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Quando é que a vida se tornou tão difícil?


Tive uma infância verdadeiramente feliz. Fui abençoada com uma família espectacular. Vivemos todos juntos até eu ter quase 12 anos de idade. Vivíamos todos juntos, na casa de família, entre eu, os meus irmãos, os meus pais, os meus tios, a minha avó. Tínhamos (e temos) uma casa grande, um quintal enorme, uma horta, cães e gatos. Foi uma infância verdadeiramente perfeita, sem preocupações. 

Depois mudamos para a cidade. Passei a viver apenas com os pais e os meus irmãos. Sofri horrores com a mudança, mas logo me habituei. Voltei a ter gatos - primeiro um gato, depois dois, depois três. Depois os pais separaram-se. Logo depois fui estudar para o Porto.

Adorei viver na cidade invicta, mas não se pode dizer que a universidade tenha sido a época mais feliz da minha vida. Por coisas cá minhas, não trabalhei muito a integração na minha turma de licenciatura. Estudei, fiz tudo direitinho, terminei o curso e entrei no mestrado. No mestrado conheci os melhores colegas de sempre, o meu núcleo forte de amigos portuenses, que tento visitar com a frequência que a vida me permite. Apesar de os ver quatro ou cinco vezes no ano, a amizade permanece intacta e as saudades são sempre muitas.

Terminado o primeiro ano de mestrado, voltei a casa. Comecei logo a trabalhar na minha área, tive essa sorte. Conheci o amor da minha vida. Percebi que tudo o que parecia entusiasmante e excitante era pouco - tão pouco - comparado com o meu companheiro de todas as horas. 

Passado pouco mais de um ano de namoro, começamos a viver juntos. Iniciamos esta viagem a dois, que tem sido uma felicidade, mas pautada por tantas dificuldades. Por vezes dizemos, em tom de brincadeira (mas sem ter graça alguma), que tudo nos corre mal. É verdade. Não conseguimos ter estabilidade. Não conseguimos tranquilidade. Não podemos fazer muita coisa que nos apetece fazer. Não conseguimos concretizar alguns sonhos.

Por mais que eu faça, por mais que eu me esforce, por mais que eu lute, parece que não saio do sítio. Parecendo que tenho muito - e tenho -, falta-me ainda tanto. 

Precisava mesmo, mas mesmo, de espairecer. De poder viver sem me preocupar. De sonhar e concretizar o sonhado. Precisava de sentir que vivo e que aproveito realmente a vida, em vez de passar a vida a esperar por algo que parece que nunca vai chegar. 

Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. A vida é assim... há tantas coisas que ficam por fazer. Mas temos que ser positivos e olhar para as que conseguimos com muita luta porque, como diz o outro, não há almoços gratuitos.
      E se pensarmos bem, são as dificuldades que nos dão força para continuar. Se tudo nos caísse do céu, acho que a vida era insípida e monótona e ganhávamos raízes, como as plantas.
      Acho que estás a ser pateta. lol

      P.S. apaguei o primeiro comentário porque tinha escrito "ganháva-mos" em vez de ganhávamos.
      Que vergonha. eheheh

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    2. Chiça, que belo elogio. Obrigado! :/

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  2. Hoje acordei um pouco assim... a pensar na vida e em como as coisas eram e nem sempre correm bem ou melhor dizendo, não é não correrem bem, é por vezes ter receios, medos até porque não vemos as coisas andar ou só porque temos medo que não avancem e nos sentimos cansados...

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    1. Eu só espero que a vida me deixe concretizar aquilo que sei que mereço... :)

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  3. A tua geração está a ser muito sacrificada (o meu filho também lhe pertence). Tenho esperança em melhores dias e desejo que possas concretizar os teus sonhos, S*.

    Beijos

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  4. deve ser do dia. Hoje também me lembrei da minha infância e que saudades... estou nostálgica

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  5. Não exijas demasiado de ti... David

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  6. Somos uns eternos insatisfeitos, mas compreendo quando dizes, que pareces que tens muito, mas que ainda te falta tanto...

