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O Forte

Nunca me considerei uma pessoa particularmente desconfiada. Nem particularmente resguardada. Por feitio, sou muito transparente, muito aberta em relação a mim mesma. Falo claramente de mim, do bom e do mau e tenho tendência a ser um livro aberto, a contar tudo e mais alguma coisa. Nunca o vi como defeito... No entanto, hoje em dia reconheço que pode ser algo perigoso e que joga contra mim... Mas continuo a sê-lo, porque não sei ser de outra forma e porque acredito que se digo a verdade, se mostro a realidade, não deve provocar-me muito dano. Gosto de acreditar que assim é. Inocente, provavelmente.

Ultimamente sinto que estou muito mais céptica, a construir barreiras que nem sabia que tinha, a desconfiar, a duvidar. Sei que faz parte das aprendizagens da vida, mas acho lamentável ter de ser assim. Significa apenas que a vida já me abriu os olhos... E é triste.

Comentários

  1. Eu não sou um livro tão aberto como tu. Conto muitas coisas, adoro contar histórias do meu passado, não escondo que vou ali ou acolá, mas acho que tenho mais barreiras que tu. Ainda assim, senti um impacto quando cheguei a França e à sua cultura. São muito mais fechados que nós e muito cuidadosos com o que partilham (por serem, diz-se, mais invejosos). Podemos estar com alguém e essa pessoa referir que nesse dia não tem planos e que ficará em casa para no dia seguinte se saber que foi a uma festa de aniversário. Ou se perguntamos onde vão nas férias, respondem sempre que não sabem bem, talvez ali ou ali, quando já têm hotel e voos marcados com antecedência. Com bens materiais então, nem vale a pena. Podem dizer à boca cheia que não estão a pensar trocar de carro mesmo que o que usem é antigo, para meia-hora depois irem buscar à concessionária o carro novo. Demorei a habituar-me a esta maneira de ser. Agora já não faço grandes perguntas e acredito apenas qb no que me dizem, sabendo que não o fazem por mal. São mesmo assim.

    Tété

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    1. Notei muito isso também quando cheguei a França Teté... Há um choque cultural enorme. E o que noto também é que analisam tudo ao pormenor o que uma pessoa diz... Uma pessoa precisa de medir constantemente as palavras do que diz... É cansativo. Sinto falta do meu País e das minhas pessoas.

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    2. Nem todos os franceses funcionam dessa forma, garantidamente.
      Se calhar lidou ou lida com as pessoas erradas.

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    3. Por acaso, nunca senti muito essa análise, Gisela, mas eu também sou bastante cabeça no ar e posso nunca ter reparado.

      Anónimo, obviamente nem todos os franceses serão assim da mesma forma que nem todos os portugueses são simpáticos e calorosos. :) Por exemplo, tenho uma colega de trabalho que até o dinheiro que tem no banco e os problemas de testículos do namorado me conta, pelo que não é de todo um exemplo de francesa que pouco partilha. :) Mas não deixa de haver diferenças entre os países, na forma como são e se comportam. É normal que assim seja. Depois é preciso ver que se em Portugal, que é um país pequeno, há diferenças entre o Norte e o Sul, então imagine-se num país como França. Os franceses da região de Paris não têm o mesmo modo de vida que os franceses do sul de França (que, diz-se, são mais simpáticos e calorosos como os portugueses).

      Tété

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    4. A ler o seu comentário Teté parecia que me estava a descrever a mim. E olhe que sou bem portuguesa. No entanto, sou mesmo assim, não é por mal, mas não me sinto bem a dar demasiada informação.

