Avançar para o conteúdo principal

Hoje é Dia da Família. E eu tenho uma família do caraças.

Primeiro, a família que eu escolhi. Tenho um marido que me consome a alma e me esgota a paciência, mas que é o meu porto seguro e aquele que gosto de abraçar, mesmo nos dias menos bons. Faz-me rir com piadas sem graça, mas não apanha metade das minhas piadas. Tenho um filho que é "El Diablo" em termos de feitio, mas que não podia ser mais perfeito. E eu nunca disse que queria um miúdo calmo, por isso... É lidar e amar!

Depois, a família que me calhou na rifa. Às vezes, é que só filmado. Existe uma certa tendência para se dizer que "a S* fala muito alto", mas depois vamos a ver e somos todos assim. Quer dizer, o meu sobrinho tem a alcunha de "megafone" e ainda só tem cinco anos. Os sobrinhos também gritam bem, pelo que devem seguir as pisadas do irmão e do primo. A sobrinha tem aquele ar de superioridade que acaba por se ajustar a todas as ladies da família.

Falamos alto, somos barulhentos, discutimos imenso sobre patetices do dia-a-dia. Todas as refeições em família começam e acabam com a bela da discussão sobre política ou futebol. São os temas de eleição dos homens da família, que se enervam, resmungam e daí a cinco minutos já nem se lembram.

Já as mulheres da família - mãe e tia - passam a vida na cozinha. A minha tia a resmungar com o meu tio "se querias pão, dizias, que eu ia buscar", porque o coitado não sabe fazer nada sozinho, na cabeça dela. A minha mãe a inventar defeitos que a comida que fez não tem. "O bolo não está com a textura do costume. O pudim não solidificou que chegue. O arroz precisava estar mais seco". O meu tio aprendeu a viver no esquema e ladra muito, mas nunca morde. É um pachá.

Eu e a minha irmã desconfio que vamos ser as eternas miúdas, apesar de já termos 31 anos. Estou para ver como vamos fazer o bacalhau com as couves do Natal, o peru recheado e as 1001 sobremesas quando as mulheres ficarem mais velhotas. Havemos de conseguir.

O meu irmão parece que vive num mundo à parte. Um alien que aterrou no meio da famelga - sempre calmo, sempre na boa, sempre sem se chatear. Claro que arranjou uma companheira à nossa imagem e semelhança, para não ter saudades.

Comentários

  1. A tua mãe parece a minha avó que também punha defeitos em tudo o que fazia, mesmo que estivesse sempre tudo perfeito como era habitual. :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É! :D Todas as semanas arranja algo para pôr defeito. Se não tem, inventa.

      Eliminar
  2. A minha mãe diz muitas vezes "isto da outra vez ficou muito melhor", mesmo quando está óptimo (que é o normal).
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  3. Também adoro a minha família. Tenho mais de 31 (e menos de 40 Eheh) e também não sou eu a fazer o bacalhau, as couves e blabla no Natal, mas logo se vê se um dia serei eu, não estou preocupada com isso agora.

    ResponderEliminar
  4. Não deixa de ser triste que a S* se refira tão acriticamente e benevolamente ao facto de ter uma tia que não quer que o marido tenha o trabalho de ir buscar o próprio pão e à possibilidade de ~ela e a irmã- terem que preparar os jantares de Natal.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A sua leitura está completamente errada, mas também não me parece que queira ler de outra forma. Uma boa semana.

      Eliminar
    2. Deixando a tua família de parte, concordo com a anónima no sentido de que está ainda muito enraizado o facto de serem as mulheres a terem sempre o trabalho todo enquanto os homens estão sentadinhos e s usufruir das festividades sem levantarem o cuzinho para nada.

      Confesso que me irrita profundamente não só o facto de acontecer, como o facto de perpetuarmos isso como sendo natural e sem qualquer tipo de perspectiva para alterarmos esta misoginia e feudalismo a longo prazo.

      E não tem a ver com a tua família. A minha também é assim e, no geral, todas em Portugal.
      Eu por acaso não consigo compactuar com isso. Quando o meu marido se "esquece" é logo relembrado para ir mexer p rabinho pois eu não nasci para empregada do senhor 😅
      Por outro lado, não consigo fazer o mesmo ao meu pai ou sogro. O meu irmão também já leva por tabela 😅 mas na realidade foram os meus pais que promoveram esta divisão. E o meu pai nem é extremamente machista ou antiquado ( cozinha quase diariamente, ensinou-nos a cozinhar, foi ele que me explicou muitas coisas sobre a puberdade e ciclos férteis, etc). Por outro lado, continua a não fazer praticamente nada nos dias de festa, deixando o trabalho todo para as mulheres. E se a mim me mandava fazer, o meu irmão sempre foi poupadinho s todas essas tarefas.