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  7. Agora junta a tudo isto que sentes, 3 filhos; um emprego a 1 hora de viagem de casa (tu e o marido, mas em direções opostas), obrigando os miudos a desenrascarem-se sozinhos em caso de imprevisto, uma mae com 87 anos com doenças várias e uma família completamente ausente, a não ser quando precisem de ti para lhes resolveres alguma coisa.
    A minha infancia e adolescencia, nem vou falar nelas, apenas que fui praticamente abandonada e negligenciada.
    E olha que tenho mais uns 20 anos do que tu!
    Tento ser feliz, e tenho tudo para o ser (materialmente e núcleo familiar atual) faço de tudo para não me sentir coitadinha, mas o passado regressa com demasiada frequência e o presente está-me a deixar de rastos fisicamente.
    (Peço desculpa pelo desabafo!)

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    1. Anónima das 15h03, acredite que lamento muito. Ninguém gosta de sentir ou pensar que é coitadinha, mas há dias em que dói carregar peso nos ombros. Força!

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  8. Como não se pode ter tudo, o segredo é definir prioridades.

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    1. Anónimo, o post não se refere a bens materiais. Há coisas que não comandamos. ;)

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  9. lá está, temos de aprender a viver com o que se tem e voarmos altos só quando as asas nos permitirem. nada de sonhar muito alto. Eu sou assim. Acho que as pessoas agora querem tudo o que o vizinho tem, não por inveja, mas porque tb querem estar a esse nível, viverem. Eu só agora aos 52, e sem vergonhas, fiz uma viagem de férias de avião de lisboa a amesterdão. Não pode ser antes. E não morri. Foi agora. E gozei o momento. bjo e fica bem. E hão-de conseguir o que querem, sem pressão, dar tempo ao tempo, deixar que ele o seja assim lento mas calmo.

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  10. Olá S. Eu sempre achei, e continuo a achar, que apesar de haver outras pessoas em pior situação que a nossa, podemos queixar-nos da nossa vida (com moderação, claro). No entanto, eu que estou numa situação assim MUITO pior que a tua fico um bocadito furiosa ao ler este teu desabafo. Eu por exemplo, Tenho uma licenciatura de cáca, acabei-a há 3 anos e nunca consegui trabalhar na área. Só consigo trabalhos super precários e a part-time(lojas, promoção de alimentos, etc). Vivo ainda na casa dos meus pais e tenho a mesma idade que tu. Enfim. : (

    Força com a tua vida!

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    1. Anónimo das 17h30, acredita que este post tem pouco a ver com trabalho. Toda a gente tem problemas e decepções e a minha vida não é tão simples e fácil como às vezes parece. ;) Boa sorte!!

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    2. Pensei nisso S*, as pessoas levam tudo para o trabalho e dinheiro.No meu caso grande parte dos meus problemas e maiores desgostos não podem ser resolvidos com dinheiro. E "já" tenho 39... :/

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    3. As pessoas avaliam sempre as batalhas dos outros sem as conhecerem verdadeiramente e acham sempre que as suas são as mais duras (provavelmente faço o mesmo, em algumas situações). Falo por mim, porque sou feliz com o que tenho, mas isso não implica que tenha momentos bem complicados e situações na minha vida que tenho que gerir (nada a ver com trabalho) para que não tenham um impacto demasiado doloroso. Mas como sou a sorridente, a bem disposta, aqueles que não me conhecem verdadeiramente, acham que a minha vida é um conto de fadas. A anónima fala da licenciatura de caca (opção sua, imagino) eu falo-lhe de uma saúde de caca, que tem tido um impacto tremendo na minha vida e infelizmente, não foi escolha minha, nem poderia ter feito nada para o evitar. Não temos é o direito de dizer que estamos numa situação pior ou melhor do que o outro, sobretudo quando aqui, a S* mostra certamente apenas uma pequena parte da sua vida. Boa sorte Anónima e que o futuro lhe traga o emprego que deseja. Para ti S*, um beijo do tamanho do mundo e continua a sorrir :*

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    4. Framboesa, tal e qual. Eu não me referia nada a dinheiro. Claro que o dinheiro me traria conforto e ajudaria a resolver algumas situações. Mas não era de dinheiro que falava. :)