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    5. Anonima das 17:48, uma coisa é não dar informação, outra coisa é mentir.
      Por ex, a Tete refere que "Podemos estar com alguém e essa pessoa referir que nesse dia não tem planos e que ficará em casa para no dia seguinte se saber que foi a uma festa de aniversário. ". Isto para mim é mentir, se a pessoa nao quer dizer onde vai diz simplesmente que tem planos mas nao explica, agora dizer que fica em casa e depois ir a uma festa não é correcto. Acho eu.
      Eu sou daquelas pessoas que sou um livro aberto, falo à vontade da minha vida, mas há um ou outro assunto mais sensivel que não tenho qualquer problema de dizer "isso é algo pessoal que so a mim diz respeito", em vez de andar a inventar tretas,

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    6. Ora essa Anónimo, nem tem de se sentir mal. :) Não somos todos livros abertos e mesmo eu sei que o sou menos que a Sonia por exemplo. E não é por sermos portugueses que temos de ser todos iguais, ou que os franceses o sejam. Mas há características que sobressaem em cada país. Podemos dizer que os portugueses são de forma geral simpáticos e acolhedores mas isso não impede que haja vários bastante desagradáveis. :) Eu conheço muitos portugueses recatados e que pouco partilham da sua vida, ainda assim acho que em França é diferente. Não é bem recato, talvez seja mais...desconfiança, não sei. Não consigo definir. Não é bem serem ciosos da sua privacidade, é mais serem demasiado desconfiados para a partilharem, ahah. :)

      Tété

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  2. Eu era assim...
    Hoje em dia deixei de ser um livro aberto porque a vida ensinou-se que nem todos entendem o ser “um livro aberto” e aproveitam-se disso.
    Lidei directamente com a maldade... por ingenuidade minha, lidei com cobras disfarçadas de flores.
    Fizeram-me a vida negra com acusações, fofocas e difamações... perdi o trabalho mas ganhei paz e estou de consciência tranquila... e isto não tem preço.
    Aprendi da pior forma, mas aprendi.
    Cuidado em quem confiámos porque as pessoas manipulam muito quando querem.
    Há pessoas puramente invejosas, cobiça, dissimulação, mas a verdade vem sempre à tona.
    Custa-me por um lado ter deixado de ser tão espontânea, mas é melhor assim.
    Mais, o Karma não falha,
    Há pessoas que ainda brincam com os outros e com a própria vida... um dia aprendem.

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    1. Ninguém faz da net um "livro aberto" porque se expõe e depois sujeita-se a críticas que normalmente vêm de forma maldosa, mas muitas vezes são construtivas, precisamente por sermos ingénuas. Que tal começar a dar razão a críticos e pensar? Julgo que não seja inveja, porque o que se inveja é "ricas vidas" o que não me parece o caso. Temos de aprender com erros, crescer com eles e aceitar muitas vezes verdades que são avisos. A Sónia é muito de ser quem vai contra mim é hater.. e muitas vezes não é isso, A idade e maturidade passa por aceitar e respeitar opiniões.. muitas vezes avisos e lições. Não podemos ter um blogue e censurar comentários menos positivos, é uma hipocrisia pensar que todos têm de dizer "amém" a tudo que escreve. Quando num post se queixa de X e noutro vêm contradizer-se. Onde está a coerência? Ser matura como os famosos.. quando se expõem, já sabem à partida que vão ter quem concorde e discorde. Por um lado adora o trabalho e o tele trabalho que permite estar com o filho,, noutro acha uma chatice . A própria Sónia é incoerente. Julgo que ser "livro aberto" não é mau.. agora censurar críticas.... sou sincera não abona em nada ..significa que só gosta quem acha ( muitas vezes hipocritamente) que está correta. Engane-se quem acha que haters têm inveja.. Inveja de quê? Ou pura maldade por quê?? Cada um tem a sua vida e ninguém aqui procura meter-se na vida dela.. apenas opinam.. De resto eu escrevo por mim.. cada vez que critico não é inveja nem maldade é porque realmente é difícil entender a forma de ser e estar da Sónia. Desejo-lhe tudo de bom.

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    2. O post nada tinha a ver com o blogue. Há vida para além da internet...

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    3. Sou a anónima das 17:18h...

      Para o anónimo das 12:00h, creio que você não entendeu o post e os comentários.
      Ninguém falou de exposição na net, mas sim na vida.
      Eu até dei o meu exemplo e nem sequer tenho blog.
      Aconteceu na vida real,
      Tal como a S* disse... há mais vida além da net.