      Eu tenho 2 filhos, rapazes, e já perdi a conta às vezes que me disseram que eu era uma coitada porque era a escrava lá de casa ( e outras pérolas do género). Também já me fartei de ouvir dizerem a amigas com filhas que têm muita sorte porque têm as filhas para ajudar ou quando vem uma menina depois de um rapaz é uma grande sorte para as apoiar nas tarefas domésticas 🙄 parece que ter um penduricalho no meio das pernas impossibilita a habilidade de ser profeciente nas tarefas mínimas exigidas para se ser um adulto independente.

      Eu costumo responder que sou é a rainha lá de casa 😏😏
      Os meus filhos ajudam nas tarefas todas e espero ensinar-lhes que o trabalho é para ser dividido.
      O meu marido não ajuda. Partilha tarefas. Não sou mãe dele...

      Não só nos podemos divertir muito a preparar as coisas para o natal, por exemplo, como os trabalhos chatos custam muito menos quando são divididos.

      E esta critica de forma geral aplica-se à nossa sociedade.
      Eu farto-me de ouvir que tenho muita sorte por ter um marido como o meu. Não é sorte. Eu não estaria com um machista. Para ser empregada de um homem, não ter alguém para partilhar tudo, mais valia estar sozinha.

      Eliminar
    3. Também não consigo ter outra leitura: "Estou para ver como vamos fazer o bacalhau com as couves do Natal, o peru recheado e as 1001 sobremesas quando as mulheres ficarem mais velhotas".

      Eliminar
    4. Referia-me à parte do "Não deixa de ser triste que a S* se refira tão acriticamente e benevolamente ao facto de ter uma tia que não quer que o marido tenha o trabalho de ir buscar o próprio pão". Obviamente que acho pateta. Obviamente que não concordo nada. obviamente que não perpetuo semelhante situação... MAS os meus tios são de outra geração, daqui a pouco fazem 70 anos e quem sou eu para os criticar? Triste é fazerem-se estes comentários sobre quem não se conhece, quando apenas referi um conjunto de situações que acontece sempreeee na minha casa de família. A minha avó contava sempre as mesmas histórias e ria-se como uma perdida. A minha mãe está sempre a reclamar da comida que faz. A minha tia a querer servir o meu tio (atenção, não é ele que pede, ela é que faz questão... deve ter sido assim educada e quem sou eu para a criticar?).

      Quanto ao resto, está bom de ver que na minha casa as coisas são completamente diferentes. Nem vou estar com conversas sobre isso, porque a casa não é só 'cozinhar' e o meu marido é quem cuida do miúdo em 80% do tempo - sem exagero meu.

      Quanto à parte do "Estou para ver como vamos fazer o bacalhau com as couves do Natal, o peru recheado e as 1001 sobremesas quando as mulheres ficarem mais velhotas"... Peço para voltarem a ler a parte do "o meu irmão parece que vive num mundo à parte". Ele não quer saber dessas coisas. Não liga. Nem sequer se importa. Nós gostamos e fazemos questão de preservar as tradições e como somos as únicas pessoas novas da família (excluindo crianças), claro que teremos de ser nós a lutar pela manutenção das nossas tradições.

      Vamos lá a ver o mundo com uns olhos mais bonitos. Não é preciso ver-se mal em tudo. :)

      Eliminar
    5. S* o meu comentário não foi com o objetivo de te criticar ou à tua família mas uma critica à sociedade no geral.

      Não me choca que aos 70 anos os teus tios sejam misoginistas. Choca-me é ver homens com 30 anos mandaram as mulheres grávidas irem fazer umas sandes e elas levantarem-se imediatamente para servir o senhor ( vi mesmo isto a acontecer há cerca de 2 anos).

      Também me choca pessoas como a minha avó e mãe criticarem tanto o machismo mas depois foi vê-las recriar em casa precisamente o mesmo modelo. Que os homens o perpetuem até é compreensível. Afinal quem é que quereria mudar o facto do seu género ter uma empregada doméstica de borla? 😅 ( Felizmente temos muitos homens que compreendem perfeitamente a importância da igualdade).
      Agora as mães ensinarem aos filhos que isso é a forma correcta de tratar uma mulher e às filhas que se devem submeter a esse tipo de tratamento? Isso é que não entendo...

      Na minha família eu sempre fui vista como radical. Desde sempre disse que não ia ser empregada de homem nenhum e vaticinaram-me uma vida de solidão 🙄 como se o pior cenário possível fosse "ficar para tia". Eu optaria sempre por estar sozinha do que acompanhada por certo tipo de pessoas.