      Bárbara, infelizmente é mesmo isso. Eu sou uma sortuda, no geral, sei que sou. Mas como não falo dos meus problemas, acho que as pessoas deviam abster-se de achar que sabem tudo da minha vida. :)

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  11. Compreendo o que sentes. Mesmo que a nossa vida até seja bem razoável, sonhamos e queremos mais, é humano, é justo e é bom. :)
    Ao contrário de ti, tive uma infância e uma adolescência desagradáveis (não digo horríveis porque tenho consciência que existem infâncias muito piores. A minha vida só foi melhorando mas, mesmo assim, tenho dias em que me sinto como tu. São muito poucos, mas existem. Apesar de me sentir muito feliz, existem dias em que me sinto esgotada física e psicologicamente e sinto que tudo cai em cima de mim. Enfim... é normal.
    É bom é que o desânimo não nos tolde a compreensão e a capacidade de amar as pequenas coisas que podem fazer a nossa felicidade. :) Não me parece o teu caso. Pareces-me muito feliz e bem contigo própria. E tens todo o direito de ter dias mais em baixo, não deixes é que sejam muitos. Um beijinho :)

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    1. Purpurina, eu estou bem comigo, mas gostava de não ter de lutar diariamente...

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  12. Deixo-te um beijinho de muita força, vais ver que esses sonhos se irão concretizar!! Continua a lutar por eles e nada de baixares os braços!

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  13. Por vezes,isso,que acontece na sua relação,acontece na minha. Costumo dizer,em tom de optimismo,que somos pessoas,com um coração enorme,por isso a vida é assim ,connosco. Um sorriso,por vezes ajuda.😊😘

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  14. Querida S,
    Estava outro dia a ler um daqueles baby blogs mirabolantes, ou melhor, perfeitos e que nos fazem sentir as pessoas mais estranhas do mundo, quando encontrei um comentário da tua irmã carregado de realismo. E naquele momento pensei imediatamente em ti, porque sei que tu e a tua irmã são a mesma "raça" de pessoas. E senti orgulho, sabes? Porque pertenço à mesma "raça" e adoro a vossa humildade, sinceridade e simplicidade, tenho a certeza que me sentiria em casa se vos conhecesse.
    Não penses muito nos sonhos que tardam em acontecer. És uma pessoa maravilhosa e coisas muito boas ainda estão para vir.
    Beijinho enorme!!

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    1. Cara anónima, obrigada pela simpatia e pelo apoio. Fez-me sorrir. :)

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    2. qual o baby blog? só uma pistinha.

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    3. Ahahahah :p prefiro não dar pista :p

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  15. Bom dia D. Passei para dar um beijinho enorme de força. Na verdade sou um eterna insatisfeita mas confesso que este ano também não está a der fácil. Nao me falta nadinha, é verdade, mas quando aos 28 começas a perder alguma da capacidade de sonhar não é facil aceitar isso.
    Quanto ao trabalho (e percebi que aqui nao é ponto central) as pessoas quase que nos obrigam a fechar a matraca por termos a sorte de termos um. Mas n é assim. Ok, tenho trabalho, numa loja quando sou licenciada em comunicaçao. Estou la fechada 6 dias por semana a aturar gente snob. So por isso nao tenho que dar pinotes de alegria. Ja tive a sorte de trabalhar na area e, apesar de ganhar quase o mesmo que na loja (afinal estamos em Portugal), fazer uma hora em cada viagem e por minha conta, andei quase sempre com cerca de 3 meses de ordenado em atraso. Para as pessoas, nessa altura, tambem tinha tudo para ser feliz...

    Continua com a tua garra miuda. Porque a nossa geraçao precisa de muita :) e olha, preferia nao haver motivos para ler este teu post, mas com ele fizeste-me perceber que ha pessoas como eu. É que na blogosfera é tudo tããão fixe :x beijinho enorme e se precisares acredita, mas acredita mesmo, que te compreendo. É so mancares um mail :)

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    1. Coquinhas, sobre trabalho e injustiças muito poderia escrever, mas prefiro estar caladinha. :) Obrigada pelo apoio!!

