemas actuais da juventude de hoje.
    "A pessoa perfeita não existe. O que existe é uma pessoa imperfeita que, com esforço e amor, pode encaixar em nós na perfeição."
    A minha avó não o diria melhor, até porque já morreu há vinte anos e os mortos não dizem nada. Hás vezes já é difícil que os vivos digam alguma coisa de jeito...
    Ahahahah.
    Sinceramente, gostei muito!

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  4. Falta de esforço.Se queres que seja sincera, acredito que sempre tenha havido, creio, no entanto, isso seja mais visível nos nossos tempos. No que concerne às relações, por exemplo, era muito mais difícil para as pessoas se poderem divorciarem. Os maridos traíam, as mulheres também (provavelmente menos, já que era e, ainda é, muito mais criticado), mas o casamento mantinha-se porque as aparências tinham que ser mantidas. Hoje não se passa assim. As pessoas casam e "descasam" de ânimo leve e sem pensarem nas consequências dos seus actos. De facto revolta-me ver pessoas casarem quando se conhecem há apenas um ano (e às vezes há menos tempo!!!). Tira-me do sério pessoas que acabam um relacionamento por tudo e por nada. A ideia de compromisso está muito fragilizada e, a meu ver, incompreendida.

    Um relacionamento implica, necessariamente, concessões e sacrifícios. Escolhas que não seriam propriamente a nossa 1ª opção, mas que o fazemos pelo nosso parceiro e para o bem da relação. Assim como esperamos o mesmo do outro.

    Mas como vamos explicar isso à "geração instantânea"?

    beijinho*

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  5. Os problemas actuais da juventude de hoje, é cá uma frase e tantas. ahahah

    Como se fosse possível à juventude de hoje ter problemas que não fossem actuais.
    Enfim, a janela dos comentários é pequena, não deixa ver a totalidade das asneiras que se escrevem... desculpas ahahah.

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  6. Mas tu já saíste de casa do papás? Já viveste com alguém? Já viveste um relacionamento longo? Já experimentaste um casamento? Já passaste por um divórcio? Já entraste no mercado de trabalho?
    Então quem és tu para falar disto assim? Cresce e aparece miúda!
    Na tua idade é normal acreditar que podes mudar o Mundo, acreditar num amor puro e incondicional, acreditar que vais ser melhor que a tua mãe, etc.
    Daqui a uma década descobrirás que amor incondicional só existe de pais para filhos e vice-versa e às vezes nem isso!
    Na tua idade, em vez de passares tanto tempo aqui, devias era estudar e ter excelentes notas, começar a fazer planos sérios para arranjar um bom emprego (no estrangeiro de preferência) em vez de te ocupares de palermices.
    E ías cair de cu se soubesses quem sou.

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  7. Clap clap Sanxeri muito bom mesmo :)já notei que também tens ai um anónimo...isto agr levantamos uma pedra e eles saltam lá de baixo...pois eu já sai de casa dos papás ha muito tempo, não passei por um casamento nem por um divorcio mas tenho os excelentes exemplos em casa dos meus pais casados ha 32 anos e a minha irmã mais velha casada ha 10 anos e que por acaso se casou com 20...e qualquer um deles faz um esforço todos os dias que as coisas não correm tão bem e ensinaram-me exactamente o que escreves-te aqui...é preciso um esforço, é preciso lutar para que corra bem! Se é a pessoa correcta ou não só o tempo o dirá e afinal tudo vale apena quando a alma não é pequena :)

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  8. Sanxeri, realmente aquilo que descreves corresponde em bom da verdade ao que cada vez mais se vai passando. Mas acredta que há excepções ao que consideras regra. Há que viver um dia de cada vez, sem grandes expectativas, para que na hora de "sofrer" a dor seja menor ;)

