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Da Força

Fui operada há três semanas e dois dias, a 19 de Maio.

Vou poupar-vos à agonia das dores, às noites atrozes, ao facto de demorar quinze minutos só para ter coragem de tentar levantar-me. Estou a melhorar, a curar-me, com a Mãe como porto de abrigo.

A verdade é que uma pessoa encontra forças onde julga que nem as tem. Foi por isso que, quando descobri, no dia de aniversário do meu filho, uma daquelas verdades que ninguém gosta de descobrir, a minha mistura foi entre o choque e o "se eu aguento que me serrem o esterno e tenho alta três dias depois, aguento tudo".

Tem sido assim a minha vida nas últimas semanas. Um renovar constante no orgulho que tenho nas forças que nem sabia que tinha. Porque isto custa. Custa muito. Nunca pensei que custasse tanto. Custa não poder usufruir dos meus direitos de Mãe há quatro semanas porque não tenho condições para cuidar do meu filho. Claro que o vejo praticamente todos os dias, vou buscá-lo à escola no Táxi Avó Maria (minha mãe), lanchamos juntos, mas pouco ou nada consigo fazer com ele. E sei que ele está carente, mais meloso e choroso comigo. Dorme no meu quarto uma vez por semana, nesta fase, porque mais do que isso é muito pesado para mim - ele acorda de noite, eu mal me mexo, por isso tenho noção que não tenho condições para o amparar... Parte-me o coração.

Custa ter ficado três semanas sem o meu cão, que voltou a morder-se com o stress. Custa que a minha gata esteja há quase quatro semanas em modo auto-gestão, sozinha no meu apartamento, porque sofre de leucemia felina e não pode misturar-se com outros gatos. Visito-a dia sim, dia não, passo uma hora ou duas com ela, mas sei perfeitamente que não é o ideal e sinto-me uma merda por isso.

Mas esta semana voltei ao trabalho. Com toda a gente a dizer que era louca, que precisava descansar... Mas faz-me TÃO bem estar com as colegas, conversar com pessoas, sentir-me útil. Óbvio que tenho de fazer diversas pausas, que faço a minha "ginástica" no gabinete, para relaxar pescoço e ombros... Mas sinto-me útil e feliz por retomar um bocadinho a minha normalidade.

E a família, os meus amigos e colegas? Não sou pessoa de muitos amigos, mas tenho sorte com os que tenho. Têm sido uma companhia imensa. Uma preocupação constante. E isso também me incentiva a não ceder ao "ficar no sofá". A minha mãe, então, é uma guerreira. Sempre o soube, mas é incrível como uma mãe vira leoa protectora quando uma das suas crias (mesmo que a cria tenha 32 anos...) está mais fragilizada. 

O amor dos que me amam é a minha verdadeira força. Eu cá estou, a recuperar aos poucos, mas com um orgulho imenso em mim. Se eu consigo lidar com esta logística louca de recuperação, filho, cão, gata e trabalho... Consigo tudo!

Comentários

  1. Força, S*! Logo, logo voltas à tua rotina. Só falta mais um bocadinho :)

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  2. Pois, o teu ex já tem outra. Já os vimos cá por Viana :(

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    1. Oh Valha-me Deus.

      Pronto, para evitar mais comentários destes... Eu tive um namorado no início deste ano, relação que ficou privada, apenas entre nós os dois. Não me refiro ao meu ex marido. Desejo-lhe toda a felicidade do mundo. E até a este ex namorado, apesar da desilusão, desejo toda a felicidade.

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    2. S, uma questão sem o mínimo de maldade, mas como tenho gostado muito de ouvir o podcast da pipoca e tenho reflectido sobre vários aspectos desta temática. Como encaram estas situações tendo em conta que há um filho? Ou seja, como gerem apresentar (ou não) a nova pessoa à criança e em que momento acham que se deve fazer? Por outro lado, como encararm vocês o cenário de haver uma madrasta/padrasto que possa interferir na educação dos vossos filhos?

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    3. Anónimo, que comentário mais ridículo. 🤦‍♀️ Gostava de ver a sua reação ao saber que a Sónia também já teve outro (coisa que é absolutamente normal para provavelmente toda a gente menos a anónima)

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    4. Então tens 2 ex 😂😂 Qual já tem outra, os dois? Irra, olha só do que te livras te ahah

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    5. A rapariga fala de saúde e vem esta criatura de cima falar do ex-marido (again!).
      Se eles se divorciaram foi precisamente porque queriam seguir com as vidas em separado.

      Se a S* teve um namorado no início do ano, então, porque motivo o ex-marido não poderá ter namorada?!

      Para a anónima 18:07h, honestamente, que falta de chá a sua.
      Deixem as pessoas viver sem massacrar constantemente com a cena do divórcio.
      São ex-marido/ex-mulher e então?
      Eles até se dão bem, pelos vistos, veja lá o desplante!!!
      Enfim, cada comentário, só visto.

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    6. Ahahah

      Vou tentar responder a tudo. Também tenho ouvido o Podcast e sou ainda mais fã da Pipoca pela honestidade. Eu também falo com honestidade de tudo.

      Sobre apresentar filhos a novos companheiros, acho que deve ser MUITO PENSADO. Com muita sensatez. As crianças ganham afectos.

      Os meus sobrinhos mais novos estão sempre a falar do tio Hugo e estamos divorciados desde antes de eles terem dois anos.

      Enquanto pais, decidimos que quando alguém quiser apresentar outra pessoa ao nosso filho, deverá informar o outro, para articular respostas e informações a dar.