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  16. Acho que esse sentimento faz parte da nossa geração. Sou um pouco mais nova mas penso que nos posso englobar na mesma geração :) Passamos as mesmas dificuldades, os mesmos obstáculos, pelo menos. Sei bem o que isso significa e sem bem o que sentes. Apesar de tudo, temos que nos focar nos aspetos positivos (e eu sei como é dificil!). Pensa que ao menos já tens a tua independencia, um emprego, vives com o homem que amas... Eu nem isso posso ainda fazer. Há que relativizar. Tudo vai acabar por correr bem (para as duas!).

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  17. Espero que as vossas dificuldades desapareçam e encontrem a paz e a tranquilidade que precisam. As pessoas têm a mania que conhecem os blogers por aquilo que aqui lêem, como se isto fosse a vida em directo! Seja como for, com todos os abstaculos que a vida te esta a impor, acho que és uma pessoa positiva e com muita força interior. Quero acreditar que um dia as coisas vão mudar para melhor para os teus lado! Bjos

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    1. Anónimo, verdade. :) Um dia escrevo sobre isso. Sobre o que se desconhece da vida dos bloggers. Não são segredos, são apenas coisas menos boas que ninguém faz gosto em partilhar. :)

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    2. Não faz gosto, não quer, não lhe apetece... as pessoas escrevem sobre o que querem escrever e nada mais do que isso. Agora quem lê é que não tem que achar que só porque contas coisas da tua vida, contas a tua vida toda! Era o que mais faltava. E acho que as pessoas têm todo a razão em escrever sobre as coisas positivas, resguardando as negativas. Penso que ninguém, a não ser que se adore fazer de coitadinha, gostaria de transformar o seu blog num muro das lamentações.

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    3. Bom... a verdade é que ha bloggers que gostam de mostrar a vida delas:as marcas do que vestem, onde fazem férias, o que pagaram no restaurante, quando vão ao medico, escolas dos filhos...
      Tudo o que públicas é mais abstrato. Mas sabes que há quem goste de mostrar a vida cor de rosa

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    4. Eu gosto de partilhar. Gosto de mostrar que existe o lado menos bom da vida - não há motivo para o esconder. No entanto, vou optar por uma fase mais positiva para abrir o livro. Acredito que também seja necessário e interessante falar dos problemas. Toda a gente os tem! Acredito que não sou a única a ter de contar os tostões todos os meses, por exemplo. ahah Mas o post nem era sobre isso!

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  18. Eu acho que a vida não se tornou difícil. Acho que simplesmente crescemos e ganhámos responsabilidades. E que os sonhos cresceram ou que chegou o momento de os concretizarmos e percebemos que não dá. É muito fácil para uma menina de 8 anos dizer "quando for grande quer ser mamã" ou "quero ser médica!", é fácil sonhar, é fácil ter sonhos porque o tempo de os realizar ainda está lá longe. Mas de repente somos adultos e sabemos que ou é agora ou não é, e nem sempre dá, e isso custa.

    Além de que também é fácil ser criança, ter poucas ou nenhumas responsabilidades sérias que se forem quebradas não acabam com a nossa rotina feliz. Agora, tu és responsável pela renda de uma casa, por pagar as contas, pelo seguro do carro, pela revisão e inspecção do carro, pelo pagamento dos impostos, pela alimentação de 2 pessoas, 4 gatas e 1 cão. És responsável por manter uma casa limpa, por trabalhares para receberes um salário, por passear um cão, etc, etc...

    E depois há escolhas que se fazem...Tens uma boa casa, tens o teu companheiro, tens os teus animais, vives no centro da cidade. Talvez um ou outro passo tenha sido dado maior que a perna e, não passando dificuldades, pode não haver dinheiro/tempo/vontade/cabeça/tranquilidade para sentires que vives a vida.

    (opinião de quem, obviamente, não faz ideia do que se passa na tua vida :) )

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    1. Tete, o post tem pouco a ver com dinheiro. Claro que isso também contribui para a instabilidade, mas os meus problemas não são só esses.