      Eliminar
    6. Há que respeitar os mais velhos, porque foram criados de forma diferente. A minha avó, que faleceu há 6 anos, muitas vezes me dizia "serve lá o rapaz". E quando eu lhe respondia "ele não é maneta" ela ainda me resmungava um carinhoso "malcriada". A minha mãe já não faz nada disso, ora essa. Nem eu fui criada assim. Muito menos sou assim com o meu marido. Somos uma equipa. Eu prefiro certas tarefas, ele prefere outras. Ambos fazemos. Não é por eu dizer "ai sou eu que cozinho" que ele deixa de fazer coisas!! Faz outras coisas que eu dispenso perfeitamente!

      Eliminar
  5. Que lindo!!! Bom demais ter familia assim! Que se estranha e se entende... Quando há amor tudo fica melhor não é!? Por aqui também é assim!

    Um grande abraço!

    ResponderEliminar
  6. Acho que é a tua forma de estar mas fico sempre um pouco incomodada a como te referes ao teu marido, quase como um empecilho e um retardado, coitado do rapaz. A forma como o descreves quase que parece ele é um fardo na tua vida. Sei que pode parecer idiota, mas até fico com pena do rapaz.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ai desculpe, mas que horror. :D É mesmo a minha forma de ser! Não sou propriamente doce e meiga. É o homem da minha vida, nunca um empecilho. Retardado? Quem me dera a mim ser inteligente como ele, saber escrever como ele.

      Eliminar
    2. Pois, de facto não és la muito meiga ou doce quando falas dele. :D
      Mas como já te acompanho aqui há algum tempo sei que é a tua maneira de ser ou até mesmo, se calhar, da forma como escreves. Porque de outra forma que sentido faria estar com uma pessoa assim?
      O que importa é que se dêem bem e que se respeitem um ao outro. :)

      Eliminar
    3. Eu percebo o comentário do Anónimo, às vezes escreves de uma maneira que pode dar a entender uma ideia errada. Por exemplo, na semana passada fizeste um post no facebook sobre o teu marido dizer que não tens fé por não ires a missa que passou uma imagem um bocadinho negativa dele pela forma como o transmitiste. Simplesmente como já te sigo há algum tempo, já sei que é a tua forma de falar...

      Eliminar
  7. E no meio de tantas imperfeições e defeitos, é na nossa família que encontramos conforto quando as coisas corem menos bem .

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Para dormir - solução, procura-se!

É uma pessoa desesperada que vos escreve, esta manhã. Conhecem soluções naturais para dormir bem de noite? Algo que me faça ferrar o galho e só acordar no dia seguinte? Estou farta de noites mal dormidas. Estou farta de ficar até às 5 ou 6 da manhã sem conseguir dormir. Chego ao desespero, com vontade de chorar. De dia, sinto-me cansada, porque o descanso é uma porcaria. Não sou grande adepta de medicamentos mas, se tem de ser, é. Alguém conhece um remédio, uma erva, o que seja?

Coroas caseiras

Este ano a senhora minha mãe entreteve-se a fazer coroas de Natal. :) Para ela, fez uma coroa mais tradicional, com as peças decorativas em plástico, à moda antiga. Para a minha irmã, fez uma rena.  Para mim, fez a coroa mais espectacular de sempre, com flores artificiais, muitas bolas coloridas e pendentes dos corações. Romântica, como eu.  Contagem decrescente para o dia mais especial do ano... Amanhã inaugura-se o calendário de advento com quadradinhos de chocolate!

Um ano a dois

Como o tempo voa, hoje celebro um ano de um relação calma, que me foi conquistando aos poucos e que, hoje em dia, me dá todas as certezas. Quando nos conhecemos, em Abril do ano passado, viramos amigos. Na verdade, tornou-se meu confidente e aturou-me durante semanas e semanas a "chorar-me" por outra pessoa. Já eu percebi que ele gostou de mim no primeiro café que tomamos, mas como é tão ou mais discreto que eu, nada feito. Ficamos assim, entre avanços e recuos, entre conversas diárias e afastamentos semanais. Ao meu lado quando fui operada e nos dias que se seguiram. Eu ainda sem rumo, à procura de algo que não sabia ainda o que era. Foi no dia 6 de setembro de 2021 que a amizade evoluiu para algo mais.  Desde o primeiro dia que não me deixou dúvidas de que queria estar ao meu lado. Acho que foi exactamente isso que (de forma um pouquinho "umbiguista") me fez apaixonar por ele. Sempre percebi que gostava de mim. Sempre me senti acarinhada, querida e desejada.  Dura