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  9. Realmente a falta de esforço das pessoas incomoda-m... Se bem que as vezes tb sou atakada por essa estranha preguiça que é esperar que as coisas me caiam do ceu... Acontece... Mas acho que abri os olhos...
    Beijos e bom fim de semana

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  10. Realmente a falta de esforço das pessoas incomoda-m... Se bem que as vezes tb sou atakada por essa estranha preguiça que é esperar que as coisas me caiam do ceu... Acontece... Mas acho que abri os olhos...
    Beijos e bom fim de semana

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  11. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  12. Desconfio que o anónimo é.......... a tua mãe! LOL

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  13. Tal como dizes, hoje em dia é tudo muito fácil. Demasiado fácil para que haja o esforço necessário para algo tão "difícil" como o são as relações. Não digo que a falta de esforço ou de entrega se veja apenas agora, mas acredito que, sim, se verifica cada vez mais. Ninguém quer perder muito tempo a deixar que "alguém imperfeito, encaixe em si na perfeição".. Bjs e parabéns pelo texto

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  14. Não podia estar mais de acordo.
    Faz-me muita impressão aquelas pessoas que falam em casamento já a pensar em divórcios,a minha resposta a isso é bastante rápida e brusca por vezes. " Se vais casar a pensar como será o divórcio, não cases. Não vale a pena."
    A falta de esforço não é defeito do povo português! É feitio.
    Beijinho e continua os textos fantásticos :)

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  15. Em parte concordo contigo, em parte não. Concordo que as pessoas são cada vez mais comodistas, egoístas e pouco dadas a tudo o que implique um esforço adicional. Mas não acredito nesse facto, enquanto causa actual do divórcio. Dantes, as pessoas casavam-se ainda mais precipitadamente (às vezes, conheciam-se há meia dúzia de meses e namoravam à janela) e os casamentos duravam uma vida toda. Se eram felizes? Não acredito. Ninguém era livre, ninguém agia de acordo com a sua vontade.Viviam para a aparência social e moral. Não vejo nada de negativo no divórcio, desde que seja uma ponte para a felicidade individual. Acima de qualquer coisa, acredito na liberdade e no respeito mútuo.

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  16. Anónimos há muitos (como as sardinhas) e à dúzia é mais barato.
    Também vou comentar anónimo/a, porque não estou pra levar com anónimos frustrados/as no meu blog (vade-retro).
    Estou como a Joaninha: os bons exemplos vêm de cima e sempre os tive, na altura própria. Talvez por isso tenha um casamento de 30 anos, para mim. 30 anos de felicidade.
    Já agora (que estou anónimo/a) aproveito pra deixar uma "boca" à Teresa, a quem a falta de esforço das pessoas incomoda. Realmente, Teresa, nem é caso para menos, depois do esforço que fizeste até o comentário saiu três vezes eheheheh.

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  17. Eu subscrevo tudo o que dizes, da primeira palavra ao ponto final. Acho, contudo, que tudo isto é verdade quando duas partes pensam assim... o que faz com que só uma minoria vá ter um casamento feliz para toda a vida... porque os há para toda a vida sem felicidade, infelizmente.
    Não te consideres romântica, sonhadora ou platónica... estás à frente do teu tempo, só isso! :)
    Beijinhos

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  18. Sanxeri, li este teu "post"... e realmente concordo na essência contigo, na realidade somos bombardeados desde pequenos para as novidades, que as coisas venham cá parar à mão, não valorizamos o que temos e queremos sempre mais... seja com um simples telemovel ou algo mais complicado como uma relação. somos egoístas e gostamos... é simples!

    =)

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  19. Eu acho que as pessoas são comodistas sim, mas penso que é maldade dizer que há mais divórcios por isso, acho que pode ser cruel para quem tentou tudo. Acho é que hoje em dia as coisas estão mais a descoberto e já não há razão para faltas de respeito. Quantos casamentos infelizes haviam? Imensos! Só que as mulheres pura e simplesmente não tinham como se separar, seja por motivos económicos ou mesmo por educação. Quantas apanhavam dos maridos e calavam? Separavam-se por isso? Claro que não! Hoje em dia pessoa nenhuma tem motivos para ficar num casamento infeliz. Agora se se esforçam pouco ou não para resolver as coisas, talvez sim, talvez haja muita impaciência.