      Quanto ao passo maior que a perna, não concordo. Posso não ter a vida que quero a nível financeiro mas vivo junta há quase cinco anos e sempre pagamos as nossas coisas. Sem ajudas. :) Não dá para o que se quer, mas dá para o que se precisa. Não quereria esperar pelo momento ideal para dar esse passo pois arriscar-me-ia a nunca o fazer. ;D Fui educada para o desenrasque. E desenrasco-me! :D

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    2. A expressão do "passo maior que a perna" não se referia apenas a dinheiro (até porque eu não sei o estado da tua conta bancária). :) Imagina, no momento em que decidimos ter um filho, comprámos também uma casa para restaurar. E com todas as mudanças que um bebé traz (nem sempre fáceis) mais com todas as obras e logística da reconstrução da casa, onde parecem surgir sempre problemas, às vezes penso que demos um passo maior que a perna. Porque poderíamos estar a viver mais para o bebé ou mais para a casa nova, se tivessem sido em alturas diferentes. A questão aqui não é o dinheiro, como vês. :) Há escolhas que fazemos na vida que nos tiram a tranquilidade, o tempo, a vontade, a estabilidade, etc, para outras coisas. Ou pelo dificultam, o que nos dá a sensação de ser tudo mais difícil. :)

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    3. Tété, sim, eu sei. Mas acredita que os meus problemas não são desses problemas que dão para controlar. São o que são.

      E já que tanta gente referir questões monetárias... A conjuntura económica do país, as dificuldades laborais, essas coisas também não se controlam. Podemos tentar, mas fogem-nos por entre os dedos. Quando dei o passo de viver junta, por exemplo, estava impecável da vida. Nada de luxos, mas perfeitamente estável. Bem melhor do que agora! :D

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  19. Esse é o grande problema das pessoas que tiveram uma infância fácil e feliz (também eu estou nesse barco): é óptimo, tomara que todas as crianças a pudessem ter, mas ficamos mal preparadas para a vida. Ficamos com a sensação de que a vida é uma coisa cor de rosa (não é) e quando temos que enfrentar os problemas e resolvê-los sozinhas, é duro.
    Conheço muitas pessoas (próximas) na situação contrária: infâncias duríssimas, ficaram com marcas terríveis, mas estão preparadas para enfrentar o bom e o mau sem a expectativa que nós temos. Estão melhor preparadas do que nós.
    Eu também vivo a minha vida, desenrasco-me (não estou a falar de dinheiro), mas tal como dizes ali em cima, estou cansada de lutar. Porque, no fundo, fomos mimadas e protegidas (e ainda bem) e passámos a achar que a vida se resolve meramente por magia e não é verdade e quando temos que a enfrentar custa. Custa muito.
    Fica a dica para quando tiveres filhos: o ideal é o meio termo. Todas nós (não tenhas ilusões) temos a tentação de os proteger dos males do mundo. Mas eles crescem e depois o choque é maior. Como foi connosco. Nada como ver o mundo tal como ele é, logo desde o inicio.

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    1. Este comentário deixou-me pensativa, não só porque tive uma infância difícil e vejo muita verdade nestas palavras e, por outro, porque tenho duas filhas a quem quero dar todo o amor do mundo.
      Posso dizer-lhe que, de facto, considero-me uma pessoa muito desenrascada e que acredita que a vida está sempre melhor do que foi. No entanto, sou bastante insegura e sofro de um sentimento de culpa constante (principalmente em relação aos meus pais). Apesar de saber que não é verdade, ainda sinto que sou a culpada por tudo de mau que lhes acontece (desde pequenina que me têm dito isso). Por isso, em caso de dúvida, é sempre melhor ter uma infância muito feliz e repleta de amor. O amor acredito que exista sempre, a forma de o demonstrar é que não será sempre a mais correta.
      Acredito que devemos educar os filhos com muito amor mas, ao mesmo tempo, não podemos facilitar-lhes a vida ao máximo. Temos que os ensinar da melhor forma que pudermos e sempre com muito amor. Amor nem sempre é sinónimo de facilitar tudo. Provavelmente esta conversa nem terá sentido para o texto original mas... foi um desabafo. Beijinhos

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    2. Anónimo das 13h46, creio que leu mais do que aquilo que eu disse... Eu tive realmente uma infância muito feliz, mas também sempre tive os pés bem assentes na terra. Passei uma infância a ser vigiada no hospital, por ter sido operada com meses de idade. Tive um pai que trabalhou sempre fora. Sou filha de pais divorciados. Não vivi numa redoma, sempre soube quais eram os problemas da vida. Até cresci bem mais rápido do que os meus colegas... no entanto, consigo entender o que diz. Não creio que tenha sido o meu caso, mas compreendo. :)

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    3. Nao concordo que infancias mais ou menos duras influenciam quao preparada uma pessoa está para as dificuldades da vida adulta. Acho que ninguém está verdadeiramente preparado. E a nossa geração em particular levou uma grande rasteira.