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    4. "há mais vida além da net."
      Pois mas as pessoas da nossa vida real tambem vêm a net. Ou seja, a S* pode estar a expor aqui coisas que depois os colegas, a familia ou o ex-marido vêm ca ler e o impacto é o mesmo do que se ela as estivesse a contar na vida real. quer dizer, eu ja tive um blog mas anonimo, nunca iria escrever nada que pudesse ser relacionado comigo pelas pessoas que me conhecem verdadeiramente.
      Alias, ja tive um problema desses, na altura em que me casei, usei muito o Forum O Nosso Casamento, tinha um perfil anonimo, mas pelos posts que acabei por fazer relativos a fornecedores que indicava o dia do casamento e a quinta, fui identificada por familiares e foi ali uma situação chata :-(

      " Julgo que não seja inveja, porque o que se inveja é "ricas vidas" o que não me parece o caso"
      O que é isso de ricas vidas? É só pelo dinheiro? Eu tenho muito mais dinheiro que a S*, vida desafogada financeiramente e tenho um casamento feliz. No entanto invejo bastante a S* pela familia unida que ela tem, pelos passeios, almoços e jantares em que estão juntos, pela cumplicidade com a irmã, etc, que eu infelizmente não tenho.

      "Por um lado adora o trabalho e o tele trabalho que permite estar com o filho,, noutro acha uma chatice"
      Eu adoro o teletrabalho porque posso-me levantar mais tarde (nao gasto tempo em deslocações), poupo na gasolina, posso estar com o meu marido todo o dia, como mais saudavel porque somos nós a fazer a comida, ando com roupa mais simples de trazer por casa por isso é menos trabalho para lavar e passar, posso parar a meio do dia e ir respirar um pouco ao jardim e voltar a trabalhar mais tarde, gerir os meus horarios, não tenho tanta gente a chatear-me nem a interromper o meu dia.
      Eu detesto o teletrabalho porque sinto falta de me arranjar para ir para o escritorio, do cafezinho com os colegas, de conviver com a minha equipa, as cadeiras que tenho na sala nao sao tao boas como a cadeira do meu gabinete no escritorio e acho que isso se reflecte na minha postura/costas, tenho de arrumar mais a cozinha por causa de todas as refeições, chateia-me a net que às vezes cai e não tenho aqui a informática para me ajudar logo.
      Sou incoerente? ;-) Quase tudo na vida tem uma parte boa e uma parte má, é normal uns dias falarmos mais do bom e noutros queixarmo-nos do mau.

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    5. Anónima das 16:47, que comentário tão assertivo. Obrigada.

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    6. “Eu tenho muito mais dinheiro que a S*”

      Por acaso conhece a bolsa da S*?

      A S* partilha aqui pequenas coisas da vida dela, mas nada lhe diz a si que a S* diga tudo, nem a rapariga é obrigada a tal.
      Dizer que tem mais dinheiro do que a S*, a Maria ou a Carochinha... enfim, não lhe fica bem... até porque não sabe!

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    7. Credo, para algumas pessoas o tema dinheiro é mesmo delicado/complicado!

      A anónima pode ter casa própria (ou até várias propriedades) e que não tenha pedido empréstimo e logo aí tem mais dinheiro que uma pessoa que viva numa casa arrendada. Ou ter um salário várias vezes superior ao valor médio do salário nacional e não ter qualquer encargo (empréstimos, filhos, etc). Ou pode ter herdado uma grande herança.

      Em todo o caso a mensagem que a anónima quis deixar é que mesmo tendo muito dinheiro isso não é tudo na vida e que há coisas que o dinheiro não compra.

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    8. Anonima das 8:42, obrigada pela resposta, é precisamente isso.

      Conforme ja foi aqui referido em outros posts as pessoas ficam muito nervosas/melindradas quando se fala de dinheiro. Eu nao comecei aqui a gabar-me do dinheiro a desproposito, eu falei do dinheiro por causa do primeiro comment que dizia que ninguem ia invejar a S* por não ter uma "rica vida". A propria S* percebeu perfeitamente o comentário e até agradeceu.

