Caríssimos...
Se há coisa que não me agrada minimamente são as chamadas "palavras caras". Melhor dizendo, eu não tenho nada contra as palavras refinadas, mais pomposas e coisa e tal. Mas tenho tudo contra as palavras que são utilizadas para "parecer bem".
Acho que para se escrever bonito não é necessário empregar palavras vindas directamente de um dicionário, daquelas que ninguém percebe. Claro que adornar um texto com uma palavra mais sofisticada pode ter o seu "quê" de interessante, mas tudo o que é demasiado acaba por enjoar.
Quando leio algo gosto de perceber esse algo. Alguns escritores optam por um vocabulário mais rico, mais difícil de entender. Não tem nada de mal. Qualquer pessoa com dois dedos de testa entende que a escrita de Saramago tem tendência a ser mais sofisticada do que a da Margarida Rebelo Pinto.
Não querendo cair em pretensiosismos, julgo saber o motivo. A Margarida é uma escritora mais comercial, muito preocupada com o lucro. Para lucrar e vender tem de ser acessível às massas e, para tal, tem de recorrer a uma linguagem mais "vulgar", chamemos-lhe assim. Já o Saramago, com a idade e experiência que tem, está numa fase em que quer ser visto (legitimamente ou não) como um escritor de elites, um escritor para "os mais cultos". Assim sendo, e para se distanciar do leitor dito normal, precisa de enveredar por caminhos mais controversos e difíceis de perceber.
Mas voltando ao início, entendo que certos escritores utilizem essa técnica de "diferenciação"... Mas não entendo aquelas pessoas que insistem em escrever ou falar de maneira demasiado polida. Meus caros, usar palavras caras não é sinónimo de inteligência. Muitas vezes é, lamento informar, sinónimo de ridículo.
Tenho dito.
Com este teu texto colocas o dedo na ferida de muita gente. Já para não falar que a maioria das pessoas utiliza termos ditos "caros" muitas vezes sem saber o seu significado, e depois caem no ridículo de as utilizarem descontextualizadas...
ResponderEliminarAgora fizeste-me rir. Tens toda a razão. :]
ResponderEliminarou então, e em alternativa, o Saramago sabe do que escreve e a pobre Margarida não (claro que ajuda ter lido e analisado autores como o Padre António Vieira e Bernardim Ribeiro mas, lá está, nem todos fazemos isso... :)
ResponderEliminarNinguem disse que o senhor nao sabe do que escreve... Mas pode tentar valorizar aquilo que sabe... OU não. :)
ResponderEliminarNem preciso de dizer que susbcrevo este teu post umas quantas vezes, não é?
ResponderEliminarSó que também acho que às vezes ser simples não é tão fácil como parece e exige, realmente, que quem escreve tenha um pouco mais do que dois dedos de testa :)
Para que não se passe do 'simples' para o 'básico'...
Bjinhu
Ser simples não tem de ser sinónimo de básico, tu sabes. :) Nós lá no cursinho temos de ser simples, mas nao básicos. Informativos, para usar a palavra correcta.
ResponderEliminarPS: O meu jornal era básico, mesmo. lol
Desculpa, mas tenho que comentar. Não concordo com o que escreveste.Isso está simplesmente ligado com a natureza do escritor e o seu estilo de escrita. Acho que Saramago, quando escreve, não esta minimamente interessado em ir buscar palavras "caras", mas sim a palavra certa.Porque nos (pelo menos eu),ao expressar-nos ideias, sendo essas abstractas, tentamos alcançar a máxima perfeição ou realidade, para realizar o nosso discurso ao interlocutor.E sim, por ventura, até mesmo adornar o texto.Não para "afastar" ninguém, mas sim para se identificar agradar mais.Não digo que não haja para ai autores , que usem termos de maneira artificial , só por usar, até quiçá como maneira de "plagiar" estilos de melhores autores. Mas não confundas a essência de autores com golpes de marketing.E se há coisa que não existe são livros de elite, a leitura e a escrita, devem ser o expoente maximo da democracia, ouso mesmo dizer "(...) of the people, by the people and for the people". Sabes, uma coisinha chamada liberdade??
ResponderEliminarAss. Leitora de Saramago e de Margarida
Anónima, eu nunca disse que o Saramago tinha necessidade de adornar o texto. O Saramago tem conteudo (apesar de eu nao apreciar) e toda a gente sabe disso. Mas, tal como tu o fazes, ele pode querer adornar o texto.
ResponderEliminarOu tu falas da mesma maneira que escreves? Certamente que não. A escrita exige um maior cuidado com as palavras. Há os que tentam ser mais simples a escrever, e os que procuram adornar o texto.
Mas a crítica feita no texto não era, DE TODO, aos escritores. A crítica era às pessoas ditas "vulgares" que tentam parecer aquilo que não são.
Quanto à coisinha chamada liberdade, sim, conheço-a. Por isso posso escrever o que quer que seja no meu blog. :)