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  20. Temos muito e falta tanto, mas acima de tudo temos de pensar que temos muita vida...

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  21. Bom, com algumas alterações no percurso académico e profissional, mas de um modo geral... este texto podia perfeitamente ter sido escrito por mim! Conheço bem essa sensação e parece mesmo que estamos, constantemente, a remar contra a maré. E cansa.

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  22. Já eu tive uma infância horrível e agora, com 24 anos, posso dizer que a vida é espectacular e que nunca estive tão bem... Nem tudo o que é mau dura para sempre, nem tudo o que é bom dura para sempre.

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    1. Anónima das 20.03h o comentário poderia ser meu só que eu tenho 27 anos :)
      Depois de certas coisas passadas e sofridas dá-se muito mais valor às pequenas coisas - pelo menos é a sensação que eu tenho.
      Lembro-me de quando era adolescente cheguei a ser colocada de parte porque estava sempre triste...olhando para trás sei que tive uma depressão na época, apesar da fase mais intensa ter sido antes disso quando não exteriorizava nada e tentei o suicídio multiplas vezes. Mas foi aí que o bullying começou mesmo a sério.

      Em termos financeiros nunca tive problemas enquanto crescia (até pelo contrário) mas o abuso físico e psicológico por parte da minha mãe foi constante e deixou marcas imensas. E as marcas físicas são as que menos magoam.

      Mas acho que tal como foi dito acima: as coisas não duram para sempre. Nem as más.

      Também já passei na fase adulta situações menos boas mas ainda assim, se comparadas com a minha infância e adolescência, foi tudo um mar de rosas até agora. E eu já contei tostões para comer enquanto adulta...

      Ainda assim também tenho dias em que fico frustrada por não conseguir alcançar tudo o que queria. Mas acho que nem a infância miserável me tirou a capacidade de sonhar, aliás eu diria até que foi a minha infindável capacidade de sonhar e o amor imenso pelo meu irmão que me trouxe até à vida adulta (porque foi certamente o que me impediu de me suicidar...o saber que ele ficaria sozinho à mercê dela).

      Ou seja, não sei se o meu contributo é grande coisa. Não venho para aqui dizer que vai tudo correr bem porque é mentira.
      Há coisas que vão correr mal por muito planeadas que sejam.
      Vais "cair" e vais-te levantar e enquanto sacodes a poeira de cada vez que cais e te tornas a levantar, mesmo se todos torcem para que permaneças no chão, tu vences. A cada vitória somas conhecimentos, somas maturidade, aprendes a lidar melhor com as frustrações...seja frustrações pelas pessoas que não podes mudar ou ajudar ou as frustrações dadas pela vida.

      Aprende com os erros não fiques azeda com a vida, sorri-lhe. Se alguém te dizer que não vais ser ou não vais conseguir não te foques na maldade, usa a motivação para provar a todos que estão errados.
      Enquanto há vida há esperança, sabes? Mesmo para todos os que estão no fundo do poço. Se já estão no fundo do poço há que pensar que já não pode piorar mais... o caminho é somente para cima, certo?

      A vida é como é mas nós podemos vê-la de duas formas: o copo meio-cheio ou o copo meio-vazio. A realidade é uma mas a nossa forma de encarar as coisas muda tudo.
      Nos piores dias das nossas vidas há que pensar que 1) estamos vivos, 2) amanhã é outro dia cheio de oportunidades, 3) em todas as pessoas que amamos e que nos amam.