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  20. é giro... quase todos concordamos com o que escreves, mas isso não basta, é necessário passar ás acções!

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  21. Olá a todos. :)

    Primeiro que tudo, Anónimo, tens direito à tua opinião, respeito-a. Não me interessa saber quem és, isso não é relevante para mim. A minha mãe sei que não és. :P

    Quanto ao facto de hoje em dia as pessoa se divorciarem mais facilmente pelo facto de não terem de suportar um casamento infeliz, concordo em absoluto. No "antigamente" muitas mulheres estavam casadas pelo preconceito de serem mulheres divorciadas. Viviam com homens que lhes batiam e suportavam-no por amor aos filhos. Hoje em dia isso ainda existe, mas não tanto. E ainda BEM.

    Contudo, vivemos numa sociedade do imediato, muito frenética. E as paixões também o são, rápidas.

    Obrigada a quem comenta (sem ofender) ;)

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  22. Concordo contigo. A pessoa perfeita não existe mesmo!

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  23. Também eu sou daquelas pessoas que sempre acreditou no Amor,e do alto dos meus 32 anos posso dizer te que ele pode mover montanhas.Agradeço á vida a capacidade que sempre me deu de acreditar,incondicionalmente.
    Um Amor é como ter um filho,exige dedicação,cedências,muito tempo mas é a melhor coisa da vida.Beijinhos

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  24. Também concordo contigo (mais uma). Aliás, concordo com as duas posições que aqui foram sendo expressas: ainda bem que (alguns) divórcios se tornaram mais fáceis e que as pessoas já não aguentam (tantos) casamentos infelizes só para bem das aparências ou por necessidade. Sou da opinião que nunca o amor esteve tão bem de saúde como hoje. Nunca como agora, uma maioria dos casais que estão juntos o estão por amor e de forma feliz. Quando me vêm com discursos de «antes é que era» costumo perguntar »para quem?», pois ainda há poucas gerações atrás muita gente se casava por mero interesse económico e as traições (dos homens, como já foi dito) eram mais que toleradas. Casamentos realmente felizes e preenchidos seriam raros.
    Hoje, as pessoas casam por amor (na sua maioria, pelo menos) e divorciam-se quando o amor se vai. O problema está aqui, e é aqui que entra a questão do esforço, de que tão bem falas: muita gente tem a ilusão de que as coisas têm que ser perfeitas, imediatas e fáceis. E ao primeiro tropeção desistem. Mas o amor, ainda hoje o li, tem muito mais a ver com o cuidado permanente, com o carinho, a atenção, o «na saúde e na doença», do que com a paixão (essa sim, muito mais volúvel e difícil de durar uma vida toda) - e isso, sim, requer trabalho e esforço. E ainda bem, porque sabe muito melhor.
    Parabéns!

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  25. Pois é isso mesmo. Mas queres a minha opinião? O pior num casamento é quando não há discussões. Tudo "parece" bem, todos dizem que o casal foi feito um para o outro. Às vezes não é assim...

    Beijinho

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  26. Olá

    Até posso concordar me parte com aquilo que afirmas, mas tens também o outro lado onde me incluo os que se esforçam e fazem de tudo num relação enquanto a outra pessoa nem se esforça um terço, nessa altura quando ficamos sós pensamos em ficar mais duros em relações futuras e não voltar a deixar que os sentimentos falem por si….O pior é que eu não conseguiria nunca deixar que os meus sentimentos não se fizessem ouvir por isso de certeza que na próxima relação voltarei a cair no erro de dar tudo.

    Beijinhos

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