      Anonimo das 21:12
      Respondendo à pergunta mais objectivamente: leio o blog da S* há muitos anos mesmo, por isso se há um comentário acerca da casa arrendada, do impacto que há num mes de pagar uma reparação extra dum carro, do usar o que sobrou noutro mes para umas compras de roupa/malas, das vezes que falava em ainda não ter dinheiro para poder pagar o casamento com que sonhava, dá para deduzir um bocado sobre a situação economica. Por outro lado, na minha situação, com casa propria e 2 carros de gama alta, tudo comprado a pronto, e com salario muito superior à media nacional, concluo estar financeiramente acima.

      É pena é que no meio de tudo o anonimo tenha perdido a mensagem mais importante do comentário: dinheiro não é tudo, ajuda mas não traz felicidade. E no fim de contas, o que devemos procurar sempre é aquilo que nos faz felizes.

      Eliminar
    9. Sou eu a anónima que você acha que não entendeu a explicação!

      Tem toda a razão, dinheiro não é tudo na vida.
      Podemos ser muito ricos (dinheiro) e igualmente muito pobres (espírito/carácter).

      Uma vez que o dinheiro não é o mais importante (embora faça falta) não há necessidade de vir escrever com todas as letras: ‘eu dou mais rico do que fulano’.

      É a minha opinião.

      Eliminar
    10. Não sou a anónima que escreveu isso mas até fui reler essa parte do comentário onde a anónima menciona isso e por acaso até antes está escrito:

      " Julgo que não seja inveja, porque o que se inveja é "ricas vidas" o que não me parece o caso"
      O que é isso de ricas vidas? É só pelo dinheiro? (...)

      Ou seja, a anónima até estava a responder a um outro comentário e deu o seu exemplo de que o conceito de 'vida rica' é relativo e muito subjectivo. Mas pronto, uma pessoa fala em € e há malta que já nem sequer vê mais nada! Eu bem digo que basta falar em tostões e é logo um alvoroço!

      Para mim, pior, pior é esta 'superioridade moral' que paira hoje em dia na internet... só tenho pena é que não seja tão visível no dia a dia!

      Mas pronto, também é apenas a minha opinião :)

      Bom fim semana!

      Eliminar
    11. Quem inicialmente falou em dinheiro foi a senhora............

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  3. Honestamente, acho que moderação é preciso em tudo. Expores-te demais não é bom, porque nem toda a gente merece munir-se de informação sobre ti e a tua vida, e há que impor separação entre quem te quer bem e quem quer ver o mundo a arder.

    Eu sempre fui muito fechada, muito reservada. Na minha infância, nunca falava ou contava nada de mim, porque me sentia desprotegida e estupidamente vulnerável. Ao longo dos últimos anos, em adulta, aprendi a ser mais "livro aberto", a expor-me mais e a confiar em mim e na minha capacidade de me proteger, sem me ter de esconder.

    Eu admiro a resiliência de quem não tem medo de dar tudo o que tem e mostrar tudo o que é, que "vai à guerra, dá e leva" e mesmo assim, começa sempre um novo dia a ESCOLHER o que quer ser e não a sucumbir ao " a vida fez-me assim".

    Resumindo: acho que estás num bom caminho, gerir o que dás de ti é claramente reflexo de gostares cada vez mais de ti! :)

    Mira

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    1. Mira, concordo com a moderação. E acredita que eu até gostaria de ser mais moderada... Mas é feitio!

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  4. Já me acharam antipática, quando era apenas timidez. Quem me conhece sabe que tenho este "defeito" desde pequena.
    Com a idade aprendi que é bom partilhar certas coisas e já tive episódios em que percebi que falei demais (impensável há 10 anos atrás).
    Também não tenho paciência para as pessoas que retêm tudo o que disse/fiz (conheço pessoas assim), nem para mal entendidos . Para isso é melhor estar calada.
    Antes antipática! :)
    Moderação é o segredo!
    Beijinhos S*

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