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  23. Por muito que não seja sobre dinheiro, a verdade é que o dinheiro, mesmo não sendo a causa, ajuda a que muita coisa se resolva. Apesar de tudo tens a sorte de viver numa cidade pequena, com o custo de vida bem mais barato e abaixo do da maioria da população portuguesa, com tempo e dimheiro que se poupa em deslocações, etc.
    Tenho de comcordar com algumas das coisas q aqui escreveram: 1o o passo maior que a perna, as vezes metemo-nos em coisas precipitadamente. Tu e o teu namorado juntaram-se contigo ainda bem nova, isso é mt pouco comum hoje em dia. Bem sei q ele é mais velho, mas se tivessem adiado um bocado esse passo podiam ter tido tempo para organizar e planear a vida de outra maneira. So quero com isto dizer que há pros e contras em todas as decisões q tomamos. E teres vivido com a tua família toda junta em miúda, percebe que isso é ainda menos comum e até diria normal. Conheço muita gente que viveu ou vive em meios pequenos e é comum terem os tios como vizinhos do lado e no máximo viverem com a avó ou avô, mas partilharem a casa toda junta, mais que um casal, eu não acho normal e até, pessoalmente, pouco saudável para uma vida a 2. Assim, é normal que tenhas sentido mais quando foste viver so com os teus pais. E mesmo a separação deles, certamente terá deixado uma marca, por muito que achemos que não, ainda por cima porque o teu pai não foi propriamente correto (pelo q me lembro de teres escrito na altura).
    De resto, o facto de muitos dizerem aqui que estão piores, de facto não sabemos a vida das pessoas alem dos blogs, e por muito que saibamos que há gente em piores situações do que nos, considero que o a nossa referencia deve ser sempre quem está melhor, devemos olhar sempre para cima! (e não falo de dinheiro)

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    1. Anónimo das 22h05, o dinheiro ajuda, oh se ajuda!! Não sendo o post sobre dinheiro, acredite que o dinheiro podia ajudar a muitos dos meus sonhos serem reais. :)

      Quanto ao passo maior que a perna, não concordo nada. Não tem nada a ver. Não é a isso que me refiro. Vivemos juntos há quase cinco anos e sempre conseguimos fazer com que resultasse. Desculpe mas não sou daqueles jovens que querem cama, mesa e roupa lavada e que esperam pelas condições perfeitas para partir para um desafio solitário/a dois. Estava bem tramada, nem daqui a dez anos. Prefiro lutar sozinha e viver o meu conto de fadas, embora com limitações.

      Vai-me desculpar, mas essa sua teoria sobre o facto de a minha família ter vivido junta durante anos é claramente falar do que não sabe. Não conheceu a nossa realidade. Acredito que para quem nunca o fez possa soar estranho, daí a dizer que é anormal e possivelmente pouco saudável... é claro exagero da sua parte.

      A separação dos meus pais também não tem relevo para os meus problemas actuais.

      Quanto ao parágrafo final, concordo plenamente. Obviamente que queremos sempre mais e melhor... não podemos olhar para baixo. ;)

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  24. Este tempo faz-nos pensar, mas o mais importante é sermos felizes, ter saúde e comida na mesa!

    beijinhosss

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  25. Olha S. às vezes penso o mesmo de mim mesma. Apesar de saber que vivo muito do que quero, também percebo que há sonhos, muitos deles muito importantes para mim, que vou adiando. Um dia chegamos lá e é mesmo verdade que temos que arranjar forma de, até concretizar alguns sonhos, nos realizarmos de outras maneiras e sermos felizes. No fundo é cliché mas também é verdade que tendo saúde, amor e trabalho já temos muito.

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  26. Já te disse isto antes, pareces mesmo ser boa pessoa e espero que a vida te retribua por isso. E que essa nuvem saia de cima das vossas cabeças o quanto antes.
    Força, S*!

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  27. É um bocado tipo eu... Nada me dá estabilidade para avançarmos... Que treta.