      No caso desta pessoa que tive, foram apenas três meses, nem se ponderou te coisa, era uma relação em construção... E entretanto eu não me sentia muito segura, sempre com dúvidas sobre se era isto que ele queria... E tinha razão, porque voltou para a ex companheira com quem não estava há quase dois anos. Tudo bem. Poderia e deveria ter sido sincero comigo, mas tudo bem.

      Ao meu ex marido, desejo a mesma felicidade que desejo para mim. Que encontre alguém que o faça muito feliz.

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    7. S*, disse-me uma vez uma amiga, cujo casamento também acabou e que acabou por dar por si numa nova relação que fracassou pouco tempo depois, que esta nova relação tinha servido para ela perceber que realmente a vida não tinha parado e que ainda era possível ter novas relações, sentir novo interesse, sentir-se desejada… Que esta curta relação te traga pelo menos o mesmo sentimento. :)

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    8. Exactamente. Não correu bem, mas serviu exactamente para isso, para perceber que é possível voltar a gostar.

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    9. Não é mau dar algum tempo entre relações, sobretudo depois de uma relação longa ou casamento…
      Às vezes novas relações surgem, mesmo sem contar com isso, é certo.
      Mas, há pessoas que estão sempre com alguém e nem percebem que quando se derem algum tempo, solteiros e livres, irão conhecer-se melhor… e aí sim, a próxima relação será mais firme, serena ou estável.
      Mas isto sou eu…

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  3. Pensa que essa condição é passageira.
    Às vezes precisamos de passar por sacrifícios, dores ou desilusões para valorizarmos (ainda) mais as coisas boas, as pessoas, a vida.
    Continuação de boa recuperação.

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  4. As melhoras S*. Grande beijinho
    Quanto ao resto, coisas boas acontecem a boas pessoas. E tu és boa pessoa.

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  5. S. Muita força!
    Eu vou sempre seguindo pelo Facebook... Tenho certeza que o melhor ainda está para vir.
    Espero que recuperes rápido da cirurgia... E que esse coração sare todas as feridas o mais rápido possível. O mais importante é sempre o amor próprio. Pensa que se essa pessoa que conheceste no início do ano não ficou na tua vida, era porque não era para ficar... E algo melhor a vida tem para te reservar. Muita força 💗

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  6. As tuas melhoras Sónia e que voltes rápido às tuas acrobacias ☺️ Quanto aos ex, olha acontece... Sendo assim casaste e depois puff... Beijos miúda e cabeça para cima, sempre.

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  7. S* não achas que escrever sobre a personagem que foi desleal contigo é dar mais palco? Ele não merece tal coisa e de certeza que sabe sobre o blog.
    Ignora, silencia e segue em frente.
    São dores de crescimento.
    Força!

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    1. São lições para crescer e para cultivar ainda mais o amor-próprio.
      Assim, dá próxima vez, não criar expectativas e não entrar em namoros rapidamente sem conhecer realmente a pessoa, o modo de agir e o tipo de vida da mesma.
      Sapiência, prudência…

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  8. Força S, a minha filha também fez uma operação de retirada do Timo, que incluía o externo aberto como a tua operação, para ela o pior era mesmo dormir que tinha de ser de barriga para cima durante 2 meses, posição que ela detesta.
    Muitas dores muito sofrimento mas tudo vai aliviando, como tomava uma dose ainda alta de cortisona infelizmente ficou com a cicatriz com queloide, que nada do que fizemos a fez ficar com bom aspecto.
    Mas pronto como o médico disse mais vale ficar com uma cicatriz feia e ficar melhor, do que estarem com tantos cuidados estéticos e a operação não ficar bem feita.
    Vamos lidando.

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    1. Confirmo, Teresa. A minha pele cicatriza muito mal, imensa tendência a queloides... Mas tive de deixar as tiras cicatrizantes este fim-de-semana, para deixar a pele respirar, porque alguns pontos ainda não fecharam totalmente. Então tenho feito 12 horas com tiras, 12 horas 'a arejar'... e prefiro realmente uma cicatriz mais feia, mas fechada e sarada!!

      Beijinhos e obrigada.

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  9. https://www.facebook.com/1445040227/posts/10227384953956628/

    Companhia para os amigos de casa

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    1. Adorava, que não gosto de ter apenas um gato... Mas a Evita tem leucemia felina e, como nos gatos é um vírus, não posso adoptar mais... :(

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    2. Sei que agora nao deves querer pensar nisso, mas infelizmente há muitos gatinhos com felv nas associações, que ninguém adopta precisamente por causa do vírus 😔

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    3. Eu sei... Adoptei um, o Faísca, em Agosto, exactamente para ajudar... nem 3 meses durou cá em casa. O desgosto do meu filho, mais a dor para mim, mais os 500 euros que gastei para o salvar e não salvei... Nem pensar, não me meto noutra... Além de que um gato com esse vírus activo pode 'activar' mais o vírus noutros gatos também infectados. Coincidência ou não, a mina Bella morreu exactamente onze dias depois do Faísca.

      Entendo, mas não. Não com um menino tão pequeno...

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  10. Eu15 dias após um acidente de viação ainda me custa levantar da cama e passo as noites todas a tentar descobrir como dormir de barriga para o ar "só" pelo impacto no externo, imagino como têm sido as tuas semanas numa situação mais delicada.

    Boa recuperação S* !! E tão confortável quanto possível.

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