Mas tinha de copiar este. Obrigada Tolan.
"Sobre o caso do cão que matou o miúdo de 18 meses, não subscrevo a petição contra o seu abate, mas de qualquer forma, é só uma petição e isto num país onde há touradas. A minha família já abateu um cão violento. Mordeu muita gente. A mim rasgou-me um dedo e arrancou-me uma unha, eu devia ter oito ou nove anos. A gota de água foi ter-se atirado à cara de uma vizinha idosa, podia tê-la morto. Foi o meu próprio pai que o matou com uma injecção de pentotal e foi um dos dias mais tristes na nossa história familiar. Tudo, na vida, são problemas práticos. Era um perigo constante, para mim, outras crianças, vizinhos. Evidentemente, eu era miúdo e não concordei, nem mesmo quando me arrancou a unha. Em vez de odiar o cão, fiquei foi a odiar a vizinha por ter entrado em casa sem bater à porta quando sabia que tínhamos um cão completamente doido. Fiquei-lhe com um pó durante anos. Um dia ela virou-se para mim e perguntou-me "estás de mal comigo?" e eu respondi-lhe "não" e senti-me bestialmente mal por lhe querer mal e passou-me tudo. A vida é muito confusa.
Não trocava a vida de qualquer dos meus cães pela vida dos tais seres humanos mais asquerosos teóricos de que fala o Daniel (no caso dele serão George Bush? Milton Friedman? Margaret Tatcher?) O Daniel Oliveira trai-se em dois pontos no parágrafo. O primeiro é dizer que gosta imenso do seus animais domésticos. Nenhum dono de cão ou gato se refere a ele genericamente como "um animal doméstico", sem sequer especificar se é cão, gato, cágado ou periquito e dar-lhe um nome. E segundo, não se gosta imenso. Gosta-se imenso de uma mala Chanel ou de uma t-shirt do Che Guevara. Um animal doméstico, ama-se. Ama-se como se fosse um membro da família, um melhor amigo, um companheiro. E o Daniel trai-se ao dizer que não compreendemos a absoluta excepcionalidade da vida humana. Temos católicos nos sítios mais inesperados, ocorre-me dizer, até no Bloco de Esquerda. Pensar que a vida humana é, à partida, mais excepcional que outras formas de vida, parece-me um radicalismo absoluto.
Em qualquer caso, as pessoas da petição não estão, ao contrário do que Daniel Oliveira parece acusá-los, a defender a troca de vida de inocentes pela vida do cão. Estão talvez a remar contra procedimentos automáticos e imediatos que a justiça e a sociedade tem para com os animais em Portugal, um país onde ainda são torturados em rituais bárbaros e onde a lei os considera "coisas", muito por culpa desse antropocentrismo religioso e de insensibilidade. Infelizmente, nem com Darwin fomos lá e se não fosse Copérnico, ainda era o Sol que girava à volta do Daniel Oliveira e o seu carácter absolutamente excepcional."
Não trocava a vida de qualquer dos meus cães pela vida dos tais seres humanos mais asquerosos teóricos de que fala o Daniel (no caso dele serão George Bush? Milton Friedman? Margaret Tatcher?) O Daniel Oliveira trai-se em dois pontos no parágrafo. O primeiro é dizer que gosta imenso do seus animais domésticos. Nenhum dono de cão ou gato se refere a ele genericamente como "um animal doméstico", sem sequer especificar se é cão, gato, cágado ou periquito e dar-lhe um nome. E segundo, não se gosta imenso. Gosta-se imenso de uma mala Chanel ou de uma t-shirt do Che Guevara. Um animal doméstico, ama-se. Ama-se como se fosse um membro da família, um melhor amigo, um companheiro. E o Daniel trai-se ao dizer que não compreendemos a absoluta excepcionalidade da vida humana. Temos católicos nos sítios mais inesperados, ocorre-me dizer, até no Bloco de Esquerda. Pensar que a vida humana é, à partida, mais excepcional que outras formas de vida, parece-me um radicalismo absoluto.
Em qualquer caso, as pessoas da petição não estão, ao contrário do que Daniel Oliveira parece acusá-los, a defender a troca de vida de inocentes pela vida do cão. Estão talvez a remar contra procedimentos automáticos e imediatos que a justiça e a sociedade tem para com os animais em Portugal, um país onde ainda são torturados em rituais bárbaros e onde a lei os considera "coisas", muito por culpa desse antropocentrismo religioso e de insensibilidade. Infelizmente, nem com Darwin fomos lá e se não fosse Copérnico, ainda era o Sol que girava à volta do Daniel Oliveira e o seu carácter absolutamente excepcional."
O texto está muito bem escrito. Mas é de um radicalismo puro. Este sim! Eu digo muito que gosto imenso das minhas filhas e não é por isso que não as amo. É apenas uma forma de dizer ou escrever. Por outro lado, quem escreveu este texto é porque nunca teve de optar entre o bem estar de um animal e o bem estar de um filho ou outro familiar qualquer. Não podemos nunca igualar seres humanos com animais porque são seres absolutamente distintos. Agora os sentimentos que nutrimos por eles é que podem ser iguais ou até mais fortes. Eu gosto muito mais da minha Mimi e da minha Cookie do que de muitos dos humanos que conheço.
ResponderEliminarPor fim, sim, acho uma estupidez que se mate o Zico, porque não traz a criança de volta, e porque uma morte nunca será compensada com outra morte, seja entre humanos, seja entre animais. Concordo quando se diz que a petição é apenas para lutar contra uma série de procedimentos...porque os humanos deixam muito a desejar quando se trata de cumprirem os seus deveres para com os animais.
Palavras sábia e francas.
ResponderEliminarAdorei cada palavra que ela escreveu.
Obrigada pela partilha S*
Beijocas
APLAUSOS! quem escreve assim, não é gago!
ResponderEliminar(Já agora... Daniel quê?!)
Concordo.
ResponderEliminarMania que certos seres humanos têm de se acharem superiores.
É por ideias parvas dessas que estamos como estamos.
Não se gosta dos nossos animais. Amam-se os nossos melhores amigos.
ResponderEliminarEsta gente endoideceu e merecia ser abatida. :(
Extraordinário!!! Fizeste muito bem em teres divulgado, em nos teres dado a conhecer esse excelente texto.
ResponderEliminarDisse tudo. Icrrível!
ResponderEliminarUm texto muito interessante e muito bem escrito. Gostei de ler.
ResponderEliminarBeijinhos grandes.
Caramba! Assino por baixo :)
ResponderEliminarAinda bem que partilhaste o texto, adorei lê-lo. Muitas coisas eu concordo, outras assim assim. Mas a verdade é que o que ele escreveu mostra que o tal daniel oliveira não vale grande coisa.. tenho dito.
ResponderEliminarLindo. Absolutamente
ResponderEliminarbjs*
Amei e partilhei no FB pois melhor não poderia estar!
ResponderEliminarPena que não façam o mesmo com os humanos que n cumprem as regras... Tem comportamento violento?! Abate-se... Isso é q era. Se calhar viviamos num mundo bem melhor!!
ResponderEliminarE sim tb digo que amo os meus animais, e ainda acrescento mais que muita familia, uns 90%