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  28. Sabes S* eu tenho um pouco/muito mais que a tua idade e não estudei, só tenho o 12 ano. A minha infancia foi maia ao menos, mas fui feliz sim. Comecei a trabalhar com 14 anos e era casa trabalho, trabalho, casa. Casei muito cedo, com 21 anos. E também era o mesmo, casa trabalho e vice versa. Sempre a trabalhar até hoje, embora a empresa onde trabalhei por quase 20 anos tenha fechado há 6 e a partir daí só consigo trabalhos precários. Já tive casa, que fui vendido porque me divorciei. Tenho carro, vivo numa casa alugada. Nunca viajei para fora do país. Nunca tive grandes grandes luxos, porque nunca tive estabilidade financeira para isso. Mas hoje penso e sei que até hoje fui e sou feliz. Já gostei muito a vida, já tive momentos em que não olhava muito se passava numa montra e visse umas calças que até não precisava mas comprava. Hoje já não posso fazer tanto isso.
    Mas sou feliz com o que tenho. E sabes acho que termos a nossa família e alguém ao nosso lado que nos ame é o suficiente o resto? Esse pode vir ou não, mas vamos vivendo.
    Beijinhos

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  29. Por muito que tenhamos, falta sempre algo, há sempre algum problema, alguma contrariedade a ensombrar as nossas vidas. Faz parte e há que lutar sempre. Beijinho

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  30. POr vezes só percebemos o muito que temos quando as coisas pioram muito...então o que era apenas razoável torna-se maravilhoso e aquilo que passa a ser mau com o andar do tempo até pode passar a parecer sofrivel fase a novas situações mais graves...Longe de mim no entanto, vir ate aqui acabadinha de regressar à blogosfera com discursos pessimistas...tenho a certeza de que pela frente tem o mundo todo e que breve breve concretizará todos os sonhos. Mas o truque é mesmo aproveitar ao máximo tudo o que temos...e não esquecer nenhum momento por pequeno que seja a que se possa chamar felicidade ...porque é assim que ela verdadeiramente existe e é ela que promove a energia para alcançar os sonhos. Beijinhos e excelente semana
    Maria

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  31. Fazem falta mais textos assim na Blogosfera. Adorei porque me identifiquei :)

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Para dormir - solução, procura-se!

É uma pessoa desesperada que vos escreve, esta manhã. Conhecem soluções naturais para dormir bem de noite? Algo que me faça ferrar o galho e só acordar no dia seguinte? Estou farta de noites mal dormidas. Estou farta de ficar até às 5 ou 6 da manhã sem conseguir dormir. Chego ao desespero, com vontade de chorar. De dia, sinto-me cansada, porque o descanso é uma porcaria. Não sou grande adepta de medicamentos mas, se tem de ser, é. Alguém conhece um remédio, uma erva, o que seja?

Coroas caseiras

Este ano a senhora minha mãe entreteve-se a fazer coroas de Natal. :) Para ela, fez uma coroa mais tradicional, com as peças decorativas em plástico, à moda antiga. Para a minha irmã, fez uma rena.  Para mim, fez a coroa mais espectacular de sempre, com flores artificiais, muitas bolas coloridas e pendentes dos corações. Romântica, como eu.  Contagem decrescente para o dia mais especial do ano... Amanhã inaugura-se o calendário de advento com quadradinhos de chocolate!

Um ano a dois

Como o tempo voa, hoje celebro um ano de um relação calma, que me foi conquistando aos poucos e que, hoje em dia, me dá todas as certezas. Quando nos conhecemos, em Abril do ano passado, viramos amigos. Na verdade, tornou-se meu confidente e aturou-me durante semanas e semanas a "chorar-me" por outra pessoa. Já eu percebi que ele gostou de mim no primeiro café que tomamos, mas como é tão ou mais discreto que eu, nada feito. Ficamos assim, entre avanços e recuos, entre conversas diárias e afastamentos semanais. Ao meu lado quando fui operada e nos dias que se seguiram. Eu ainda sem rumo, à procura de algo que não sabia ainda o que era. Foi no dia 6 de setembro de 2021 que a amizade evoluiu para algo mais.  Desde o primeiro dia que não me deixou dúvidas de que queria estar ao meu lado. Acho que foi exactamente isso que (de forma um pouquinho "umbiguista") me fez apaixonar por ele. Sempre percebi que gostava de mim. Sempre me senti acarinhada, querida e desejada.  Dura